Surto
Pacientes com sintomas gripais lotam rede de saúde particular
Para atender à demanda, o hospital reativou consultórios utilizados durante a pandemia de Covid e ampliou a área de recepção
Unidades de saúde da rede particular de Sorocaba, a exemplo do que está ocorrendo na rede pública, também estão apresentando aumento na demanda em função de pessoas com sintomas gripais. Em alguns casos, a espera por atendimento chega a cinco horas.
A Unimed Sorocaba, por exemplo, informou que o Pronto-Atendimento do Hospital Dr. Miguel Soeiro registrou aumento expressivo no número de atendimentos a pacientes adultos e pediátricos nos últimos quinze dias, sendo o quadro gripal a principal queixa.
Para atender à demanda, o hospital reativou consultórios utilizados durante a pandemia de Covid e ampliou a área de recepção. As equipes de médicos exclusivos para o pronto-atendimento foram ampliadas em 50% para atendimento adulto, 30% para atendimento infantil e 100% para atendimento em telemedicina.
O hospital afirma ainda que constatou que cerca de 90% dos casos não apresentam gravidade e que a maioria dos atendimentos presenciais necessitam apenas de orientações e medicamentos para alivio de sintomas. A fim de evitar aglomerações, o hospital orienta aos pacientes com sintomas leves a buscar inicialmente o atendimento pela telemedicina pelo portal na internet antes de se dirigirem ao hospital.
Em outra unidade de saúde, que fica na região da avenida Juscelino Kubitschek, a espera registrada por paciente foi de cinco horas na segunda-feira (3). Uma paciente, que pediu para não ser identificada, conta que chegou à unidade às 15h20 e que só deixou o local após às 22h. De acordo com ela, havia bastante gente com sintomas parecidos com o dela, dor no corpo, febre, coriza e tosse.
Na mesma data, pessoas com os mesmos sintomas faziam fila para atendimento no antigo Samaritano, da rede NotreDame, no Centro de Sorocaba. Entretanto, a instituição não retornou aos nossos questionamentos sobre a demanda relacionada à gripe. O mesmo ocorreu com os questionamentos enviados para o Hospital Evangélico.
Manutenção de cuidados
“O que a gente observava sempre é que no final do ano há um aumento de caso de sintomáticos. Mas agora, nós estamos vendo um boom de casos”, lembra Rosana Maria Paiva dos Anjos, médica infectologista e especialista em saúde pública. Ela ressalta ainda que as pessoas estão viajando mais, complicando a situação. “Viajar no carro juntas ou então com uma pessoa contaminada, contamina a família toda”, diz. “Não é normal, não é o esperado”, diz.
Ela usa o termo “pandemia represada” para falar da situação atual, mas acredita que o fim da pandemia está próximo. “Agora, com quase dois anos de evolução, o que a gente vê é que essa situação vai acabar trazendo essa imunidade de rebanho”, opina.
O infectologista Carlos Alberto Lazar reforça que a situação é anormal. Conforme ele, o índice alcançado neste período é, geralmente, apresentado somente no inverno. “Vem em uma época que não teria essa gripe. É uma situação anormal e você ainda tem a questão da associação da Covid com a Influenza”, comenta. (Marcel Scinocca)