Quatro municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) -- Sorocaba, Araçoiaba da Serra, São Roque e Votorantim -- enfrentam o surto atípico de influenza, em pleno verão, e ampliaram o atendimento nas unidades de saúde para atender pessoas que apresentam sintomas da infecção viral, devido a alta procura por assistência médica.

Dezenas de cidades brasileiras têm apresentado, nas últimas semanas, um aumento significativo no número de pacientes com sintomas de gripe (vírus H1N1 e seu subtipo H3N2). No entanto, o fenômeno é considerado incomum --- quando registrado no mês de dezembro -- e pode estar associado à baixa cobertura vacinal, à flexibilização das medidas restritivas contra a Covid-19 e ao relaxamento da etiqueta respiratória, que inclui o uso de máscaras, higienização das mãos e o distaciamento social.

A Prefeitura de Sorocaba orientou que a população deve se imunizar, anualmente, contra a gripe na Campanha Nacional de Imunização. “A vacina é capaz de promover a imunidade durante o período de maior circulação do vírus, reduzindo o agravamento da doença. Também é importante continuar fazendo a higienização das mãos, não compartilhar itens de uso pessoal, usar máscara, evitar locais fechados e aglomeração”. A Prefeitura informou ao Cruzeiro do Sul que, apesar de a vacina ser o método mais eficaz para se proteger contra a influenza, atualmente, não tem imunizantes no estoque estadual e, consequentemente, não há repasse para os municípios. Assim, por ora, não é possível realizar a aplicação.

Além disso, é preciso ficar atento aos sintomas de febre, dor de cabeça, tosse seca, dor muscular e articular, mal-estar, dor de garganta e coriza. Alguns grupos, como idosos, crianças, gestantes e pessoas com alguma comorbidade precisam redobrar os cuidados para evitar a contaminação, pois elas possuem um risco maior de desenvolver complicações devido ao H1N1 e suas cepas.

No último trimestre de 2019, antes da pandemia ser decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Sorocaba registrou 36 casos confirmados de influenza. Em 2020, com as medidas restritivas e sanitárias para conter o coronavírus, o número caiu para 12. Já em 2021, houve aumento de 33% na incidência casos, chegando a 16, até o momento.

Votorantim também confirmou à reportagem que o número de atendimento de casos de pessoas com síndrome gripal aumentou. Entretanto, não foi possível estimar a quantidade, visto que o diagnóstico laboral para influenza só é realizado nos casos de Síndrome Aguda Grave (SRAG). Em 2019, foram notificados 19 casos de SRAG, três deles foram confirmados laboratorialmente como influenza. Em 2020, foram notificados 949 casos de SRAG, mas nenhum foi confirmado com influenza. A Prefeitura de Votorantim não informou os dados de 2021.

O aumento de pacientes com síndrome gripal também foi notado em Araçoiaba da Serra, mas a Secretaria da Saúde não confirmou casos de influenza. Sobre os números de 2019, 2020 e 2021, a Prefeitura declarou que “há problemas com o site oficial do Ministério da Saúde, onde estão notificados os casos”. Ainda disse não é possível acessar o sistema para realizar o levantamento. Diferente dos demais municípios, todas as unidades de saúde de Araçoiaba estão abastecidas com a vacina contra a influenza.

São Roque é outra cidade da RMS que teve aumento no número de pacientes com sintomas de gripe na rede pública de saúde. Em novembro deste ano, foram registrados 974 casos. Entre os dias 1º e 26 de dezembro, houve aumento de 39,5%, chegando a 1.358 atendimentos. Para atender a alta demanda, uma ala de combate à gripe foi ativada na última terça-feira (28). O novo setor fica em um espaço separado do Pronto Socorro geral e contas com uma equipe de profissionais própria. A Prefeitura de São Roque destaca que, com essa nova estratégia, o atendimento direcionado será “seguro e mais ágil”, além de “evitar a contaminação dos demais pacientes”.

As demais cidades da RMS não responderam ao questionamento do Cruzeiro do Sul até o fechamento desta edição. (Wilma Antunes - programa de estágio)