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Crise hídrica

Moradores de Itu convivem com a falta de água há mais de 5 meses

17 de Dezembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Maria Gasparina de Oliveira armazena água em galões para enfrentar o racionamento.
Maria Gasparina de Oliveira armazena água em galões para enfrentar o racionamento. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (16/12/2021))

Há pouco mais de cinco meses convivendo com o racionamento de água, os moradores de diversos bairros de Itu sofrem com a falta de água por dias e, com baldes e galões, recorrem a uma bica para amenizar a situação. O rodízio no abastecimento foi anunciado no dia 5 de julho de 2021 e será suspenso por cinco dias para as festas de fim de ano, nos dias 24, 25, 26, 31 de dezembro e 1º de janeiro e será retomado em seguida.

Questionada a respeito, a Prefeitura de Itu informa que a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) inaugurou grandes obras que puderam minimizar a questão do abastecimento no município. “Contudo, este ano não apenas Itu, como todo o Estado de São Paulo, vivenciam uma crise hídrica (a pior dos últimos 91 anos) que afetou o abastecimento em diversas cidades”, justificou.

Ontem (16), à tarde, a reportagem do Cruzeiro do Sul acompanhou a rotina de moradores de dois bairros: Residencial Itaim e Jardim dos Ipês. Eles convivem quase diariamente com a falta de água.
Eles contam que os moradores que possuem caixas de água maiores sofrem menos, pois conseguem armazenar água por mais dias, e não ficar totalmente sem quando o fornecimento é suspenso por conta do racionamento.

No bairro Residencial Itaim, Luis Carlos de Oliveira, de 74 anos, possui um pequeno comércio e deixa um galão de cerca de 200 litros no local para armazenar água quando ela chega. “A gente fica de 3 a 4 dias sem água e aí quando volta tem que usar o mínimo possível, encher a caixa de água e armazenar o que for possível”, conta. Ele disse que já enfrentou a situação em outras ocasiões e acredita que a falta de chuva é a causa da falta de água. “Quase não chove então fica complicado e acontece isso aí de faltar água”.

No Jardim dos Ipês, Maria Gasparina de Oliveira , 69 anos, também tem deixado um galão grande na entrada da casa e o enche toda vez que chega água na torneira. “Tenho outro galão um pouco maior no quintal e quando a água volta a gente enche. Só assim para não ficar 3 ou 4 dias sem água. É complicado, junta louça para lavar, tem dia que não consigo lavar roupa, é complicado”, reclama.

A Prefeitura de Itu informa que segue com campanhas para consumo consciente em escolas, imóveis e também divulgando ações em seus canais de comunicação e imprensa. “Além disso, intensificamos a fiscalização contra o desperdício, com aplicação de multa. Hoje o valor da multa é de R$ 489,68”, informou.

Água de bica

Próximo ao Jardim dos Ipês, moradores de vários bairros de Itu vão até uma bica, existente nos fundos de um campo de futebol. O movimento passou a ser intenso desde o início do racionamento. A todo momento pessoas chegam para encher galões de água no local. A Prefeitura de Itu informou que a água da bica é proveniente de um poço, de responsabilidade da CIS. “Fazemos a manutenção do local e o tratamento da água. Ela é potável”.

O morador Gilmar Prudência, do bairro Jardim Aeroporto, conta que tem ido com frequência até a bica para encher galões. “A cada dois dias ficamos sem água. Então, venho aqui na bica e pego água, que dá para beber, lavar louça, já ajuda bastante”, disse.

Outra moradora, praticamente vizinha da bica, Doralice Garcia, afirmou que quase todo dia pega água na bica. Ela disse que por conta da bica não tem sofrido tanto com o racionamento e nem a falta de água. “Aqui no bairro ainda está mais tranquilo. No bairro Sete Quedas a situação é pior e alguns moradores afirmam que chegam a ficar até 15 dias sem água”, comentou.

“O rodízio é essencial para que consigamos proporcionar estes dias de abastecimento no período de festas. Ainda não atingimos o objetivo de reservação de água em nossas bacias, pois enfrentamos o ano mais quente e seco da história. Em 2021, choveu 42% a menos do que a média de volume de precipitações dos últimos 10 anos e estamos muito preocupados com o futuro”, disse o prefeito Guilherme Gazzola. (Ana Cláudia Martins)