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Crise hídrica

Represa de Itupararanga enfrenta a pior seca dos últimos 96 anos

Ontem, o volume útil baixou para 18,96%. Na segunda-feira, era 19,03%. Menor nível foi em 1925

15 de Dezembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Baixo volume de água na represa também prejudica a agricultura e esportes náuticos.
Baixo volume de água na represa também prejudica a agricultura e esportes náuticos. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (14/12/2021))

 

A represa de Itupararanga enfrenta sua pior seca dos últimos 96 anos. Ontem (14), o volume útil do reservatório baixou para 18,96%. Na segunda-feira (13), um dia antes, o índice era de 19,03%. Segundo a Votorantim Energia, responsável pela gestão do manancial, o menor nível ocorreu em 1925, quando atingiu a marca de 809,43 msnm (altitude acima do nível do mar). Ontem, o nível do reservatório atingiu a cota de 817,14 msnm.

O baixo volume de água na represa já prejudica a agricultura e atividades como esportes náuticos. Em alguns locais, a procura pelos esportes náuticos caiu em torno de 50% na comparação com o mesmo período do ano passado. Agricultores na divisa entre Sorocaba e Piedade, que possuem chácaras e sítios próximos a represa também sofrem as consequências da falta de água. Em várias propriedades até os poços artesianos estão secos.

Marcos Faccini Rocha possui um píer e camping às margens do reservatório e parte de sua renda com a propriedade vem da prática dos esportes náuticos oferecidos, como vela, caiaque, entre outros. Ele conta que os visitantes para a prática dos esportes náuticos diminuíram por conta da atual situação da represa. “Moro aqui há 25 anos e nunca vi uma situação como essa. Caiu muito o nível da represa e hoje andamos numa parte da propriedade onde a água chegava a cinco metros de profundidade. Quase não chove e se não tivesse o camping teria que pensar em outro negócio”, afirma.

A proprietária de um pequeno mercado na estrada que liga Sorocaba a Piedade, Maria Flávia Mendes, afirma que mora no local há 9 anos e também nunca viu a represa tão baixa como agora. “Os pequenos produtores aqui em Piedade estão falando que os poços artesianos também secaram. A seca está afetando todo mundo por aqui”, aponta.

Por deliberação do Grupo de Trabalho do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), a Votorantim Energia promoveu ontem a sétima redução da vazão defluente da Usina de Itupararanga de para 2,25 metros cúbicos por segundo para 2 metros cúbicos por segundo.

Sem racionamento

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) informa que tem conseguido captar o volume de água necessário para o abastecimento em Sorocaba e monitora diariamente o nível dos mananciais e que até o momento não há uma definição sobre o início de um racionamento na cidade. “O Saae Sorocaba tem adotado, ainda, uma série de medidas operacionais para auxiliar nas providências técnicas necessárias adotadas quanto à vazão de Itupararanga e assegurar o pleno abastecimento a todos.

Para André Cordeiro Alves dos Santos, vice-presidente do CBH-SMT e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos, os prefeitos das cidades que fazem captação de água de Itupararanga devem tomar medidas mais efetivas e restritivas em relação ao consumo de água. Foi solicitado aos municípios dependentes do manancial a adoção de medidas de restrição dos consumos não essenciais, como lavar ruas, calçadas, automóveis, repor água em piscinas, usar água tratada para irrigar jardins e áreas verdes, entre outros. “Mas, até agora, tirando Mairinque, que aprovou uma lei neste sentido, não obtivemos respostas dos demais municípios”, disse. (Ana Cláudia Martins)