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Carnaval 2022

Escolas de samba devem se unir para desfilar

Sem verbas públicas, Carnaval 2022 em Sorocaba será parcial. Atividade está sendo programada para o Parque das Águas

23 de Novembro de 2021 às 00:01
Vinicius Camargo [email protected]
Escolas filiadas à Acusa pretendem sair juntas, se não houver piora no cenário pandêmico.
Escolas filiadas à Acusa pretendem sair juntas, se não houver piora no cenário pandêmico. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (6/3/2019))

O Carnaval de Sorocaba será realizado parcialmente em 2022. Algumas escolas de samba vão desfilar, enquanto outras voltarão para a avenida só em 2023. Entre os blocos de rua, a situação é parecida. Alguns já confirmaram participação, outros ainda não definiram ou realmente não ocorrerão. Após o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) ter anunciado que não liberará verba pública para o Carnaval, a saída para as organizações dos eventos será encontrar outras formas de viabilizá-los. A captação de recursos junto à iniciativa privada, promoção de festas antes da folia e venda de itens serão os meios utilizados.

A maioria das escolas de samba não se apresentará no próximo ano, especialmente, as filiadas à União Sorocabana de Escolas de Samba (Uses). Das oito vinculadas à entidade, somente a Estrela da Vila e Planeta Negro vão estar no Carnaval de 2022. Segundo o presidente da Uses, Eduardo Ribeiro Leite, a decisão foi tomada por conta da pandemia de Covid-19. “Nós não sabíamos como que iria estar a vacinação e como a cidade estaria em termos de pandemia (em fevereiro de 2022). E, também, entendo que muitos da população perderam os seus entes queridos”, disse.

Conforme Leite, durante o ano de 2022, a Uses vai realizar eventos para angariar dinheiro para o Carnaval de 2023. Depois, a verba será dividida entre as escolas. Ele ainda afirma que a associação já não pretendia usar recursos públicos para a folia. Tanto que, neste ano, em reuniões com o prefeito Manga e os secretários de Cultura e Administração, Luiz Antonio Zamuner e Fausto Bossolo, respectivamente, os membros da entidade comunicaram essa intenção. Ainda segundo Leite, a Uses pleiteou junto ao Executivo, por meio de ofício, apoio apenas para a estrutura e espaços para os eventos do ano que vem.

Desfile único

Marcelo Mello, vice presidente da Associação Cultural do Samba de Sorocaba. - EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS (15/2/2018)
Marcelo Mello, vice presidente da Associação Cultural do Samba de Sorocaba. (crédito: EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS (15/2/2018))

A folia também contará com as escolas Gaviões da Fiel e Mocidade Independente, ambas filiadas à Associação Cultural do Samba de Sorocaba (Acusa). Também ligadas a esta entidade, Estrela da Vila e Planeta Negro vão desfilar por ela, e não pela Uses. Conforme o vice-presidente da Acusa, Marcelo Mello, a atração será organizada de forma independente.

As quatro escolas vão desfilar juntas, com um único enredo, no dia 28 de fevereiro, em um trecho da avenida Dom Aguirre. A programação da Acusa começará nos dias 22 e 23 de fevereiro, com a festa de lançamento do Carnaval. Depois, em 25 de março, haverá a eleição da corte da folia. Já no dia 26 do mesmo mês, acontecera o Carnasaúde, com o tema Vida Saudável, Carnaval Saudável. A iniciativa disponibilizará diversos serviços de saúde à população. A última atração será o Carnacão, com a temática Os Pets também se divertem.

Para todos esses eventos, a serem realizados no Parque das Águas, o custo estimado é de R$ 45 mil. De acordo com Mello, a total já foi arrecadado junto à iniciativa privada. Mello destaca, ainda, que, se houver piora no cenário pandêmico, tudo pode ser cancelado. “O que planejamos para 2022, primeiro, é pautado no Carnaval e nos eventos seguindo todas as determinações da Organização Mundial da Saúde, assim como do governo do Estado de São Paulo, para que a festa possa acontecer com responsabilidade e tranquilidade”, fala. “Porém, se, em dezembro e janeiro, essa nova onda (de Covid-19) que se encontra na Europa chegar ao Brasil, nós seremos os primeiros a anunciar que o Carnaval não vai acontecer”, completa.

Bloco da Lapa confirma que reunirá seus foliões

Sorocaba tem cinco blocos: da Lapa, Depois, Quilombinho, Krucatá (foto) e Caranguejo. - DIVULGAÇÃO
Sorocaba tem cinco blocos: da Lapa, Depois, Quilombinho, Krucatá (foto) e Caranguejo. (crédito: DIVULGAÇÃO)

Os blocos de rua não dependiam de verbas municipais. Por isso, não devem ser afetados pela medida. Dos cinco existentes atualmente, apenas o Bloco da Lapa, organizado pelo Bar da Lapa, confirmou que sairá no próximo ano. O Depois a Gente Se Vira, promovido pela associação cultural homônima, informou ainda não ter programação. Já o Quilombinho, realizado pela Associação Cultural Quilombinho, não acontecerá. O Krucatá e o Caranguejo não retornaram às tentativas de contato.

De acordo com Leonnardo Ribeiro, idealizador do bloco Bar da Lapa, já está praticamente tudo resolvido para a sua terceira edição. Ele aguarda somente uma resposta da Prefeitura para confirmar o local do evento. “Quando a Prefeitura nos der essa informação, saberemos se vamos dar andamento em via pública ou em um local privado”, comenta.

Desde a primeira edição, a atração é feita de forma independente. O dinheiro para sua viabilização é obtido por meio de patrocinadores, eventos e venda de abadás. Já se o evento for privado, será custeado com o próprio dinheiro da cobrança de entrada.

O presidente da Associação Cultural Bloco Depois a Gente se Vira, Paulo Henrique Soranz, informa que não depende de verba dos cofres públicos há anos. “O que a gente espera do Prefeitura é o apoio do serviço público. Ou seja, que tenha a retaguarda no trânsito, minimamente, alguma estrutura que, normalmente, a Secretaria da Cultura nos oferece — banheiros químicos, por exemplo. Mas nós sempre contratamos segurança e ambulância próprios. E as despesas com músicos e som sempre fomos nós que assumimos”, contou. Os recursos vêm de eventos, venda de camisetas e apoiadores.

Em 30 anos de existência, o bloco só não saiu neste ano, e a sua realização em 2022 ainda é incerta. “Nesse momento, nós ainda não conversamos (sobre) se vamos ter condições de retomar no ano que vem, ou, ainda, em respeito ao isolamento e às questões envolvendo a pandemia, se vai ser o momento ou não de voltar”, comenta Soranz. “Veremos se teremos condições sanitárias para isso. Primeiro, vamos nos preocupar com a questão sanitária, e a questão financeira fica para depois”, acrescenta. (Vinicius Camargo)

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