Buscar no Cruzeiro

Buscar

Crise hídrica

Represa terá vazão reduzida pela 4ª vez

17 de Novembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Ontem, o volume útil do reservatório era de 20,92%.
Ontem, o volume útil do reservatório era de 20,92%. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (4/11/2021))

Após dois adiamentos e nova reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), a Votorantim Energia deverá fazer a quarta redução da vazão de água da represa de Itupararanga, dos atuais 3 mil litros por segundo para 2.750 litros por segundo, amanhã (18). Ontem (16), o volume útil do reservatório era de 20,92% de sua capacidade, já atingindo o nível mínimo do reservatório que é de 817,5 m.s.n.m e ontem estava em 817,45.

A decisão foi definida na reunião, que ocorreu pela manhã, entre os integrantes do Comitê, representantes da empresa e também do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema). A medida visa preservar a quantidade de água que ainda resta no reservatório, que, por conta da estiagem prolongada, continua baixando.

Conforme o Comitê, será a quarta redução da vazão de água da represa de Itupararanga para o Rio Sorocaba por conta da crise hídrica que afeta o principal manancial da região de Sorocaba, que é responsável pelo abastecimento de água de 85% da cidade, além de outros municípios da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).

A medida começou a ser colocada em prática pela Votorantim Energia, em agosto de 2021, para tentar conter a diminuição de água do reservatório de Itupararanga. A empresa faz a gestão da represa e, na ocasião, informou que o volume útil do reservatório já estava em menos de 30% de sua capacidade.

Após já ter feito pelo menos três reduções na vazão de água por deliberação do Comitê e dos demais membros que participam das reuniões sobre a crise hídrica, o volume útil da represa continua em queda e já está praticamente na sua capacidade mínima, o chamado volume morto.

O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica de Sorocaba e Médio Tietê e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos, André Cordeiro Alves dos Santos, alerta para o fato da falta de chuvas na região e pede que os prefeitos municipais, sobretudo das cidades diretamente afetadas pela crise hídrica, tomem medidas mais enfáticas para reduzir o consumo de água. “Em novembro, por exemplo, o volume de chuva está apenas em 20% da média histórica para o período até o momento, o que é bastante preocupante. Por isso, a redução na vazão é para tentar manter a água no reservatório, mas sem chuva a situação piora”, destaca.

A Votorantim Energia informa que desde agosto de 2021, todas as medidas adotadas pela empresa foram deliberadas de forma colegiada no Comitê de Bacia Hidrográfica de Sorocaba e Médio Tietê. “Na reunião do último de ontem foi deliberada a redução da vazão defluente da Usina de Itupararanga de 3,00 m³/s para 2,75 m³/s a partir das 7h do dia 18 de novembro e será implementada pela Votorantim Energia”, ressalta a empresa.

Audiência pública

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), deverá realizar uma audiência pública, ainda neste mês, para tratar da crise hídrica e a situação da represa de Itupararanga.

A audiência foi proposta pelo promotor do Gaema, Antonio Domingues Farto Neto, e aprovada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê. O evento será realizado em Sorocaba e tem o objetivo de debater a questão com os municípios que captam água do reservatório. A data, horário e local do evento serão definidos em breve. O Gaema e a Polícia Ambiental já fizeram uma operação para fiscalizar a situação da represa de Itupararanga no início de setembro. (Ana Cláudia Martins)