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Crise hídrica

Nova redução na vazão de água da represa de Itupararanga é adiada

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, o volume da represa é de 22,24%

04 de Novembro de 2021 às 16:51
Ana Claudia Martins [email protected]
Atualmente, a represa de Itupararanga opera praticamente com o volume morto
Atualmente, a represa de Itupararanga opera praticamente com o volume morto (Crédito: Fábio Rogério)

Atualização da matéria às 19h18 desta quinta (4)

A redução na vazão da represa de Itupararanga, que estava prevista para ocorrer a partir desta quinta-feira (4), por conta da crise hídrica que atinge a região de Sorocaba, foi suspensa até a próxima segunda-feira (8).

Seria a quarta redução desde agosto de 2021, quando a medida passou a ser adotada pela Votorantim Energia, empresa que faz a gestão do reservatório, a pedido do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, para conter o esvaziamento da represa, que nesta quinta está com 22,24% de sua capacidade, ou seja, bem próximo de atingir o limite mínimo.

A decisão foi tomada durante reunião que ocorreu na manhã desta quinta entre representantes e integrantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê e confirmada pelo seu vice-presidente, biólogo e professor, André Cordeiro Alves do Santos.

Segundo ele, a quarta redução da vazão da água da represa de Itupararanga para o Rio Sorocaba, que seria dos atuais 3 mil litros por segundo para 2.750 litros por segundo, foi suspensa, até o próximo dia 8, a pedido do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba, porque a nova redução poderia afetar a captação de água da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Vitória Régia, que também retira água do rio Sorocaba para o abastecimento local.

Conforme o vice-presidente do Comitê, o Saae Sorocaba comprometeu-se a encontrar uma solução ou alternativa até o encerramento do prazo, para que a quarta redução da vazão da represa de Itupararanga seja colocada em prática pela Votorantim Energia.

“A chuva dos últimos dias somente ajudou a manter o atual nível do reservatório, ou seja, a água que entra é a mesma que sai. Por isso, com a redução da vazão, a gente pretende preservar um pouco mais a água que ainda temos no reservatório. Como estamos entrando no período de chuva, a redução na vazão iria ajudar a conservar por mais tempo a água do reservatório”, destaca Alves do Santos.

A redução na vazão de água da represa de Itupararanga para o rio Sorocaba também traz preocupação com o principal manancial da cidade. “Por isso que estamos fazendo a redução da vazão do reservatório de forma lenta e escalonada para evitar maiores prejuízos para o rio Sorocaba, como cheiro ruim e até a possibilidade da morte de peixes, por conta da diminuição da água. Então, estamos semanalmente também acompanhando a questão do rio junto com a Cetesb”, informa o vice-presidente do Comitê.

O Saae informa que o sistema Castelinho/Ferraz opera, nesta quinta-feira (4), com 75% da capacidade total e o sistema Ipaneminha, com 90%. O acumulado de chuvas nos últimos três dias em Sorocaba é de 3 milímetros, sem previsão de precipitações para os próximos dias.

A Prefeitura de Sorocaba sediou, no dia 22 de outubro, nova reunião com os municípios da região para discutir a situação hídrica, ocasião em que ficou definida a manutenção do estado de alerta quanto à situação dos reservatórios de abastecimento, sobretudo da represa de Itupararanga, e pela realização de uma campanha regional conjunta, para alertar as respectivas populações sobre a necessidade de economizar água e não desperdiçar.

Mais detalhes estão disponíveis no site da Prefeitura de Sorocaba. A data da próxima reunião está sendo definida. O Saae constatou uma redução de consumo de água na cidade desde a intensificação de sua campanha de conscientização, iniciada em agosto, na ordem de 5% em relação ao mesmo período do ano passado (agosto a outubro).

A represa é responsável pelo abastecimento de água de 85% de Sorocaba, além de outros municípios da região.

Desse modo, a atual situação do reservatório, além da falta de chuvas volumosas na região, preocupam o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, o Ministério Público e os prefeitos das cidades que captam água do local.

Além disso, as previsões indicam chuvas abaixo da média histórica até o fim de 2021 e início de 2020, que é justamente o período chuvoso, sendo mais um fator de preocupação com a crise hídrica que atinge a região.

Conforme os meteorologistas, para amenizar a atual situação da represa de Itupararanga, seriam necessários vários meses seguidos com chuvas volumosas na região de Sorocaba. Porém, até o momento, não é o que as previsões indicam.

“Ainda estamos tendo volumes de chuva muito pequenos. É preciso chover bem nesse período mais chuvoso, que vai até abril de 2022, para não enfrentarmos o problema da crise hídrica também no ano que vem”, ressalta Alves do Santos.

O vice-presidente o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê lembra ainda que as pessoas precisam consumir água de forma mais consciente e evitar desperdícios como lavar carros e calçadas. “O poder público também pode fazer sua parte tomando medidas mais restritivas, sobretudo no caso onde o consumo de água não é obrigatório em caso de crise hídrica, como o consumo industrial, irrigação, entre outros”, afirma. (Da Redação)