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Crise hídrica

Cidade depende ainda mais das águas de Itupararanga

Promotor defende a necessidade de racionamento

27 de Outubro de 2021 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]
Represa de Itupararanga.
Represa de Itupararanga. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (13/8/2021))

A captação de água direta de Itupararanga, para abastecer o sorocabano, via estação do Cerrado, caiu. Junto a represa Ipaneminha, já foi de 85% do total captado na cidade. Hoje, esse percentual diminuiu, mas a dependência da represa, que tem barragem em Votorantim, aumentou, já que desde meados de 2021, Sorocaba capta direto do rio Sorocaba.

Ontem (26), o Saae de Sorocaba informou que a Estação de Tratamento de Água (ETA) Cerrado responde por 80% do abastecimento da cidade. Entretanto, 72% do volume são captados de Itupararanga e 8% do reservatório Ipaneminha. A nova situação do panorama da distribuição de água de Sorocaba fica por conta da ETA Vitória Régia. Lá, são captados 15% do que é consumido na cidade. Essa captação é direta do rio Sorocaba, que por sua vez, também tem seu volume proveniente de Itupararanga. Ou seja, hoje, cerca de 87% do consumo de água de Sorocaba, sem levar em consideração afluentes do rio Sorocaba após a represa, é de Itupararanga.

Conforme informou o Cruzeiro do Sul ontem, com as chuvas do final de semana, a situação da represa com relação ao seu volume ainda é preocupante. Houve recuperação de apenas 0,25% do nível, de 21,56% para 21,81%. Com a situação, o promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), Antonio Domingues Farto Neto, defende a necessidade de racionamento na distribuição de água.

“Na minha ótica, poderíamos começar o racionamento, nem que fosse um dia por semana”, opina o promotor. “É um exercício de cidadania. Não que isso seja fácil de fazer”, acrescenta. Questionado se o momento de realizar o procedimento em Sorocaba seria agora, Farto Neto fala na necessidade de estipular um momento e ainda citou a questão da consciência social. “Eu não diria já, mas o quanto antes. Mas essa decisão é mais política do que técnica”, lembra. Conforme ele, em um eventual agravamento da crise, Sorocaba e Votorantim seriam as últimas a sofrer com a situação de forma severa. O Saae Sorocaba não informou se pretende adotar alguma nova estratégia no abastecimento da cidade.

Consumo x estoque

O promotor Farto Neto também analisou a questão do consumo x disponibilidade da água em Sorocaba. Segundo ele, choveu menos que o esperado, o que gerou diminuição nos reservatórios. Por outro lado, com a pandemia, houve migração de pessoas para o interior, fazendo o consumo aumentar e ainda há a questão do consumo per capita de água no Estado, que é maior que a média nacional.

O promotor defendeu maior controle nas outorgas para a retirada de água dos rios e represas, em especial, de Itupararanga. “É preciso combater o uso clandestino água”, diz. Outro ponto, ainda segundo ele, é a necessidade de fiscalizar quem está degradando os mananciais, incluindo Itupararanga. Ele cita a necessidade de um estudo completo para definir investimentos a longo prazo para a questão hídrica da represa.

Outras fontes

A ETA Éden é responsável por 4% do volume, captados do sistema Ferraz/Castelinho e os poços artesianos representam 1% do total do abastecimento da cidade. O Saae lembrou que a principal estratégia adotada pela autarquia foi a recuperação da qualidade das águas do rio Sorocaba e o retorno do seu ecossistema, que, hoje, são uma realidade, graças ao programa de despoluição executado pela Prefeitura de Sorocaba, por meio Saae/Sorocaba, nos últimos 20 anos. (Marcel Scinocca)