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Economia

Novos preços da energia elétrica e combustíveis impactam setores

23 de Outubro de 2021 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
Consumidores precisaram adotar novos hábitos para economizar e evitar rombo orçamentário.
Consumidores precisaram adotar novos hábitos para economizar e evitar rombo orçamentário. (Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Os aumentos sucessivos na tarifa de eletricidade e no preço dos combustíveis têm impactado no orçamento doméstico e também no de comércios e indústrias. O novo reajuste tarifário da CPFL Piratininga passa a valer hoje (23), com efeito médio de 12,4% nas contas de energia. O preço dos combustíveis também apresentaram altas consecutivas nos últimos meses. Em Sorocaba, até hoje, a gasolina está custando em média R$ 5,95 e o álcool R$ 4,61, de acordo com o levantamento realizado em 26 postos de combustíveis pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Os preços dos combustíveis vêm subindo, principalmente, pelo aumento do preço do petróleo e da taxa de câmbio”, explica o economista Renato Vaz Garcia, coordenador do curso de Economia da Universidade de Sorocaba (Uniso). “Os preços do petróleo vêm subindo muito desde agosto, quando o barril custava cerca de 60 dólares e agora está em 84 dólares. Um aumento de 40%”, destaca ao dizer que as turbulências internas também contribuem para uma taxa de câmbio mais alta, o que encarece o preço do petróleo e dos seus derivados. Já o aumento na conta de energia se deve basicamente pela crise hídrica e pela adoção da bandeira vermelha na cobrança, explica o professor. “Com falta de chuvas, acionamos as termelétricas, que são mais caras”.

E todas essas altas vão prejudicar os orçamentos das famílias nos próximos meses. Isso porque, segundo o economista, tudo o que consumimos depende de petróleo, de câmbio e de energia elétrica de alguma forma. “Seja no transporte de produtos, na importação de matéria-prima, no custo da energia para a indústria e para as residências, entre outros. Isso impacta de forma importante na taxa de inflação, o que reduz o poder de compra do consumidor. Isso tudo, aliado aos problemas fiscais e políticos que temos, torna os próximos meses bastante desafiadores. Lembrando que nesse cenário as taxas de juros tendem a subir ainda mais”, alerta.

A somatória de altas tem afetado o setor produtivo, principalmente as indústrias, que além da matéria-prima precisam de petróleo, combustível e energia para funcionar. É o que aponta o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllus ao dizer que o setor tem enfrentado momentos de instabilidade nos últimos meses. “Com esses aumentos, tudo fica mais caro e menos competitivo. As altas encarecem a produção, a logística, o transporte e o preço da matéria-prima. É difícil repassar esse custo para os consumidores”, afirma ao dizer que todo mês está ocorrendo aumento nos preços.

Apertando as contas

Em momentos como este, o economista diz ser preciso ter responsabilidade em relação aos gastos. E isso inclui evitar se endividar em um cenário com taxas de juros mais altas e manter um controle dos gastos que a família faz. “A economia está reabrindo, mas ainda temos muita incerteza e muitos problemas estruturais e políticos que tem dificultado a atividade das empresas e dos consumidores”, realça Vaz.

E mais do que segurar as contas, os consumidores precisaram adotar novos hábitos para economizar. É o que fez o casal Sabrina Bueno Corrêa Rossi, de 27 anos, e Vitor Hugo Rossi, de 28 anos. Em busca de reduzir o consumo de energia, os dois diminuíram o tempo no banho, passaram a usar menos eletrodomésticos e começaram a deixar as luzes da casa apagadas para dormir. “Desde sempre a gente economiza energia em casa. Mas com esses novos costumes a conta de energia, que ainda está alta por conta da bandeira, baixou cerca de R$ 15”, destaca Sabrina, que é engenheira ambiental. Já pensando na economia, os dois também retiram da tomada todos os eletrodomésticos que não estão em uso.

Para evitar gastos com combustível, Vitor, que é corretor de seguros, usa a bicicleta como meio de transporte. “Não é de agora que utilizo a bike como um meio de reduzir os custos com transporte. No início do casamento, minha esposa utilizava o veículo que tínhamos para trabalhar em outra cidade. E, como não queríamos comprar outro veículo, a solução foi a magrela”, conta ao dizer que passou a utilizar a bicicleta para se locomover há quase três anos. Com a alternativa, os ganhos foram múltiplos. “Economizamos ao não adquirir um novo veículo e em todos os custos que existem junto com ele. É um valor bem expressivo se colocar tudo na ponta do lápis”, aponta. (Jéssica Nascimento)