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Sorocaba

Vazão de Itupararanga é reduzida novamente

Objetivo é aumentar nível da represa que ontem estava em 21,61% de sua capacidade e segue orientação de Comitê

23 de Outubro de 2021 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]
Vazão para o rio Sorocaba passou de 3,25 metros cúbicos por segundo para 3 metros cúbicos por segundo.
Vazão para o rio Sorocaba passou de 3,25 metros cúbicos por segundo para 3 metros cúbicos por segundo. (Crédito: Fábio Rogério (18/10/2021))

A vazão de água da Represa de Itupararanga para o rio Sorocaba foi reduzida ontem (22), no período da manhã, de 3,25 metros cúbicos por segundo para 3 metros cúbicos por segundo. A medida da Votorantim Energia ocorreu após deliberação do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e do Médio Tietê (CBH-SMT) na quinta-feira (21). O objetivo é aumentar o nível do reservatório que atualmente está em 21,61% da capacidade total. Em 27 de setembro era de 23,76%. Ou seja, houve redução de 29 centímetros, desde a data da primeira reunião do grupo de cidades, em que foi assinado o ato em favor do estado de alerta para municípios que dependem da represa para o seu abastecimento. Um levantamento técnico irá apontar a partir de qual nível da represa de Itupararanga, cidades como Votorantim deverão adotar restrição no abastecimento. É a segunda redução desde 22 de setembro, de maneira a preservar o volume de água no reservatório, que abastece Sorocaba e cidades da região.

Sobre a redução na vazão, conforme André Cordeiro, vice-presidente do CBH-SMT, a medida funciona como se fosse uma reserva ou garantia para o futuro das cidades que usam o local para abastecimento. “Basicamente é para guardar água no reservatório para uso futuro e neste momento permitir as captações acima da represa como do município de Alumínio e vários bairros de Ibiúna”, explica.

Colapso

De acordo com Cordeiro, medidas como essas ajudam a evitar o colapso imediato no abastecimento. “As medidas que foram tomadas estão adiando o colapso do sistema, mas se o regime de chuvas continuar baixo, 30% a 40% da média, só estamos adiando o problema para o próximo ano”, afirma. “Estamos lutando para conseguir guardar o máximo neste período de chuva e já está em estudo a redução de outorgas para os usos industriais, mineração e agricultura”, acrescenta o especialista.

Ele afirma ainda que o abastecimento público é o último a ser limitado. “Porém seria muito interessante a adoção de políticas de redução de consumo naqueles usos não essenciais para auxiliar a reserva de água no reservatório e a manutenção do sistema. É uma questão de economizar agora para ter água o ano que vem, mas é difícil convencer os prefeitos”, comenta.

Um dos pontos apresentados em nova reunião do Comitê, ontem (22) foi a apresentação do que se está sendo feito em relação à crise hídrica na bacia do Sorocaba e Médio Tietê. De acordo com André Cordeiro, foi aprovada a criação de uma câmara técnica para discutir e propor mecanismos de compensação pelo esgoto lançado no rio pela Região Metropolitana de São Paulo e Campinas

Reunião na Prefeitura de Sorocaba

Mais uma reunião para discutir a situação hídrica de toda a região ocorreu na sexta-feira, na Prefeitura de Sorocaba. De acordo com o Executivo, ficou decidido que cada município se comprometeu em elaborar, de imediato, um plano individual de contingência, com base nas particularidades de cada localidade, para ser implementado, caso haja a necessidade e se o volume dos mananciais continuar cair. No caso das cidades abastecidas por Itupararanga, um levantamento técnico irá apontar a partir de qual nível da represa as medidas de restrição no abastecimento seriam colocadas em prática. Esse índice será apresentado na próxima reunião do grupo, que deve ocorrer em 15 dias.

O promotor de Justiça Antonio Domingues Farto Neto informou que solicitará ao Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) um levantamento quanto às outorgas de captação de água na represa de Itupararanga, para identificar e coibir abusos, bem como o apoio do Governo do Estado na viabilização de um estudo técnico detalhado, apontando os pontos mais críticos da represa.

A necessidade de formação de um consórcio regional de municípios também foi levantada para buscar recursos e promover o reflorestamento de trechos nas margens da represa de Itupararanga. Em longo prazo, a medida seria determinante para assegurar melhor e maior absorção de água no solo, contribuindo para a ampliação da quantidade de água do reservatório.

A Votorantim Energia informou que o índice mais baixo registrado em Itupararanga foi de 20,16%, em dezembro de 2003. “A projeção é que até março de 2022 a represa esteja operando com, no mínimo, 47% da capacidade total. Essa é a meta. Até lá, não está descartada a adoção de medidas restritivas. E contamos com o apoio da população para que colabore e evite desperdícios”, disse o vice-prefeito de Sorocaba, Fernando Martins da Costa Neto (PSD), anfitrião da reunião.

Outras represas

Outras duas represas ajudam no abastecimento de Sorocaba. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) informou ontem que o Sistema Castelinho/Ferraz operava com 70% da capacidade total e o Sistema Ipaneminha, com 85%. “Houve aumento na quantidade armazenada, uma vez que, no último dia 14, o Castelinho/Ferraz operava com 55% e Ipaneminha, com 80% da capacidade total”. (Marcel Scinocca)