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Crimes cibernéticos

Golpes virtuais disparam em Sorocaba

Criminosos utilizam WhatsApp e Pix para tirar dinheiro dos usuários

17 de Outubro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Usando fotos e contatos de parentes das vítimas, criminosos conseguem enganar muita gente.
Usando fotos e contatos de parentes das vítimas, criminosos conseguem enganar muita gente. (Crédito: REPRODUÇÃO)

Embora sem dados oficiais, os golpes por meio aplicativos de mensagens, como o famoso WhatsApp, e pela internet dispararam no Brasil. Outro impulso para o aumento dos chamados crimes cibernéticos foi a criação, no ano passado, da ferramenta de transferência bancária instantânea chamada Pix.

Questionada a respeito, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) informa que não há dados disponíveis sobre os crimes cibernéticos cometidos em Sorocaba ou em outras regiões paulistas. Porém, na cidade é cada vez mais comum conhecer alguém que já foi vítima dos golpes, ou que, pelo menos, passou pela tentativa de golpe.

Nas redes sociais de amigos, colegas de trabalho e familiares também é cada vez mais comum postagens de pessoas relatando que tiveram seus celulares clonados e que bandidos enviam mensagens para os contatos do aparelho, via WhatsApp, pedindo dinheiro e se passando pelo dono do aparelho.

Para conseguir fazer novas vítimas, os criminosos têm mudado as estratégias com maior frequência. Usando criatividade, surpreendem os usuários mais desatentos e até aqueles que já sabiam de vários tipos de golpes aplicados pela internet, pela rede social e pelos aplicativos de mensagens.

A única certeza é que todo cuidado é pouco e que é preciso tomar todas as medidas possíveis de segurança nos celulares e nas redes sociais para evitar ser a próxima vítima.

Polícia especializada

A SSP informa que “as polícias paulistas estão empenhadas diuturnamente no combate à todas as naturezas criminosas, incluindo o estelionato, independente do meio em que aconteça”.

“São Paulo conta, desde dezembro do ano passado, com a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), uma superestrutura criada para combater os crimes cometidos por meios eletrônicos”, destaca a pasta estadual.

A Polícia Civil informa ainda que “é essencial o registro de ocorrências, seja em uma delegacia territorial ou pela Delegacia Eletrônica (https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/home), para que os crimes sejam devidamente investigados e os autores presos”. “No caso do estelionato, a representação criminal por parte da vítima é necessária, conforme determina a lei”, ressalta a SSP.

A Polícia Civil também possui uma cartilha digital com dicas e orientações para a população sobre as modalidades de golpes existentes e como evitá-los. O material pode ser acessado pela internet, no site: (http://www.ssp.sp.gov.br/midia/Midia/00000351.pdf). O material foi criado pela DCCIBER e tem a finalidade de informar como são as ações das quadrilhas em diversas modalidades de estelionato.
Porém, o material já está desatualizado, pois os criminosos não param de inventar novas modalidades de golpes pela internet, seja por meio das redes sociais, dos aplicativos de mensagens ou usando a ferramenta Pix para furtar dinheiro das vítimas.

Foto certa, número diferente

  - Reprodução
(crédito: Reprodução)

Recentemente, os bandidos passaram a criar novos tipos de golpes por meio do WhatsApp, além da já conhecida clonagem do celular. Agora, os criminosos usam uma foto da pessoas e a colocam no aplicativo de mensagem, mas com outro número de celular.

De posse de alguns contatos telefônicos de familiares e de amigos da vítima, o estelionatário se passa pela pessoa e faz contato por mensagens de WhatsApp geralmente com algum familiar muito próximo.

Em Sorocaba, por exemplo, tem sido bastante frequente o bandido se passar, por exemplo, filho(a), mãe, pai, ou irmão(ã) das vítimas. A estratégia é a sempre a mesma: o criminoso inventa alguma história e pede dinheiro, geralmente por transferência via Pix, cujo dinheiro vai para contas bancárias de “laranjas” -- pessoa que intermedeia, voluntária ou involuntariamente, transações financeiras ilícitas.

Apelando para o lado afetivo das vítimas, na semana passada, uma idosa de 70 anos caiu no golpe ao acreditar que estava conversando pelo WhatsApp com sua própria filha. “O bandido usou a foto dela, mas com outro número de celular. Escreveu corretamente o nome dela e as mensagens também eram escritas corretamente e sem erros”, afirma.

A idosa disse ainda que o criminoso, se passando pela filha dela, disse que tinha derrubado o celular e tinha deixado o aparelho na assistência técnica para consertar. E como não estava conseguindo fazer o pagamento pelo aplicativo do banco, pediu a transferência via Pix para a “mãe”. “Tentei ligar naquele número para ver se era mesmo minha filha, mas a pessoa não atendeu. Infelizmente acabei transferindo R$ 4,9 mil e registrei boletim de ocorrência na polícia”, conta.

A idosa também entrou em contato com sua agência bancária, apresentou o boletim de ocorrência e aguarda uma definição sobre o caso, pois tentou contato telefônico para tentar reverter a transferência, mas não conseguiu falar com nenhum atendente.

Novas vítimas

A apresentadora e empreendedora Ana Claudia Koury também foi vítima do mesmo tipo de golpe aplicado contra a idosa, mas nenhum familiar realizou transferência em dinheiro, porque ela conseguiu avisar a todos antes.

Ela conta que um bandido também usou a foto dela e seu nome em outro número de celular e começou a pedir dinheiro para seus familiares, como mãe e irmã. “Fiz boletim de ocorrência pela internet. A pessoa pegou minha foto e estava se passando por mim, mas com outro número, e tentando dar golpe na minha mãe e na minha irmã. Foram as duas que me relataram. Não sei como conseguiram os números dos celulares delas”, ressalta.

Ana disse ainda que elas perceberam a tentativa de golpe e não fizeram nenhuma transferência para o bandido. (Ana Cláudia Martins)

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