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Sorocaba

Aparecidinha dá exemplo de fé e devoção

Bairro repete hoje as celebrações em homenagem à padroeira do Brasil iniciadas há mais de dois séculos

12 de Outubro de 2021 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]
Bairro cresceu em torno da igreja construída em 1785 e virou parada obrigatória para os tropeiros.
Bairro cresceu em torno da igreja construída em 1785 e virou parada obrigatória para os tropeiros. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (11/10/2021))

Construções de taipa, ruas de paralelepípedo e a união dos moradores mantêm viva a história do bairro que ganhou nome devido à devoção a Nossa Senhora Aparecida. Antes chamado de Piragibú do Meio, por ter crescido próximo ao córrego de mesmo nome, o bairro Aparecidinha era passagem de tropeiros e se tornou uma referência para os devotos da padroeira do Brasil desde 1782. Foi neste ano que a imagem da santa foi trazida e deixada no local por Antonio José da Silva, que veio de Minas Gerais para Sorocaba. Hoje, os fiéis pedem proteção à santa para enfrentar a pandemia.

A imagem de Nossa Senhora Aparecida, conforme contam os moradores do bairro, foi colocada em um nicho adaptado em um tronco de árvore. Era ali que os tropeiros faziam suas orações, promessas e agradecimentos, sempre pedindo proteção durante as viagens que realizavam. Anos mais tarde, em 1785, o local ganhou uma capela, construída em taipa de pilão pelo próprio Antônio José da Silva para abrigar a imagem da santa. A singela igreja azul e branca, que até hoje mantém algumas características originais, se tornou o primeiro santuário de Sorocaba, em 1992.

À medida em que o tempo foi passando, a vila foi se desenvolvendo em torno da igreja. A dona de casa Amélia Valéria França Rufino, de 60 anos, nascida e criada em Aparecidinha, acompanhou parte do crescimento do bairro. Ela, inclusive, guarda memórias de infância de quando brincava próximo à árvore onde ficava a imagem de Nossa Senhora. “A maioria dos meus irmãos foi batizado na igrejinha. Antes, eu lavava as roupas no rio e buscava lenha para cozinhar. De lá para cá, muita coisa mudou. Poucas das casas antigas ainda estão em pé”, destaca.

Fé e voluntariado

Mas a Capela de Nossa Senhora Aparecida ainda se mantém firme. E um dos motivos é o trabalho voluntário dos fiéis do bairro, que ajudam nas reformas e nas revitalizações da igreja. “A gente pinta as paredes, arruma a igreja. O povo é muito unido”, frisa Amélia. E essa união também ocorre durante as festividades realizadas no bairro, como as celebrações a Nossa Senhora Aparecida. “Desde pequena estou acostumada a ajudar. Eu me sinto alegre, me divirto muito ajudando. Eu acredito muito em Nossa Senhora. Essa data é muito importante para nós, vem muita gente visitar a Casa da Mãe”.

Nos últimos anos, todas essas celebrações passaram a ser realizadas no novo santuário, como é conhecida a Paróquia Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, instaurada em 2002 pelo então bispo arquidiocesano dom José Lamberte. Amélia acompanhou todo o processo de construção. O prédio de 750 metros quadrados, construído no formato de uma coroa -- referência à coroa de Nossa Senhora --, foi implantado para abrigar o grande número de fiéis que participa das missas. “A igrejinha já estava ficando pequena, o bairro foi crescendo”.

Santuário renova tradição de amor a Nossa Senhora. - FÁBIO ROGÉRIO (11/10/2021)
Santuário renova tradição de amor a Nossa Senhora. (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (11/10/2021))

O novo espaço foi planejado há 19 anos para receber mais de 40 mil fiéis que participam das romarias em louvor a Nossa Senhora Aparecida que acontecem duas vezes ao ano, em julho e em janeiro, quando a imagem feita em barro segue do santuário à Catedral Metropolitana de Sorocaba e vice-versa. A Romaria de Aparecinha já era frequente desde o século 18, quando ocorreu um surto de febre amarela em Sorocaba. Nesta época, o povo acreditava que a procura pela santa traria a cura da doença. E foi assim que se criou o costume de transportar a imagem até a cidade para abençoar os sorocabanos.

Hoje, mais do que nunca, os fiéis fazem orações à santa, pedindo proteção para enfrentar a pandemia de Covid-19. Amélia é uma dessas pessoa que, ao longo dos últimos 17 meses, têm orado para Nossa Senhora proteger suas famílias. “A gente faz oração para melhorar a situação que estamos passando. Durante a pandemia, perdemos muitos amigos que ajudavam a comunidade. É preciso crer na Mãe, porque ela ajuda muita gente”, acredita. Para o padre Ricardo Chizzolini, pároco do santuário, esse é um momento de esperança por dias melhores. “Queremos estar juntos a Maria e pedir a ela, que é Mãe de Deus e nossa Mãe, sua intercessão por todos nós, pelos enfermos e pelo fim da pandemia”, finaliza.

Celebrações têm publico reduzido

O Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição Aparecida, mais conhecido como Santuário de Aparecidinha, organiza uma programação especial para celebrar o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. As festividades, que começaram no dia 3 de outubro com o início da novena, se encerram nesta terça-feira (12) com a celebração das missas. Neste ano, diferente dos anteriores, em vez de nove, haverá sete missas, com intervalo de duas horas entre elas para a higienização da igreja.

A primeira missa vai ocorrer às 6h e será celebrada pelo padre Ricardo Chizzolini, pároco e reitor do Santuário de Aparecidinha. A missa seguinte ocorre às 8h, com celebração do padre Manoel Júnior. Às 10h, a missa é realizada pelo padre Tadeu Rocha. Já a celebração das 12h é presidida pelo arcebispo metropolitano dom Júlio Akamine, com transmissão ao vivo pelas mídias sociais da Rádio Cantate FM. Na parte da tarde, o padre Arari Santos celebra a missa das 15h. Depois, às 17h, a missa é oficiada pelo padre William Coimbra. A última missa ocorre às 19h, novamente com a celebração do padre Ricardo Chizzolini.

Todas as missas serão realizadas no novo santuário, que fica na Estrada Dom José Melhado Campos, 150. Durante as celebrações, os assentos disponíveis para o público serão preenchidos por ordem de chegada. Porém, os fiéis que não conseguirem se acomodar na igreja poderão acompanhar as missas na praça, já que haverá caixas de som do lado de fora. Os participantes deverão respeitar os protocolos de segurança, que incluem o uso de máscaras, a aferição de temperatura, higienização das mãos com álcool em gel e o distanciamento social dentro da igreja, que terá lugares demarcados nos bancos. (Jéssica Nascimento)

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