Buscar no Cruzeiro

Buscar

Saúde

Dia Mundial de Cuidados Paliativos alerta para desigualdade no acesso aos atendimentos

Campanha faz apelo para alcançar o acesso equitativo até 2030

09 de Outubro de 2021 às 11:56
Da Redação [email protected]
ONG Peregrinos do Cuidar realiza assistência multidisciplinar para pacientes oncológicos em cuidados paliativos.
ONG Peregrinos do Cuidar realiza assistência multidisciplinar para pacientes oncológicos em cuidados paliativos. (Crédito: Divulgação)

A morte, apesar de ser um assunto carregado tabu e estigmas, é um processo natural da vida, isto é fato. Mas, com a devida atenção, uma pessoa portadora de um câncer em fase avançada, pode ter sua qualidade de vida otimizada até o momento da morte. O Dia Mundial de Cuidados Paliativos, comemorado neste sábado (9), traz o tema “Não deixe ninguém para trás – Equidade no acesso aos Cuidados Paliativos”, que promove reflexão sobre a falta de estruturas e equipes adequadas para atender à grande demanda por cuidados paliativos.

Comemorado anualmente no segundo sábado de outubro, o objetivo da campanha de 2021 é alcançar o acesso equitativo aos atendimentos até 2030. O assunto é ainda mais pertinente no cenário brasileiro. Um artigo publicado em 2019, por Santos CE e colaboradores, aponta uma estimativa de demanda urgente de capacitação, estrutura e assistência em cuidados paliativos.

Segundo o estudo, a estimativa de 2020 para o número de pessoas com necessidade de cuidados paliativos no País era de 765.855, que corresponde a mais da metade das mortes (57,5%). Uma pesquisa da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (2015) revelou que no Brasil apenas um em cada 300 pacientes com indicação de receber cuidados paliativos têm acesso a um tratamento adequado por equipe multidisciplinar, com alívio do sofrimento causado pela doença, ou seja, considerando essa proporção, a estimativa é que apenas 2.253 pacientes, do total informado acima, tenham se beneficiado de um serviço de cuidados paliativos em 2020.

A ONG Peregrinos do Cuidar, em Sorocaba, é especializada em cuidados paliativos para pacientes oncológicos, e tem por objetivo construir e estruturar uma Hospedaria para acolher e cuidar dos pacientes com câncer avançado. Hoje as ações da ONG estão voltadas aos familiares dos pacientes oncológicos através de atividades assistenciais e educativas numa sede devidamente estruturada para isso.

As atividades assistenciais visam atender as demandas sociais, físicas, emocionais e espirituais daqueles que se propõem a cuidar de um ente querido, ou seja, dos familiares dos doentes. “Como se sabe, os familiares de um paciente oncológico “adoecem juntos” e para exercer a nobre missão de cuidar precisam de apoio e orientação profissional, além de estarem com sua saúde física e mental em boas condições”, relata o médico oncologista e presidente da associação, Paulo Bispo.

Em termos das atividades educativas, a equipe da ONG Peregrinos do Cuidar, promovem treinamentos teóricos e práticos para ensinar aos cuidadores familiares técnicas de cuidados, como por exemplo, dar banhos no leito, realizar a troca de fraldas e roupas, a adequada mobilização do paciente na cama para evitar as temidas escaras que surgem nos pacientes que permanecem acamados por muito tempo.

Outro atendimento muito importante que a ONG oferece é o suporte ao luto dos familiares, desde o período que antecede o óbito do ente querido, conhecido como luto antecipatório, até o acompanhamento e assistência ao luto propriamente dito, que é o período iniciado após o óbito do paciente.

Nesses termos, mesmo na vigência da pandemia, a ONG realizou mais de duzentos atendimentos, assistindo onze famílias, podendo auxiliar na redução do sofrimento envolvido no enfrentamento do câncer, e está muito feliz por ter firmado uma importante parceria com o serviço de oncologia da Santa Casa de Sorocaba por intermédio do seu gestor o Padre Flávio Jorge Miguel Júnior.

“O Dia Mundial de Cuidados Paliativos significa muito para a ONG, afinal, somos especializados nesse tipo de atendimento. É importante que as pessoas se conscientizem cada vez mais sobre os cuidados paliativos. Pois assim, conseguiremos melhorar ainda mais a qualidade de vida dos pacientes que necessitam desse tipo de atenção”, finaliza o doutor Bispo.