O governo paulista anunciou na quarta-feira (29) a retomada do programa Corujão da Saúde, que nesta fase será focado na área de oncologia para agilizar o diagnóstico e tratamento. A medida pode ajudar pacientes como Pedro da Cruz Souza, de 77 anos, que aguarda desde janeiro por uma consulta para marcar uma cirurgia oncológica em Sorocaba.

Ele conta que tem diabetes e possui deficiência visual e descobriu um câncer melanoma no dia 3 de dezembro de 2020. “A UBS já solicitou [a consulta] em janeiro, porém a regulação de vagas não agenda na Santa Casa, no Regional e nem em outras cidades. Preciso urgente iniciar meu tratamento e operar”, disse. Ele ainda criticou a demora. “Acredito que devam existir outras pessoas na mesma situação que irão morrer por não ter tratamento”, lamentou.

O Cruzeiro do Sul questionou a Secretaria Estadual de Saúde sobre o motivo da demora, a previsão para a consulta e um balanço de quantas pessoas aguardam para fazer exames oncológicos em Sorocaba. A secretaria informou que “o caso está sendo monitorado e será encaminhado para serviço de referência”. Informou ainda que “os procedimentos especializados, bem como consultas e exames, são ofertados por serviços de referência, sendo competência de cada município a priorização e agendamento dos pacientes via Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde (Cross)”.

O programa Corujão da Saúde visa atender, no Estado, a uma demanda reprimida de 335 mil exames, de mais de onze tipos diferentes em diversas especialidades que foram cadastrados pelos municípios na Cross até o dia 31 de agosto. Além disso, o programa também irá oferecer 19,1 mil sessões de radioterapia para o tratamento de mil pacientes.

Os exames incluem endoscopias (cerca de 18,4 mil procedimentos), colonoscopias (11,1 mil), retossigmoidoscopias (1,5 mil), tomografias computadorizadas (180,5 mil), ultrassonografias (28,5 mil), biópsias (6,5 mil) e ressonâncias magnéticas (88,8 mil). Por meio deles, poderão ser diagnosticados câncer do aparelho digestivo, tireoide, próstata, cérebro, pulmão e de pele.

Em virtude da pandemia, o governo estadual priorizou o atendimento aos casos de urgência e emergência. “Os casos eletivos podem ser agendados ou reprogramados com base em avaliação caso a caso, dependendo da orientação médica e do quadro do paciente. Os pacientes que tiverem dúvidas podem entrar em contato com as unidades onde fazem acompanhamento para orientações”, explicou.

Ainda conforme a Secretaria, a demanda de consultas, cirurgias e procedimentos eletivos, ou seja, não urgentes, é descentralizada na rede, considerando que há regulações municipais ou regionais, com os respectivos serviços de referência para sua área de abrangência.

Mutirão em Sorocaba

Já a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que os serviços de atendimento a pacientes oncológicos é de competência estadual. Ainda assim, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) anunciou em agosto que a Prefeitura deve realizar mutirões com o objetivo de acabar com as filas de espera na rede municipal de saúde. Há 34.177 consultas em atraso no sistema, 47.031 exames e 12.241 cirurgias em espera.

Apesar de o prefeito ter sinalizado que o mutirão seria realizado “em breve”, ainda não há uma data oficial. Um edital de chamamento para a contratação do mutirão está em fase final e deve ser publicado “nos próximos dias”, conforme a SES. Também não foram divulgados os locais de atendimento e nem como eles serão feitos. Um total de 86.500 procedimentos, entre consultas, exames e cirurgias, serão realizados para zerar as filas de espera na rede municipal de Saúde. (Kally Momesso - programa de estágio / Supervisão: Aldo Fogaça)