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Estiagem

Baixo nível do rio Sorocaba faz surgir ‘bancos de areia’

Situação é um dos reflexos da queda da vazão da represa de Itupararanga

22 de Setembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Quem passa pelas proximidades do Parque das Águas pode observar o nível baixo do Sorocaba.
Quem passa pelas proximidades do Parque das Águas pode observar o nível baixo do Sorocaba. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (21/9/2021))

A diminuição da vazão da represa de Itupararanga, por conta da estiagem prolongada, já afeta o nível do rio Sorocaba. Na cidade, em alguns pontos, é possível ver “bancos de areia”, que se formam no leito do rio, principalmente na proximidade do Parque das Águas, no Jardim Abaeté.

Questionado a respeito, o Saae Sorocaba, que já faz a captação de água diretamente do rio, por meio da ETA Vitória Régia - inaugurada em 23 de julho -, informa que o nível do rio Sorocaba é reflexo da diminuição da vazão, pela concessionária que administra a barragem da represa de Itupararanga (Votorantim Energia), seguindo determinação do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT).

O Saae diz que o monitoramento da qualidade da água e do rio Sorocaba ocorre diariamente, procedimento que já faz parte da rotina dos trabalhos da autarquia, para garantir a manutenção da qualidade da água tratada e distribuída na cidade.

O nível e a qualidade da água do rio Sorocaba também preocupam o Comitê e o Ministério Público de Sorocaba, por meio do promotor do Meio Ambiente, Antonio Domingues Farto Neto.

No último dia 15 de setembro, diversos peixes apareceram mortos no rio Sorocaba, exatamente próximo ao Parque das Águas, local onde “bancos de areia” são vistos no leito do rio.

Algumas pessoas que passavam pela região reclamaram do mau cheiro vindo dos peixes mortos. A Prefeitura de Sorocaba descartou a hipótese de lançamento irregular de produto químico no rio.

“Um dia antes da mortandade, no dia 14 de setembro, equipes do Saae e da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) estiveram no local para identificar o motivo do fenômeno. O trabalho foi feito novamente no dia seguinte, com objetivo de traçar um plano de ação para solucionar o problema. Amostras da água foram coletadas e submetidas a análises técnicas. Outra possibilidade, ainda, é o descarte irregular de peixes no rio, já que os técnicos da Sema encontraram apenas duas espécies mortas, sendo a maioria delas o curimbatá. Se houvesse alguma contaminação da água, muito provavelmente, teriam sido encontradas diferentes espécies entre os peixes mortos, e não apenas duas. Além disso, pelas características, os peixes não parecem ter morrido recentemente”, diz a Prefeitura.

Já em relação aos demais mananciais que abastecem a cidade, o Saae informa que o Sistema Castelinho/Ferraz opera com 60% da capacidade e o Sistema Ipaneminha, com 75%.

Represa preocupa

Apesar das medidas adotadas pela empresa Votorantim Energia, o volume útil da represa de Itupararanga, que é responsável por cerca de 85% do abastecimento de Sorocaba, voltou a registrar queda ontem (21), quando atingiu 24,26%. A empresa informa que as medidas adotadas de redução da vazão do reservatório tem como um dos objetivos manter em 817,50 msnm (metros sobre o nível do mar) como a cota mínima operacional do reservatório. Ontem, o nível do reservatório estava em 817,98 msnm.

A questão da crise hídrica e da estiagem que atinge a região é motivo de preocupação e de reuniões constantes entre os membros do Comitê, do Saae Sorocaba, representantes da Votorantim Energia, Ministério Público (MP-SP) e prefeitos de cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). O MP-SP, conforme noticiou o Cruzeiro do Sul em 2 de setembro, fez operação na represa em trabalho conjunto com a Polícia Ambiental. Um dos objetivos foi fiscalizar a captação clandestina de água do local. (Ana Cláudia Martins)