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Alimentação

Gasto de R$ 300,00 de vereador com comida japonesa gera polêmica em Votorantim

Valor está bem acima do ticket diário de R$ 30,00; Murilo Piatti diz que caso foi um erro

20 de Setembro de 2021 às 15:59
Marcel Scinocca [email protected]
Na justificativa sobre os R$ 300,00, vereador alegou que restaurante fica em bairro nobre e a comida era japonesa
Na justificativa sobre os R$ 300,00, vereador alegou que restaurante fica em bairro nobre e a comida era japonesa (Crédito: Deposit Photos)

O pedido de reembolso de R$ 302,00, feito pelo vereador Murilo Piatti (PSDB), de Votorantim, virou motivo de polêmica na câmara da cidade. O ticket médio para alimentação de funcionários da Casa é de R$ 30,00 por dia. Além disso, houve pagamento de gorjeta, o que é proibido por regulamentação. O parlamentar chegou a ter o pedido negado, mas recorreu.

O gasto ocorreu em 26 de agosto, em um restaurante na Alameda Lorena, área nobre da capital. Na nota, há itens que vão de R$ 6,00 -- um café -- e R$ 89,00 -- um combinado com comida típica japonesa. No total, a nota ficou em R$ 302,17. O valor inclui R$ 27,47 de gorjeta.

Na justificativa da viagem, o vereador argumentou que se reuniria com o parlamentar Felipe Becari, da Câmara Municipal de São Paulo. No dia 30 de agosto, o coordenador do serviço de transporte da Câmara de Votorantim informou ao presidente da Casa que o valor de reembolso pedido pelo vereador destoava dos custos normalmente pagos pela Câmara.

A Presidência foi enfática ao negar o reembolso. “Ao analisar o cupom fiscal eletrônico entregue pelo vereador Murilo Piatti, referente às despesas com refeição realizada no dia 26/08/2021, às 15h20, verificamos que o valor de R$ 302,17 não condiz com a média de valores gastos com refeição por esta Casa de Leis. Ainda existe no cupom o lançamento de “gorjeta” no importe de R$ 27,47, o que não é permitido”, assinala José Claudio Pereira, o Zelão (PT).

A resposta ainda mostra os gastos no jantar do parlamentar, na volta da capital, em um fast-food, na rodovia Castelo Branco. Foram mais R$ 76,00. A nota apresenta pontos de difícil compreensão, o que é proibido por resolução da Casa. A juntada das notas demonstra que em apenas um dia o parlamentar apresentou gasto de quase R$ 380,00 à Câmara, somente com alimentação. Ele viajou com carro oficial e um assessor, conforme documento de solicitação da viagem.

“Bairro nobre” e “comida japonesa”

No mesmo dia -- 30 de agosto --, entretanto, o parlamentar fez um pedido de reconsideração pela medida negativa. Chama a atenção a alegação para a liberação dos gastos. Ele diz que o bairro é nobre e a comida é japonesa. “Estamos por meio deste, justificando a motivo do valor da nota, (cupom fiscal) utilizado para alimentação do vereador Murilo Piatti, uma vez que o mesmo esteve na cidade de São Paulo, no bairro Jardins, em reunião com o vereador da capital Felipe Becari, em encontro a refeição foi feita em restaurante localizado em um dos bairros mais nobres da capital, por isso, se faz auto o valor da mesma, tendo em vista que também foi comida japonesa”, argumenta.

“Sobre a taxa de serviço dos garçons esse vereador compreende o ocorrido e pede perdão pela desatenção, na qual não voltará ocorrer, não sendo necessário o reembolso da mesma. Aproveitamos para pedir a reanálise do pedido, uma vez que ocorre em bairro nobre sendo comida japonesa, por este motivo o valor auto da nota. Este vereador se responsabiliza pelos seus atos bem como pela transparência de seu mandato”, ressaltou.

O que diz o vereador

Ao comentar o caso, nesta segunda-feira (20), apesar de afirmar que as despesas estão dentro da lei, Piatti disse que a situação foi um erro, que se tornou imoral. “(...) foi um erro. Acredito que todos somos humanos e erramos. Assim como eu, vereador, tenho acertos e erros. O importante é ajustar, assumir o erro e não errar mais”, diz o parlamentar. “Apesar de não ter sido nada ilegal, nenhum crime, estando tudo dentro da lei e normas da Casa, mas acabou se tornando algo imoral. Estamos a disposição para corrigir os erros e avançar”, conclui.