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Campanha

‘Setembro amarelo’ conscientiza a população sobre suicídio

10 de Setembro de 2021 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Psicóloga Cintia Poveda ministra palestras na FUA.
Psicóloga Cintia Poveda ministra palestras na FUA. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (9/9/2021))

Os casos de suicídio no Brasil passam de 13 mil por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelaram que, a cada dois dias, uma pessoa comete suicídio na região administrativa de Sorocaba. Para tentar conter esses números, a campanha Setembro Amarelo, com tema “Agir salva vidas”, promove diversas ações de conscientização sobre o assunto durante o mês.

Instalado em Sorocaba desde agosto de 1983, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma alternativa para aqueles que precisam de ajuda, mas não sabem bem ao certo como começar. O CVV conta com 104 voluntários treinados e oferece apoio emocional gratuito. Foram 97.946 atendimentos no ano passado e, até agosto de 2021, o número chegou a 83.188. A pessoa que precisa desse suporte tem a opção de ser atendida anonimamente via chat, e-mail ou pelo telefone 188. A chamada é gratuita, e o sigilo, garantido.

Segundo o voluntário e vice-presidente do CVV de Sorocaba, José Luiz Húngaro, a pandemia da Covid-19 afetou não só a saúde física da população, mas também o emocional. Os anos de 2020 e 2021 têm sido complexos para a saúde mental e emocional das pessoas no mundo todo, independentemente de classe social, idade, crença ou profissão. “O objetivo do CVV é possibilitar um ambiente de acolhimento, sem julgamento, para que a pessoa possa falar daquilo que sente e que a faz sofrer”, destaca.

Existem diversos fatores de risco que afastam a pessoa de viver plenamente. A dor emocional pode estar ligada a perdas de qualquer natureza, como a morte de um ente querido, o fim de um relacionamento ou uma entrevista de emprego fracassada. Ajudar quem está passando por um momento difícil não é uma tarefa fácil. Mas, muitas vezes, uma simples conversa pode mudar o rumo de tudo. Quem está passando por uma situação difícil não quer conselho; quer falar de sua dor e ser compreendido. Por isso, o apoio genuíno é primordial.

“A ajuda começa quando a gente se interessa pela pessoa que está sofrendo, permitindo que fale aberta e francamente, sem interrupção, sem julgamentos e receitas de felicidade e superação; enfim, ser o ombro amigo para que o sofrimento seja verbalizado e compreendido. Um sincero ‘Como posso ajudar você?’ pode ser um passo para um grande recomeço”, explica o vice-presidente do CVV de Sorocaba.

Palestra

A Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul, tem realizado palestras dedicadas aos colaboradores e que são ministradas pela psicanalista Cintia Poveda, do Instituto Sabedoria -- Escola de Psicanálise de Sorocaba. Ela enfatiza a importância de falar sobre suicídio, ainda que a sociedade o considere um assunto desconfortável.

“Doenças mentais têm diagnósticos, tratamento e prevenção. O suicídio pode ser prevenido, quem pensa em tirar a própria vida vive um sofrimento intenso. Essas pessoas não gostariam de morrer, mas chega um momento que o sofrimento se tornou insuportável e ela já não vê mais saída. É aí que o desespero toma conta”, diz. (Wilma Antunes - programa de estágio / Supervisão: Eric Mantuan)