Acidentes recentes no trecho da Raposo Tavares em Sorocaba, na altura do km 97, onde existe há anos um radar fixo de controle de velocidade, volta a preocupar os usuários da rodovia. Na manhã da última terça-feira (31), uma sequência de acidentes no trecho causou a morte de um motociclista, e deixou outras duas pessoas feridas. A Artesp informa que, no momento, suas equipes desenvolvem estudos que deverão apontar eventuais intervenções necessárias para mitigação das ocorrências no segmento.

No local, apelidado de “radar da morte”, já aconteceram vários acidentes, alguns graves, com mortes e vários veículos envolvidos, causando, inclusive, a interdição total da pista expressa, sentido Capital, por algumas horas. Os dois últimos acidentes mais graves ocorreram em fevereiro e março do ano passado. O primeiro foi na tarde do dia 14 de fevereiro de 2020, com 10 veículos, e deixou duas pessoas gravemente feridas e mais 43 com ferimentos leves. O acidente ocorreu no km 98, bem próximo ao radar, e deixou um cenário de destruição no local.

Em 13 de março do mesmo ano, no mesmo trecho, uma sequência de acidentes, ainda mais graves, envolveu 16 veículos. Quatro pessoas morreram e 45 ficaram feridas. Na ocasião, a pista expressa ficou bloqueada por quase cinco horas no sentido Capital

Essas ocorrências geraram reclamações e comoção generalizada. Em março de 2020, a Comissão de Mobilidade da OAB Sorocaba enviou um ofício sugerindo melhorias no local e cobrou providências da CCR ViaOeste. O documento sugeriu, entre outras medidas, reforço na sinalização sobre a existência do radar eletrônico e a velocidade apropriada para o trecho, e até a substituição do equipamento por uma lombada eletrônica.

Segundo Renato Campestrini, especialista em trânsito e presidente da Comissão, as medidas adotadas pela concessionária logo após a solicitação foram adotadas. Questionada a respeito, a CCR ViaOeste informa que diversas medidas foram realizadas desde o ano passado, com melhorias na sinalização vertical e implantação de cinco estruturas com banners entre o km 98 e o km 100, reforçando o limite de velocidade no trecho urbano de 90 km/h. Porém, a concessionária informa que uma das estruturas está em manutenção e deverá ser recolocada nos próximos dias.

Já sobre os constantes acidentes no mesmo trecho da Raposo Tavares em Sorocaba, a CCR ViaOeste informa que houve diminuição. Conforme dados da concessionária, em 2021 foram registrados 41 acidentes em todo o trecho urbano de Sorocaba até 31 de julho (entre os kms 92 e 106). Em 2020, nesse mesmo período, foram registradas 49 ocorrências. No trecho específico do radar (entre km 98 e km 99) não haviam sido registradas ocorrências até o último dia 31 de julho deste ano. Já em 2020, foram 7 ocorrências no mesmo período.

Segundo 5º Batalhão de Polícia Rodoviária, em 2021, já foram registrados 207 acidentes no trecho urbano da Raposo Tavares em Sorocaba. No ano passado, foram 317. Em relação às mortes, foram 13 em 2020 contra 10 em 2021. Ainda de acordo com a Polícia Rodoviária, os locais onde mais ocorrem acidentes é entre os km 96 ao 106.

Usuários pedem mudanças

Usuários do trecho urbano da Raposo Tavares em Sorocaba pedem mais mudanças no local onde está o radar eletrônico.

Dorival Zanardo Júnior usa com frequência esse trecho da rodovia e observa que muitos motoristas não se preocupam com a velocidade. “Ninguém está nem aí com a velocidade, então, virão muitos mais acidentes enquanto a velocidade permitir”, aponta.

Nivaldo Pereira, outro usuário da rodovia, disse que os acidentes são frequentes no trecho por conta do acesso da via local com a expressa, além do radar, e faz críticas à concessionária. “Nenhuma obra da CCR para corrigir essa falha de engenharia. Como o Estado não tomou atitude para solucionar o Ministério Público deveria intervir”.

Silvana Roso Silva afirma que é preciso verificar o que ocorre no local, já que os acidentes sempre com vários carros.

Para o usuário Eric Sanches, o problema envolve desatenção dos motoristas e a presença do radar. “O pessoal não sai do celular e a pista já é ruim, e tem o radar, que faz todo mundo pisar no freio. Além disso, tem o sol e as pessoas ainda não fazem a parte delas, aí fica complicado”, diz.

Danilo Henrique disse que o trecho foi sua rota durante muito tempo e acredita que o fato de existir o radar faz com que os motoristas façam freadas bruscas. “O que sempre observei que o real motivo não é a velocidade do radar, e sim que muitos motoristas quando visualizam o radar reduzem drasticamente a velocidade. E um veículo pesado não consegue reduzir a velocidade estando atrás desse veículo. Por isso, acho que devia repensar a posição do radar”, ressalta.

Questionada a respeito, a CCR ViaOeste informa que os radares fixos são implantados após estudos técnicos e em conformidade com as normas vigentes. O Cruzeiro do Sul também questionou a empresa sobre o fato do equipamento realmente estar em funcionamento e quantas infrações por excesso de velocidade teriam sido registradas este ano e em 2020, por exemplo. A concessionária não respondeu sobre o funcionamento do radar e disse que a gestão das multas é realizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

A Artesp informou que as sinalizações atendem às necessidades do tráfego local. (Ana Cláudia Martins)