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Imprudência

RMS registra 111 flagrantes de embriaguez no trânsito em 3 anos

No balanço feito pela PM, Sorocaba é o município que lidera essas ocorrências

25 de Agosto de 2021 às 00:01
Kally Momesso [email protected]
Motoristas alcoolizados continuam causando acidentes.
Motoristas alcoolizados continuam causando acidentes. (Crédito: ARQUIVO / CRUZEIRO DO SUL)

Motoristas alcoolizados continuam causando acidentes na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Segundo levantamento feito pela Polícia Militar do Estado de São Paulo a pedido do jornal Cruzeiro do Sul, via Lei de Acesso à Informação (LAI), a região registrou 111 flagrantes de embriaguez ao volante nos últimos três anos e, consequentemente, casos de acidentes com vítimas noticiados pela imprensa local.

Em junho, por exemplo, um motociclista, de 24 anos, ficou gravemente ferido após ser atropelado por um motorista de um automóvel, de 42 anos, em Sorocaba. O acidente ocorreu no quilômetro 102 da rodovia Raposo Tavares, no sentido interior. Segundo a Polícia Rodoviária, o condutor do carro estava embriagado.

Ainda em junho, um veículo colidiu com uma viatura da Guarda Civil Municipal (GCM), no cruzamento da avenida Adão Pereira de Camargo com a avenida Mário Covas, em Sorocaba. O motorista tentou fugir, mas acabou detido. Ele também estava alcoolizado.

No balanço feito pela PM, Sorocaba é o município que lidera essas ocorrências. A cidade registrou 54 flagrantes de motoristas alcoolizados de 2019 a 2021. Foram seis ocorrências em 2019 e 12 no ano seguinte, dobrando os casos em plena pandemia. Já neste ano foram registrados 36 flagrantes. Itapetininga e Tatuí também estão entre os maiores índices, com 18 e 11 ocorrências, respectivamente, nos últimos três anos.

O número expressivo de flagrantes quase quadriplica, se comparado com as ocorrências com a natureza embriaguez. A RMS atendeu 402 chamados com essa natureza nos últimos três anos. Mais uma vez, Sorocaba está no topo do balanço, com 84 casos, sendo 40 em 2019, 36 em 2020 e oito em 2021. Itu apresenta o segundo maior índice, com 49 ocorrências nos últimos três anos, seguido por Itapetininga, com 46.

Para o advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança, Renato Campestrini, a legislação brasileira evoluiu na forma a incentivar os condutores a não misturar bebida com direção. “Com a adoção da tolerância zero, isso ficou ainda mais claro para o condutor, uma vez que mesmo um simples copo de cerveja pode ser o suficiente para alterar a percepção dos riscos, sua capacidade de reação”, disse o especialista em trânsito.

Sobre as ocorrências com óbitos em que o motorista alcoolizado paga fiança e não fica preso, Campestrini explica que “a situação está atrelada a como foi apresentada a ocorrência perante a autoridade policial. Cada fato precisa ser analisado”. Entretanto, ele esclareceu que a mudança ocorrida no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com a inclusão do artigo que proíbe a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos busca alterar essa situação. O novo artigo está em vigor desde o dia 13 de abril de 2021.

Campestrini diz que os estudos apontam que, no Brasil, 60% dos leitos hospitalares são ocupados por vítimas do trânsito. Dessa forma, os condutores devem ter comportamento prudente em todos os momentos para evitar esses acidentes. “Os sinistros de trânsito, seja em momento pandêmico ou não, sempre são causas de ocupação considerável de leitos hospitalares”, e continuou “é preciso que a população tenha consciência de que os efeitos nocivos do trânsito se refletem na saúde pública, na assistência social, e que, por tal motivo, mais do que evitar uma autuação, o cidadão que respeita as normas permite que os leitos hospitalares venham a ser ocupados por pessoas doentes, que precisam de atendimento médico e não por aqueles que, de uma hora para outra, tem sua condição alterada por um sinistro de trânsito”.

“Independentemente a isso, reforçamos que, atualmente, há meios para que os motoristas não venham a dirigir após beber, ou, se ele sabe que isso pode vir a ocorrer, não fazê-lo. O risco para a sociedade é muito alto e deve ser evitado”, concluiu Campestrini. (Kally Momesso - programa de estágio /  Supervisão: Aldo Fogaça)