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Carga especial

Transportadora de Sorocaba leva Boeing para Mato Grosso

Aeronave saiu do Paraná e percurso previsto é de 2 mil quilômetros

24 de Agosto de 2021 às 12:44
Marcel Scinocca [email protected]
Só a fuselagem da aeronave pesa 20 toneladas e tem 42 metros de cumprimento
Só a fuselagem da aeronave pesa 20 toneladas e tem 42 metros de cumprimento (Crédito: Divulgação)

Uma transportadora de Sorocaba leva, por via rodoviária, um Boeing 727 cargueiro de São José dos Pinhais, no Paraná, para a cidade de Santo Antônio do Leverger, no Mato Grosso. A operação, que conta duas carretas e pelo menos dois carros de escolta cada uma, percorrerá cerca de 2 mil quilômetros. 

Além dos carros de escolta, o trabalho conta com viaturas policiais, quando necessário, e de concessionárias e empresas responsáveis por trânsito, também quando necessário, explica Wellington Guedes de Moura, encarregado de tráfego da empresa Rodopiro, responsável pelo transporte. A empresa tem sede em Sorocaba e é especializada nas chamadas cargas excedentes ou especiais. Além das aeronaves, a lista desse tipo de transporte inclui maquinários, vagões de trem e metrô, componentes de energia eólica, incluindo geradores.

Entretanto, para concluir a missão, há uma série de desafios que depende de planejamento, cuidado e perícia. Entre as preocupações, o itinerário de onde o comboio passará. Os motoristas também são treinados para executar as missões. “Tem que ter muito cuidado, porque é muito comprimento, nas rotatórias, por exemplo”, explica. Elton Domingos é motorista que está transportando a fuselagem do Boeing. Como Moura, ele também reside em Sorocaba.

O desafio começou na retirada do material do aeroporto de São José dos Pinhais, até chegar à rodovia BR-116. As partes da aeronave apresentam excesso de altura e também de largura. São duas carretas. Na primeira, é transportada a fuselagem, também chamada de charuto. Somente essa parte tem mais de 42 metros de comprimento, além de 20 toneladas. Isso, sem as asas, turbinas e trem de pouso.

Wellington lembra que ainda há o processo de escolta, pública e privada e depende, em muitos casos, de autorizações de várias instituições, incluindo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Antes de fazer a carga, é preciso ver a viabilidade do transporte”, diz o motorista. Ele conta que quando o comboio passa, vira atração. “Até a Polícia Rodoviária pede para fazer foto.”

No caso do transporte em questão, o avião é desmontado somente após o carregamento, “O carregamento das asas é tão importante quanto do corpo porque nessa aeronave, as asas são o tanque de combustível. São removidas com extremo cuidado após a aeronave ser carregada”, explica Cintia Piro, responsável pela empresa. “Para isso, temos a equipe que fará a ‘trilha de real aprendizagem’ para conhecer a carga e suas possibilidades. Feito isso, fazemos o calendário, que, no caso da aeronave, inclui uma adequação da disponibilidade do aeroporto. O horário noturno para saída do aeroporto, assim como em várias cargas especiais, depende de vários fatores. Nunca podemos negligenciar nenhum fator como mau tempo, intensidade de trânsito e outros detalhes. A acomodação da carga se dá por um estudo de posição, peso concentrado”, acrescenta Cintia.

Pelo trabalho, do aeroporto São José dos Pinhais (PR) até o aeroporto Julio Campos, em Santo Antônio do Leverger (MT), são cerca de 2 mil quilômetros. Normalmente, esse trajeto levaria quatro dias. Mas sendo esse tipo de cargo, são seis a mais. E alguns casos, a aeronave transportada de se transforma em restaurante. Nesse caso, o destino da aeronave não foi informada. (Texto publicado na edição impressa do Cruzeiro do Sul, de domingo, dia 22)