Mobilidade
Prefeitura anuncia estudo de área na Dom Aguirre para nova rodoviária
Moradores de Santa Rosália se mobilizam contrários a possível escolha por parte da Prefeitura de Sorocaba
Uma área da avenida Dom Aguirre, nas proximidades do trecho inicial da rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho (SP-75), está sendo estudada para receber a nova rodoviária de Sorocaba. A informação foi confirmada nesta terça-feira (16) pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Urbes, que gerencia o trânsito e o transporte de Sorocaba e que deve executar a mudança.
O terreno tem sido objeto de estudos de viabilidade, devido às suas características e dimensões, além da possibilidade de interligação direta entre a avenida marginal e a Castelinho. “O projeto da nova rodoviária está em elaboração. Dessa forma, o modelo de negócios será providenciado na sequência, assim como definido o prazo para o início das obras”, afirma a Urbes. Ou seja, com isso, não é possível saber, até o momento, se o novo empreendimento será realizado via parceria público-privada (PPP).
Atualmente, na área está instalado um circo. As dimensões do local não foram informadas. Logo no início da Castelinho, há uma viaduto, que segundo apurado pelo Cruzeiro do Sul, seria um facilitador de tráfego para a possível nova rodoviária.
A reportagem apurou que o novo terminal não teria saída direta para o bairro, mas apenas entrada pela Dom Aguirre e saída pela Castelinho. Nas proximidades também haveria restrições para alguns tipos de serviços.
Moradores protestam
Ontem, cerca de 50 moradores do bairro se reuniram para tratar do assunto. Além de um abaixo-assinado, eles pretendem realizar uma passeata pelas ruas do bairro, contra o novo empreendimento. O encontro ocorreu em uma igreja. Roberto Rodrigues, que é o tutor do programa Vizinhança Solidária e mora no local há 35 anos, considera inaceitável a nova rodoviária no bairro. Ele cita problemas relacionados ao trânsito, à segurança e à poluição, como fatores que prejudicariam o lugar. “Batalhamos para trazer a Polícia Militar no bairro e agora vem esse elefante branco, esse presente de grego”, critica. “É um absurdo. Vai acabar com o bairro”, desabafa.
Alguns moradores alegam que as ruas do bairros são estreitas, além da questão histórica do lugar, com áreas públicas tombadas. “Fui criada em Santa Rosália. Tenho uma história com o bairro”, diz Vera Helena Migliari, que é membro do Conseg Oeste e se posiciona contra a nova rodoviária no bairro. Morador do bairro há 43 anos, Alexandre Longo sugere que a nova rodoviária seja na Castelinho, mas fora da área urbana. “Precisa ser mais afastada”, diz.
Morador de Santa Rosália há 64 anos, Reinaldo Stevaux cita a possível desvalorização do bairro com o empreendimento. “Não menos importante, ainda tem a questão viária”, adverte. “Tem outras soluções que são possíveis”, defende.
O secretário de Mobilidade e Desenvolvimento Estratégico da Prefeitura de Sorocaba, Carlos Eduardo Paschoini, participou do evento e amenizou a situação. “Se a comunidade não quiser, a gente vai buscar outro caminho. O fato é que Sorocaba precisa de uma rodoviária nova”, afirma. “Não vai começar amanhã. É um estudo de viabilidade. Não há projeto executivo”, garante.
Uma comissão de moradores deverá tratar do assunto direto com o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) nos próximos dias.
Protesto na década de 90
A situação presenciada ontem não é novidade para o bairro, em se tratando de terminal rodoviário. No final da década de 1980, também houve a tentativa de implantação de um novo prédio no local. Da mesma forma, os moradores se posicionaram contra e o projeto foi engavetado durante o primeiro mandato do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB). Texto do Cruzeiro do Sul, de 15 de agosto de 1990, relatava a “revolta” dos moradores. “Tinha quatro projetos e todos foram engavetados”, lembra Claudio Porto de Oliveira, morador do bairro há 36 anos e que participou dos atos contra a rodoviária, há mais de 30 anos.
Polêmicas com o contrato
A Rodo Center, atual rodoviária de Sorocaba, também foi alvo de polêmicas e reclamações. Conforme mostrou reportagem exclusiva do Cruzeiro do Sul, em março de 2018, o contrato com a empresa administrava o local estava vencido desde novembro 1998, quando foi assinado o último instrumento com duração de 120 dias. Após a reportagem, houve intervenção no local, que passou a ser gerido pela Urbes. Logo que assumiu o mandato, em 2017, e como promessa de campanha, o então prefeito José Crespo (Democratas) afirmou que a nova rodoviária seria na rua Padre Madureira. O projeto, que reuniria outros modais do transporte, não saiu do papel, como bem se sabe. (Marcel Scinocca)
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