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Sorocaba

Ambulantes tiram das ruas o sustento próprio e da família

Em julho, 63 pessoas receberam permissão para trabalhar e se tornaram MEI

15 de Agosto de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Matheus chegou há pouco a Sorocaba e vende trufas para se manter.
Matheus chegou há pouco a Sorocaba e vende trufas para se manter. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (29/7/2021))

Apesar da pandemia de Covid-19, os vendedores ambulantes encontram nas ruas de Sorocaba o sustento para suas famílias, enquanto não conseguem uma oportunidade no mercado formal de trabalho. No início de julho, a Prefeitura de Sorocaba entregou 63 Termos de Permissão de Uso para vendedores ambulantes exercerem o seu trabalho formalmente nas ruas da cidade. Ao adquirir o termo de regularização da atividade, os ambulantes passam a se tornar microempreendedores Individuais (MEI).

Os inscritos, que estão aptos para o trabalho, passam por um curso de segurança alimentar com a Vigilância Sanitária, além de contar com assessoria do Espaço Empreendedor, entre outras vantagens administrativas.

Porém, não são todos os vendedores ambulantes que atuam nas ruas de Sorocaba que conseguem o termo de permissão. Além disso, vários deles, muitas vezes, estão temporariamente atuando nas ruas até conseguir um emprego formal ou outro tipo de trabalho.

É o caso do jovem Matheus Sales Ribeiro de Oliveira, 20 anos, que há pouco mais de um mês vende trufas de chocolate na avenida Itavuvu, na zona norte da cidade. Ele conta que ainda não está em busca de um emprego formal porque está há pouco tempo morando em Sorocaba e não conhece quase nada na cidade.

Matheus conta que morava na capital paulista, onde também vendia trufas nas ruas, principalmente no semáforo. “Meu irmão e minha cunhada já estavam morando em Sorocaba e vim morar com eles. Ele também vende as trufas na rua, e com o dinheiro que conseguimos todo mês pagamos o aluguel e as despesas da casa, como água, luz, e alimentação”, disse.

O jovem afirma que ele faz as trufas e praticamente todo o dia vende o chocolate, a R$ 1,00 a unidade, no semáforo na avenida Itavuvu, próximo ao bairro Habiteto. “Nos dias de maior movimento consigo fazer até R$ 100 por dia. Mas, no fim do mês já é mais complicado, pois as pessoas já estão sem dinheiro”, aponta.

Segundo ele, por mês, a venda com as trufas no semáforo chegar a somar R$ 1,5 mil. “Como não conheço quase nada ainda na cidade vou continuar vendendo as trufas”, argumentou.

De ambulante para MEI

Maria Cristina de Jesus, 55 anos, atuou como vendedora ambulante na rua por mais de 20 anos, vendendo todo tipo de produtos. Em 2018, ela conseguiu junto à Prefeitura o Termo de Permissão de Uso para vender doces e balas em frente ao terminal Santo Antônio. Desde então, ela é microempreendedora individual (MEI).

Ela conta que costumava trabalhar sempre na área central da cidade, por ter mais movimento de pessoas nas ruas. “Já vendi de tudo um pouco, desde produtos eletrônicos, brinquedos, DVDs, alimentos, frutas, entre outros. Como ambulante fiquei sempre no Centro, perto do mercado municipal e do terminal de ônibus”, afirma.

Mãe de cinco filhos, Maria Cristina disse que graças ao trabalho como vendedora ambulante conseguiu sustentar toda a família e comemora o fato deles já estarem criados e trabalhando. “Hoje em dia ajudo meu neto e conto com a ajuda da minha filha, que todo dia me traz até o local onde vendo doces e balas”, destaca.

Ela conta ainda que chega ao local para trabalhar por volta das 5h30 e fica até 18h30, quando a filha dele vem buscá-la. “A maior parte dos doces que vendo eu compro em uma distribuidora e alguns faço em casa. Por mês, chego a tirar entre dois a três salários mínimos”, aponta.

Maria Cristina disse que a pandemia atrapalhou um pouco as vendas, principalmente no ano passado. “No começo, quando tudo começou a fechar e com as pessoas mais em casa ficou um pouco ruim. Agora já está praticamente normalizado.”

Desde que passou a ser MEI, ela começou a vender também com máquina de cartão, nas opções débito e crédito, além de dinheiro. “Sempre estou com o papel da minha permissão comigo. Quando a gente está regularizada fica mais tranquilo para trabalhar”, comenta. (Ana Cláudia Martins)