Com nível mais baixo por conta da estiagem já é possível perceber vários pontos de assoreamento no rio Sorocaba. Na última quinta-feira (5), a reportagem do Cruzeiro do Sul constatou vários pontos de assoreamento no leito do rio na altura da avenida Dom Aguirre, próximo ao Parque das Águas, no Jardim Abaeté. O assoreamento é o acúmulo de terra, lixo e matéria orgânica no fundo de um rio.

Questionada a respeito, a Prefeitura de Sorocaba informa que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) não realiza o desassoreamento do rio Sorocaba, e que tal atribuição é de competência do governo estadual, por meio do Departamento de Água e energia Elétrica (Daee). “Como se trata de um rio com interferência em vários municípios é de atribuição do órgão estadual, no caso o Daee, realizar o serviço de desassoreamento do rio”, ressalta.

O Cruzeiro do Sul também questionou o Daee a respeito, que informa que o trabalho de desassoreamento também pode ser realizado pela municipalidade ou por terceiros, desde que solicitado a devida autorização ao Daee.

Porém, o órgão estadual informou que não identificou, até o momento, nenhuma solicitação de Sorocaba ou dos demais municípios da bacia do rio Sorocaba, de pedidos de desassoreamento.

“O Departamento de Águas e Energia Elétrica atende os municípios na elaboração de estudos e projetos, executa serviços e obras, incluindo o desassoreamento de rios, e celebra convênios com os municípios com o objetivo de executar as obras. A Prefeitura interessada em qualquer tipo de atendimento no campo dos recursos hídricos, deve encaminhar sua solicitação ao Daee”, ressalta o órgão estadual.

Conforme o Daee, a bacia do rio Sorocaba abrange os municípios de Ibiúna, Votorantim, Sorocaba, Iperó, Boituva, Tatuí, Cerquilho, Jumirim e Laranjal Paulista. “Não identificamos até a presente data, solicitação desses municípios quanto a pedidos de desassoreamento do rio Sorocaba”, aponta.

O desassoreamento de rios é um trabalho preventivo que visa corrigir os trechos que apresentam bancos de areia, além de evitar o estreitamento da calha e consequentemente preservando seus leitos. Já no período chuvoso, o desassoreamento é importante para prevenir pontos de transbordamentos e alagamentos. Deste modo, o trabalho deve ser feito antes de períodos de chuvas intensas.

O serviço de desassoramento consiste na limpeza e remoção de areia, sedimentos ou outros detritos acumulados no rio.

Deixou de ser constante

Há anos Sorocaba deixou de ter um trabalho constante de desassoreamento do rio Sorocaba. Entre 1993 e 2008, período de 15 anos, a cidade teve uma atuação mais intensa, quando as máquinas eram vistas com uma certa frequência às margens do rio.

Em seguida, as recentes administrações municipais fizeram ações de desassoreamento mais pontuais no rio para a retirada de bancos de areia isolados até 2014.

Depois, até 2017, o rio Sorocaba ficou praticamente três anos sem o trabalho de desassoreamento. A partir de agosto de 2017, o Saae Sorocaba informou que foi feita a retirada de bancos de areia, que se acumularam no leito do rio, decorrentes do carreamento de materiais. Na época, foi identificado nove pontos mais críticos ao longo do trecho urbano do rio.

E em junho de 2018, o Saae Sorocaba, na gestão anterior, anunciou que iria contratar um estudo de empresa especializada para avaliar o desassoreamento do rio Sorocaba, com recursos estaduais e municipais. E em setembro do mesmo ano, os trabalhos foram iniciados em mais dois pontos, na altura da avenida 15 de Agosto e na região do Parque das Águas.

Já em 2020 e em 2021, a Prefeitura de Sorocaba fez algumas ações de desassoreamento, por exemplo, nas bacias de contenção dos parques Carlos Alberto de Souza e Kasato Maru, ambos no Campolim, e no Reservatório de Detenção de Cheias (RDC) do córrego Água Vermelha. (Ana Cláudia Martins)