Os cães policiais costumam ser conhecidos como farejadores em operações de busca e apreensão. Mas eles também podem exercer a ocupação de terapeutas e trabalhar auxiliando crianças e idosos que precisam de apoio emocional.

No canil da Guarda Civil Municipal de Sorocaba (GCM), quem desempenha essa função é Buddy, um golden retriever de 3 anos. Cuidado pelo coordenador da unidade, o GCM Wallington de Almeida Torres, ele é um dos quatro cães em atividade -- ele como terapeuta, além de dois pastores-belga malinois e um rottweiler como cães de operação.

Os animais chegam filhotes à corporação, por intermédio de criadores especializados ou pela doação de pessoas. Em ambos os casos, é necessário passarem por testes, realizados pelos próprios agentes do canil, para avaliar o temperamento e aptidão dos cães para o tipo de trabalho que eles vão desenvolver no futuro. Quando aprovados, logo em seguida são efetivados no canil da GCM.

Cães terapeutas

Buddy chegou ao canil com poucos meses e logo foi aceito como cão terapeuta pelo seu temperamento dócil e sociável, ideal para o animal que vai interagir com diversos tipos de pessoas.

“No caso do cão terapeuta, duas características necessárias são obediência e ser muito permissivo ao toque, porque ele vai interagir com crianças. Existe um processo para ele acostumar a receber diversos tipos de toque no corpo para não estranhar quando uma criança encosta nele. Se ele está adaptado para isso, recebe com naturalidade”, afirma Torres.

Durante os dois anos em que atua como suporte emocional, Buddy foi a hospitais, escolas, instituições que trabalham com crianças com problemas psicomotores e também a eventos. A solicitação para contar com a presença dele é feita por e-mail ao comando da Guarda Civil e exige um agendamento prévio.

Já o trabalho para treinar um cachorro depois de aceito em um canil policial é relativamente curto. Para ensinar um animal a ser farejador, se demora em torno de um ano a um ano e meio. Quando ele é treinado para procurar entorpecentes, é possível encontrar um odor específico entre 3 mil cheiros diferentes.

“O início do treinamento é feito com um brinquedo que ele gosta muito. Primeiro ensinamos o cão a procurar esse brinquedo, depois associamos ele a um cheiro por meio da caixa de odor. Então o cachorro associa um determinado cheiro a um prêmio. Depois retiramos esse brinquedo que ele vê como prêmio e o cão passa a entender que quando ele encontra o cheiro, encontrou a recompensa. De uma forma lúdica, ele aprende essa busca com diferentes graus de dificuldade para aprender a discriminar exatamente o que queremos”, detalha o GCM.

Aposentadoria

Por viver uma vida muito ativa como cão policial, os animais, independente da função que exercem, são “aposentados” aos oito anos -- período em que atingem a terceira idade dos cachorros e não possuem mais a mesma energia e força para o trabalho.

Depois que saem da corporação, normalmente ficam aos cuidados do oficial que foi seu treinador durante seu tempo de atividade. Caso não seja possível, se priorizam outros funcionários do canil que conviveram com o animal, e só em último caso é aberto um processo de adoção envolvendo pessoas de fora da polícia. (Ana Carolina Montoro)