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Saúde

Estado anuncia 26 vagas de hemodiálise em Itapetininga

Departamento Regional de Saúde nega interrupção do serviço em Sorocaba

23 de Julho de 2021 às 00:48
Marcel Scinocca [email protected]
Por semana, ao menos 150 sorocabanos precisam se deslocar para outras cidades para tratamento
Por semana, ao menos 150 sorocabanos precisam se deslocar para outras cidades para tratamento (Crédito: SENADO FEDERAL)

O Governo do Estado sinalizou nesta quinta-feira (22) a abertura de 26 vagas de hemodiálise na cidade de Itapetininga, para pacientes que hoje são atendidos em Sorocaba. Ainda assim, a conta não fecha. Por semana, ao menos 150 sorocabanos -- pacientes e acompanhantes -- precisam se deslocar para outras cidades da região, em especial, Itu, para sessões de hemodiálise. O tratamento, que é de responsabilidade do Estado, ainda gera um custo mensal de cerca de R$ 50 mil para a Prefeitura de Sorocaba. O valor é gasto com o transporte.

Conforme o Estado, as 26 vagas “passam a ser ofertadas no Instituto de Nefrologia e Diálise de Itapetininga, localizado no município homônimo e apto a receber pacientes da região, como moradores de Itapetininga e Itapeva. A medida é fruto da reorganização da Rede de Doenças Renais Crônicas da região e direcionamento de recurso de forma mais assertiva, após análise técnica e definição estratégica pelo Departamento Regional de Sorocaba em benefício ao atendimento dos cidadãos no SUS dos 48 municípios da região. Com isso, o tratamento dialítico tem sido ampliado em serviços de referência mais próximos da residência dos pacientes, o que diminui a necessidade de viagens para passar pelo procedimento terapêutico”, diz nota da Secretaria Estadual de Saúde.

“Em um trabalho conjunto com os gestores da região, conseguimos auxiliar na assistência dos pacientes das microrregiões de Sorocaba, como Itapetininga. Antes, eles precisariam se deslocar três vezes na semana para o tratamento no CHS. Assim, n visa o maior conforto e assertividade na administração da rede regional” explica diretora do Departamento Regional de Saúde (DRS-16), responsável por Sorocaba e mais 48 cidades, Kely Schettini.

A rede regional também já conta com o Centro Diálise Transplante Renal (CDTR) de Sorocaba, localizado na unidade estadual Complexo Hospitalar de Sorocaba, e a Clínica Lundi de Nefrologia, no município de Itu, contando com apoio da Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde (Cross). No total, estes serviços de referência mantêm operação plena para tratamentos ambulatoriais nesta especialidade e atendem cerca de 700 pacientes da região. O Estado não informou quantos pacientes são de Sorocaba.

Ao Cruzeiro do Sul, Kely Schettini afirmou que 200 pacientes são atendidos atualmente no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Ela salientou que o tratamento é muito desgastante e lembrou que o número de vagas em Itapetininga pode subir para 38, ou seja, mais 12 além das 26 anunciadas. “É um trabalho nosso, dentro dessa organização de rede, ampliar na cidade de Sorocaba”, afirmou sem dar detalhes. Ela disse ainda durante a entrevista sobre a abertura de 10 vagas em uma clínica particular da cidade. Atualmente, 122 pacientes são atendidos nessa clínica.

Kely Schettini negou interrupção do serviço em Sorocaba, conforme afirmado em redes socais na quarta-feira (21). “Não há mudança nenhuma”, garante.

Custo municipal

A responsabilidade sobre a hemodiálise, por ser questão de alta complexidade, é de responsabilidade do Estado. Entretanto, além de todo o sofrimento pela peregrinação semanal obrigatória, a Prefeitura de Sorocaba -- e o cidadão sorocabano -- acabam pagando parte da conta. De acordo com o Executivo, aproximadamente 150 pessoas, entre pacientes de hemodiálise e acompanhantes, são obrigados a se descolar para fora da cidade toda semana. Isso gera um custo aproximado de R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano.

Peregrinação semanal

Maria Rita de Souza Feitosa, de 73 anos, precisa de deslocar para Itu três vezes por semana. “É muito desgastante, A gente sai daqui às 8h30 e chega em Itu às 9h20, para, só depois, começar a diálise. Às 15h, a gente retorna para Sorocaba e chega na residência, no Jardim Zulmira, por volta de 16h30”, conta o filho Luiz Antônio Feitosa sobre a rotina. Ele é o acompanhante da mãe na jornada. “Essa é uma situação muito angustiante e cansativa, principalmente para quem já sai debilitada da máquina”, relata. “O povo é muito educado e os profissionais são bons na clínica em Itu, só que uma cidade com porte de Sorocaba devia ter o tratamento há muito tempo”, desabafa.

O custo da Prefeitura de Sorocaba poderia ser maior. É que entre os pacientes da cidade que são atendidos na cidade de Itu, está o senhor Fábio Pavani, de 74 anos. “O trajeto não é nada fácil e ele vai com o carro dele. Carro é uma segunda família. Não é só colocar combustível para rodar, tem um monte de outras coisas e a situação está complicada”, lamenta a filha Kelen Pavani. Essa rotina e esses gastos, ele precisa arcar toda semana, desde janeiro deste ano, quando os rins deles apresentaram mau funcionamento.

A Prefeitura de Sorocaba lembrou que a gestão é executada pela Seção de Regulação e Transporte de Pacientes da Secretaria da Saúde (SES). “Para atender com qualidade e assistir todos os pacientes que necessitem do serviço, o setor atua de segunda a sábado, das 4h às 22h, com vários tipos de veículos: ambulâncias, micro-ônibus e carros de apoio”, conclui. (Marcel Scinocca)