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Covid-19

Teste após vacinação não é recomendado

Segundo a Anvisa, esses testes servem apenas para diagnóstico da doença

16 de Julho de 2021 às 23:59
Ana Claudia Martins [email protected]
Médica Rosana Maria Paiva dos Anjos; "não há embasamento".
Médica Rosana Maria Paiva dos Anjos; "não há embasamento". (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Médicas infectologistas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não recomendam que as pessoas façam testes depois de se vacinar contra a Covid-19 para checar se o imunizante gerou proteção. A Anvisa até divulgou no mês passado um alerta a respeito.

Segundo a Anvisa, os testes para diagnóstico de Covid-19 disponíveis no mercado não devem ser utilizados para atestar o nível de proteção contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) após a vacinação. Isso porque estes testes não têm essa finalidade.

Conforme nota técnica da Anvisa, é importante informar a população que os produtos atuais registrados no Brasil possibilitam somente a identificação de pessoas que tenham se infectado pelo Sars-CoV-2. A Agência informa que os testes atualmente disponíveis não foram avaliados para verificar o nível de proteção contra o novo coronavírus.

Ainda segundo a Anvisa, mesmo quando os testes são usados para a finalidade correta, os resultados fornecidos pelos procedimentos só devem ser interpretados por profissionais de saúde. “Não há embasamento científico que correlacione a presença de anticorpos contra o Sars-Cov-2 no organismo e a proteção à reinfecção. Sendo assim, nenhum resultado de teste de anticorpo (neutralizante, IgM, IgG, entre outros) deve ser interpretado como garantia de imunidade e nem mesmo indicar algum nível de proteção ao novo coronavírus”, informou a Anvisa.

Não recomendam

A médica infectologista e especialista em Saúde Pública, Rosana Maria Paiva dos Anjos, afirma que as pessoas, depois que tomam as vacinas contra a Covid-19, querem saber se estão protegidas e ficam com algumas dúvidas a respeito. Mas, ela não recomenda nenhum teste para tal.

“A população fica muito ansiosa e gosta de saber, querendo retomar suas atividades normais. Mas, nós ainda não temos um exame que traga essas respostas se nós realmente estamos com as defesas preparadas frente à cepa do coronavírus que podemos estar entrando em contato”, alerta a infectologista.

Ela disse ainda que as pessoas ouvem falar dos anticorpos neutralizantes e que os testes sorológicos tipo IgG e IgM podem identificar o grau de proteção das vacinas contra o novo coronavírus, mas não é exatamente assim. “Até o momento não há nenhuma indicação para fazer esse tipo de sorologia, seja depois da doença ou depois da vacinação, porque a gente não vai ter a resposta exata”, afirma a infectologista.

Rosana explica que os anticorpos neutralizantes são aqueles que inibem a ação do vírus por impedirem a sua entrada no organismo. Então, nós não vamos ter nem a replicação viral e nem o adoecimento. “A produção desse tipo de anticorpos ocorre geralmente depois de uma infecção natural da doença, ou após a vacinação. A sorologia deve ser feita com prazo de pelo menos três semanas depois que a pessoa obteve alta da doença ou depois que tomou a última dose da vacina”, destaca.

Já sobre os testes sorológicos tipo IgG e IgM, a infectologista afirma que essas sorologias detectam a presença de anticorpos contra diversos componentes do vírus, mas elas não verificam a capacidade de neutralização. “A simples detecção de um anticorpo não significa afirmar a funcionalidade, ou seja, a capacidade de neutralizar o agente viral. E, até o momento, não há definição de quantos anticorpos neutralizantes, por exemplo, são necessários para se ter uma proteção efetiva imunológica contra o vírus, ou contra as formas graves da doença, ou ainda contra as novas variantes em circulação”, disse a infectologista.

Vacinas são fundamentais

Médica Naihma Fontana: "é desaconselhável" - DIVULGAÇÃO
Médica Naihma Fontana: "é desaconselhável" (crédito: DIVULGAÇÃO)

A médica infectologista Naihma Fontana também não recomenda nenhum teste para identificar a produção de anticorpos contra o novo coronavírus, e defende a importância da vacinação.

“Sabemos que a resposta imune desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos. Tanto a infecção natural quanto a vacinação estimulam o sistema imunológico de forma mais ampla, estimulando a imunidade celular, que exercem importante papel na proteção contra a Covid-19. Além disso, temos a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções”, destaca.

A médica aponta ainda a redução drástica de casos graves e óbitos em indivíduos vacinados em diversos países, inclusive no Brasil, em profissionais da saúde e idosos, independente da circulação de novas variantes. “Portanto, é desaconselhável a dosagem de anticorpos com o intuito de definir proteção, pois isso depende de outros fatores além da dosagem de anticorpos”, destaca Fontana. (Ana Cláudia Martins)

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