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Saúde

Paciente espera por remédio para diabetes desde abril deste ano

Em novembro do ano passado, quase 34,4 mil pacientes diabéticos estavam cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde

16 de Julho de 2021 às 01:38
Marina Bufon [email protected]
Mesmo com ordem judicial, medicamento não é entregue desde abril
Mesmo com ordem judicial, medicamento não é entregue desde abril (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A sorocabana Erika Comitre Vieira, de 46 anos, realiza o mesmo ritual todas as manhãs: faz um teste de glicemia na ponta do dedo, aplica a insulina Levemir (basal) e, dependendo do valor no teste e do que será consumido no café da manhã, aplica também a Novorapid (de ação rápida). No entanto, a paciente de Diabetes Mellitus tipo 1 está, desde abril deste ano, sem receber a Levemir da Secretaria de Estado da Saúde.

Uma caneta de Levemir custa, em média, R$ 83, sendo que, em uma caixa, são cinco delas, totalizando R$ 415 - ela utiliza uma caneta por semana, as quais vêm sendo pagas do próprio bolso.

“O que eles estão alegando é que está em falta. Na terça-feira (13) meu pai foi receber o remédio para mim, mas não tinha. Na segunda (12) eu tinha começado a última caneta na esperança de receber este mês, mas agora terei que comprar novamente”, disse.

Em 2008, Erika entrou com um processo judicial para conseguir os medicamentos necessários para o seu tratamento (Levemir e Novorapid) não pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas por meio da Secretaria estadual, e, desde então, salvo algumas exceções durante esse período, recebe os remédios.

O processo que ela ganhou juntamente com outros pacientes diabéticos de Sorocaba era somente para conseguir as insulinas, já que as agulhas são por conta própria e custam, em média, R$ 90 por mês. Segundo Erika, outros pacientes de Sorocaba estão na mesma situação que ela, sem receber o medicamento.

Em resposta ao caso da sorocabana, a Secretaria do Estado de Saúde informou que o medicamento já está em processo de compra e foi cobrada rapidez aos fornecedores para entrega. “Tão logo ocorra o abastecimento, a paciente será contatada para retirada”. Além disso, a nota ainda afirma que “a insulina Detemir 100 UI/ml, conhecida comercialmente como Levemir, não compõe a lista de itens padronizados pelo Ministério da Saúde para distribuição no SUS. Portanto, o fornecimento deste item ocorre mediante solicitação judicial individualizada, como no caso da paciente”.

Em novembro do ano passado, quase 34,4 mil pacientes diabéticos estavam cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Sorocaba, sendo que mais de 8,7 mil eram insulinodependentes, ou seja, com dependência de insulina para o tratamento da doença. Vale lembrar que nem todas essas pessoas dependem do município ou do Estado para entrega de medicamentos e que o número de diabéticos deve ser maior, visto que esses são apenas os registrados.

Neste ano, em ao menos duas oportunidades as farmácias sorocabanas, de alto custo ou não, sofreram com a falta de medicamentos. Em abril, era difícil encontrar Benicar, Olmesartan e Valsartana (hipertensão arterial); Exodus (antidepressivo); anticoncepcionais (Depo Provera injetável e Allestra 20); Proctyl (hemorroidas); Xigduo XR e Thioctacid (diabetes); e Levolid (repositor hormonal). No início de julho, Enoxaparina Sódica (isquemia e infarto de miocárdio), Levetiracetam (epilepsia), Galvus Met (diabetes) e Diamicron (diabetes) eram os faltantes. (Marina Bufon)