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Aeroporto terá recuo de 150 metros em pista a partir das cabeceiras

O recuo maior deverá ocorrer na "cabeceira sul" do aeroporto, nas proximidades da avenida Adão Pereira de Camargo

08 de Julho de 2021 às 00:01
Estado diz que processo segue recomendações técnicas dos órgãos do setor
Estado diz que processo segue recomendações técnicas dos órgãos do setor (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (1/10/2020))

A pista principal do Aeroporto de Sorocaba sofrerá um recuo de 150 metros a partir das cabeceiras. As informações estão no pacote de obras de um processo licitatório que está em andamento no local, cujas propostas poderão ser apresentadas até esta quinta-feira (8). A alegação do Estado é de que o processo de recuo está baseado em aspectos técnicos.

De acordo com as informações, o recuo maior deverá ocorrer na “cabeceira sul” do aeroporto, nas proximidades da avenida Adão Pereira de Camargo, tecnicamente chamada de cabeceira 36. A citação nominal do recuo ocorre em um dos anexos do processo licitatório.

“Reinstalar um Sistema de Rampa de Aproximação de Precisão (PAPI), de 4 (quatro) unidades de luz para a cabeceira 18 da pista de pouso, do Aeroporto de Sorocaba - SDCO, no Estado de São Paulo, visando fornecer ao piloto uma indicação segura, durante o procedimento de aproximação e pouso. O novo posicionamento surgiu em decorrência do recuo de 100 metros da cabeceira 36”, diz um dos trechos do material.

O documento não traz informações explícitas sobre o recuo da “cabeceira norte”, que termina na avenida Ipanema, no bairro Nova Sorocaba. Entretanto, a informação aparece no mapa sobre a obra. Nesse caso, o recuo será de 50 metros. No mapa, também aparece o recuo de 100 da cabeceira 36.

De acordo com a Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo, a decisão é baseada em aspectos técnicos orientados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Serviço Regional de Proteção ao Voo.

A licitação tem como objetivo a contratação de serviços de engenharia para implantação da operação de voo por instrumento IFR no Aeroporto Estadual de Sorocaba. A sessão pública de abertura deverá ocorrer às 14h desta quinta-feira (8). A projeção é de que todo o processo deva custar R$ 910 mil.

Divididos

Pilotos ouvidos pelo Cruzeiro do Sul divergem sobre a mudança. Um deles diz que esse recuo não inviabiliza o uso da pista, mas pode prejudicar a atividade, uma vez que as aeronaves, por lei, não podem pousar antes da sinalização de cabeceira de pista.

Com esse recuo, essa sinalização será modificada, recuando 100 ou 50 metros, conforme o projeto. Há apontamentos de que, com essa situação, aeronaves maiores podem ter problemas para pousar no aeroporto local, deixando ainda mais distantes voos comerciais a partir de Sorocaba. Há quem diga que há uma tentativa de usar as novas recomendações para tentar atrapalhar a performance do aeroporto.

Por outro lado, o comandante Walter da Cruz Santos, piloto de linha aérea com 40 anos de experiência, afirmou que essas definições são feitas por recomendação. “A distância declarada para decolagem é que nos importa e essa não vai ser penalizada. Para pouso, os aviões têm uma performance muito boa por causa dos freios mais modernos. Então, em síntese, não vai comprometer nossa operação. A gente faz um monte de conta”, acrescenta.

“E as contas que nós fizemos, apesar de pista molhada, com essa redução, os aviões conseguem operar normalmente no típico pouso com segurança. Para efeito de pouso, não vai ter grandes comprometimentos, não; apesar de ter uma redução dessa distância declarada de pouso”, afirma.

Atualmente, são reconhecidos 1.480 metros da pista principal; entretanto, construídos e operando, há 1.630 metros, já que 150 metros estão em processo de reconhecimento. (Marcel Scinocca)