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Saúde

Pfizer fará testes em grávidas de Sorocaba

Objetivo é medir a eficácia e segurança da vacina desenvolvida pela farmacêutica em parceria com a BioNTech

26 de Maio de 2021 às 01:49
Marcel Scinocca [email protected]
Vacina.
Vacina. (Crédito: THOMAS LOHNES / AFP )

Grávidas de Sorocaba participarão de testes clínicos para medir a eficácia e segurança da vacina da Pfizer contra a Covid-19. Elas estarão em um grupo de 200 grávidas acima dos 18 anos e saudáveis, distribuídas em quatro centros de pesquisa pelo País. O anúncio foi feito pela multinacional da área de medicamentos nesta terça-feira (25).

O objetivo do estudo é medir a segurança nas mães e nos bebês, a tolerabilidade e a imunogenicidade da vacina desenvolvida em parceria com a BioNTech, após intervalo de 21 dias entre a aplicação das duas doses. O levantamento também vai investigar a possível transferência de anticorpos para o feto e monitorar os recém-nascidos por aproximadamente seis meses.

Os centros escolhidos para liderar o levantamento no País são o CMPC Pesquisa Clínica, em Sorocaba; o Centro Multidisciplinar de Estudos Clínicos, em São Bernardo do Campo; o Hospital de Clínicas de Porto Alegre; e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. As gestantes brasileiras participarão das fases 2 e 3 do estudo mundial, que envolve um total de 4 mil mulheres entre a 24ª e a 34ª semanas de gestação.

“As mulheres grávidas têm um risco aumentado de complicações e de desenvolver a forma grave da doença. É muito importante reunirmos evidências sobre segurança e eficácia da vacina para este grupo, pensando no binômio mamãe e bebê”, comentou a diretora médica da Pfizer, Márjori Dulcine.

A vacina da Pfizer/BioNTech contra a Covid foi a primeira a receber no Brasil o registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A empresa firmou um contrato com o Ministério da Saúde para fornecimento de 100 milhões de doses até o final deste ano.

Há duas semanas, o Ministério suspendeu a aplicação da vacina produzida pela Universidade de Oxford/Astrazeneca em gestantes e puérperas como medida de precaução, após a morte de uma grávida do Rio de Janeiro que havia sido vacinada. O evento adverso também impulsionou a Anvisa a orientar a interrupção do imunizante nesse grupo.

A orientação mais recente indica que a vacinação em gestantes e puérperas com comorbidades que ainda não receberam a vacina deve ser feita com aquelas que não contenham vetor viral, como a Coronavac ou a da Pfizer. Já para as grávidas sem comorbidades pertencentes a outros grupos, como profissionais da saúde ou de outros serviços essenciais, a imunização fica condicionada à prescrição médica, após avaliação de benefício.

Novo patamar

Alergista e imunologista, Henrikki Antila explica que a pesquisa é um estudo duplo cego randomizado em que mulheres grávidas vão receber inicialmente ou a vacina ou placebo. “As pacientes que receberam placebo, um mês após o parto também vão receber as duas doses da vacina da Pfizer. Isso coloca a cidade de Sorocaba dentre as poucas que estão fazendo pesquisa clínica com a vacina da Pfizer, que tem taxa de eficácia superior às das vacinas atualmente aplicadas na cidade. Mesmo sendo poucas pessoas, serão mais algumas pessoas imunizadas na cidade para ajudar enfrentarmos a pandemia”, afirma.

Ainda conforme ele, além de ajudar na construção de conhecimento científico, esse trabalho vai ajudar imunizando pessoas de Sorocaba. “É interessante ressaltar que a vacinação é a luz no fim do túnel da pandemia, e que sem pesquisa clínica, seja com as vacinas e medicações, o conhecimento médico não avança. Então para ciência e para população é realmente de vital importância que estudos sejam feito para obtermos as informações científicas com a melhor qualidade possível”, acrescenta.

Rebeca Mussi Brugnolli é subinvestigadora desse protocolo. De acordo com ela, o centro de pesquisas CMPC em Sorocaba, além de recrutar gestantes para participar da pesquisa, monitora os outros centros envolvidos. Ela dá detalhes sobre o processo. “Serão recrutadas gestantes no terceiro trimestre para serem vacinadas e acompanhadas durante a gestação, parto e primeiro ano de vida do bebê” conta. “Esse protocolo coloca Sorocaba em outro patamar tanto na área de imunização contra o Covid-19, como referência em pesquisa clínica e, acima de tudo, contribui para o melhor controle da infecção em nossa cidade”, garante.

Como participar

Para participar da pesquisa, conforme Rebeca, é preciso se enquadrar nos seguintes critérios: grávida que estiver no terceiro trimestre; que não tiver sido vacinada contra Covid, que preencha os critérios de inclusão e não tenha nenhum critério de exclusão e que o pai da criança também apoie a mãe a participar da pesquisa. Informações podem ser obtidas pelo telefone 15 97401-5126. (Marcel Scinocca)