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‘Rainha do rádio‘ sorocabano, Zilá Gonzaga morre aos 87 anos

Natural de Porto Feliz, ícone do rádio tinha mais de 70 anos de carreira

13 de Maio de 2021 às 19:38
Marcel Scinocca [email protected]
Radialista tratava de um câncer e faleceu em casa
Radialista tratava de um câncer e faleceu em casa (Crédito: Fábio Rogério Arquivo JCS (2/3/2016))


Considerada a "rainha do rádio" de Sorocaba por seus mais de 70 anos à frente dos microfones, a radialista e cantora Zilá Gonzaga, morreu nesta quinta-feira (13), em Sorocaba, vítima de um câncer descoberto há aproximadamente dois meses. O velório da radialista acontece nesta sexta-feira (14), das 12h às 14h na Ossel da Vila Assis. O sepultamento será no Memorial Park.

Natural de Porto Feliz, Zilá nasceu Francisca Gonzaga e adotou o nome artístico para driblar a resistência do próprio pai que, inicialmente, não aceitava ter uma filha artista. Atuou em radionovelas nas principais emissoras paulistanas, como cantora em programas de auditório e, ainda, foi uma das primeiras locutoras da Ipanema FM, inaugurada no final dos anos 1980.

Pelos últimos 25 anos, apresentou programas de entretenimento nas Emissoras Cacique -- "Show de Mulher", no AM, e "A Hora do Rei", no FM, dos quais estava afastada há aproximadamente um ano, em razão da pandemia da Covid-19.

João Carlos Gomes era amigo de longa data de Zilá. Foram pelo menos 25 anos de convivência. “Uma pessoa maravilhosa, sempre atenciosa. como radialista, dispensa comentário. Sempre profissional e zelosa, uma comunicadora de fato. Ela era conhecida como rainha do rádio. Esse título foi dado a ela por merecimento. Pessoa impar. Praticamente viveu toda a sua vida no rádio”, diz. “Era amada por todos os companheiros de trabalho, não só da Cacique, mas das outras emissoras que ela trabalhou. Era muito querida pelos ouvintes, sempre muito prestativa e atenciosa. O rádio perde uma de suas maiores expressões”, conclui.

Junto com Zilá e o radialista Uriel Santos, faziam o programa "A Hora do Rei", com duas horas de duração. A atração era dedicada ao cantor Roberto Carlos. Devido à pandemia, ela não conseguiu assistir ao último show do artista, por quem tinha profunda admiração.

“Zilá deixará saudades. Sua alegria e o alto astral eram suas marcas registradas”, manifestou Edi Correa Leite, também amigo pessoal da radialista. "Era uma companheira de mais de 35 anos. Falava para todo mundo que eu era o filho que ela não tinha. Ela brilhou bastante enquanto enquanto viva e continuará brilhando para todas as pessoas que gostavam dela, inclusive eu”, diz o professor e radialista Luiz Carlos Rodrigues.

Repercussão

A morte de Zilá teve repercussão imediata, em especial nas redes sociais. O presidente da Câmara de Sorocaba foi o primeiros e dar condolências. Em nota, Cláudio Sorocaba (PL), manifestou seu profundo pesar com o falecimento da radialista. "Eu sou fã da Zilá e sempre ouvia ela no rádio. Tive a alegria de encontrá-la várias vezes e sempre falava que ela lembrava minha falecida mãezinha. É uma grande perda para Sorocaba, para a comunicação. Nós ficamos mais tristes, o rádio fica mais tristes sem a voz da Zilá", afirmou.

O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) também se manifestou. É com muito pesar que recebo a notícia do falecimento da radialista Zilá Gonzaga. Sua trajetória profissional está ligada diretamente à história do rádio em Sorocaba, que perde uma de suas maiores expoentes. Meus sinceros sentimentos e que Deus conforte o coração dos familiares e amigos", disse o chefe do Executivo.

"A tristeza é imensa para quem conviveu profissionalmente com Zilá Gonzaga. Apaixonada pelo rádio, profissional -- super disciplinada, sempre procurando compartilhar com os mais novos suas experiências. Tinha um carinho tão especial pelos seus ouvintes que fazia questão de participar de um grupo denominado as “radiais”. O rádio AM era sua casa, entretanto se adaptou as novas tecnologias e no FM dava um show aos domingos com a Hora do Rei. Vai ser difícil não ouvir mais a voz da nossa querida Zilá Gonzaga; entretanto deixa o legado de como se comunicar com seu público de maneira doce e amorosa”, afirmou o jornalista Oliveira Júnior, também colega de trabalho da radialista.

“Sorocabana de coração e escolha. Não trabalhamos juntas, mas sempre a admirei como sua fã, pela forma envolvente com que embalou manhãs, tardes e noites. Mulher de fibra e sempre elegante, não apenas no vestir, mas no trato com as pessoas, em suas entrevistas, nas brincadeiras”, lembra a radialista Maria Helena Amorim, da Cruzeiro FM . “Foi umas poucas mulheres negras a trabalhar no rádio sorocabano e sempre com maestria. Nos deixou em um dia emblemático, a abolição da escravatura no Brasil. Uma mulher que viveu e pregou a liberdade. Zilá, uma mulher surfada nas ondas do rádio, vai fazer falta’, termina.

Homenagens em vida

Zilá recebeu o título de cidadã sorocabana em 2005, por iniciativa do então vereador Francisco Moko Yabiku. Em 2016, alunos de um curso de jornalismo de uma universidade de Sorocaba produziram um documentário inédito sobre a carreira de Zilá Gonzaga. A jornalista Luana Trevizan participou do trabalho, que serviu para conclusão de curso. “Ela foi um exemplo que pode ser usado por gerações. A gente conta que ela era uma mulher e conseguiu um feito esplêndido no rádio. É um orgulho imenso ter tido esse contanto com a Zilá”, afirma.

O material, com cerca de 30 minutos, enfatiza toda a influência de Zilá nas rádios sorocabanas e reuniu depoimentos de amigos, cantores famosos e colegas de profissão e trabalho. (Colaborou Eric Mantuan)

 

Atualizado às 22h53 com as informações sobre o velório e sepultamento da radialista.