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Sorocaba gastou R$ 140 milhões com lixo doméstico

Valor relativo aos últimos oito anos considera custo para destinação final dos resíduos em aterro sanitário

09 de Maio de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Diariamente a cidade envia 500 toneladas de lixo para o aterro.
Diariamente a cidade envia 500 toneladas de lixo para o aterro. (Crédito: PEDRO NEGRÃO / ARQUIVO JCS (1/4/2014))

Sorocaba gastou quase R$ 140 milhões nos últimos oito anos para a destinação final dos resíduos sólidos domiciliares produzidos na cidade. As informações estão em um levantamento realizado pelo jornal Cruzeiro do Sul com base em informações públicas disponíveis no Portal da Transparência da Prefeitura de Sorocaba. Mais de 500 toneladas são enviadas diariamente para um aterro privado na cidade de Iperó. O porcentual de reciclagem do total produzido na cidade caiu para cerca de 3%.

Os valores levantados levam em consideração apenas os pagamentos feitos à empresa atual a partir de 2013. De acordo com as informações, foram gastos R$ 2.802.695,87 no primeiro ano analisado. Em 2014, o valor subiu para R$ 13.444.143,74. Em 2015, passou para R$ 13.900.265,86, subindo para R$ 17.826.935,00, em 2016. No ano seguinte, caiu para R$ 16.856.776,56. Entretanto, teve aumento de novo em 2018, indo a R$ 20.273.624,74. O aumento maior, porém, foi registrado em 2019, quando foi a R$ 27.844.781,68. No ano passado, houve queda de mais de R$ 2,5 milhões, chegando a R$ 24.025.897,86. Neste ano, foram gastos R$ 3.868.644,30. No total, foram gastos R$ 140.843.765,61 no período analisado.

A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informou que a disposição final de resíduos sólidos domiciliares e comerciais no Aterro Sanitário de Iperó ocorre por meio do contrato com a empresa vencedora da concorrência pública 15 de 2019, no processo licitatório 593 de 2019.

Em média, são 552,70 toneladas de resíduos encaminhados ao aterro, por dia -- aumento de 10% se comparado a 2019. Atualmente, cerca de 2% do total de resíduos são reciclados -- redução de cerca de 33% com relação ao porcental divulgado em 2019. A coleta seletiva é realizada por meio da Coopereso e Coreso, cooperativas de reciclagem que mantêm acordo de cooperação com a Prefeitura de Sorocaba.

“A Prefeitura tem realizado análises para ampliar a coleta seletiva por meio de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) em áreas públicas, como parques, praças e escolas, bem como em Ecopontos”, finaliza o Executivo.

Precisa de investimento

Jogar na coleta seletiva e na reciclagem a esperança de desviar mais lixo de aterro é possível, mas tem que ter investimento e investimento pesado. A opinião é de Sandro Donnini Mancini, especialista em materiais e reciclagem e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Não dá para só exigir dos catadores, eles fazem até mais do que podem por uma retirada mensal bem baixa, às vezes, menor que o salário mínimo. Se for para tentar resolver, temos que mirar nos países desenvolvidos e tentar chegar lá aos poucos, mas isso vai exigir dinheiro e planejamento”, afirma.

“Tem que ter mais comprometimento da população, novas tecnologias de coleta, de separação, de reciclagem, de compostagem, de tratamento. Tudo isso é considerado melhor que o aterramento (é o se chama de hierarquia de gestão de resíduos sólidos). Só que no Brasil nós temos os catadores, que em geral não existem em países desenvolvidos, e eles tem que ser incluídos nesse planejamento e serem beneficiados por esses investimentos, por essas tecnologias. Essa junção do que tem no exterior com a realidade brasileira é perfeitamente possível de ser feita e tende a ser muito vantajosa para os catadores e para o país”, garante.

Ainda de acordo com Mancini, o preço pago por Sorocaba não está caro e nem barato, mas na média do mercado. “É isso aí mesmo. A boa notícia é que Iperó tem um dos melhores aterros do Brasil, segundo levantamento anual que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cestesb) faz. Outra boa notícia: aterro é muito melhor que lixão em termos ambientais. Lixão é algo criminoso, aterro é legal”, conclui.

Nesse valor, de mais de R$ 140 milhões, não estão inclusos a coleta e o transporte dos resíduos até Iperó. O montante também não inclui R$ 10.461.012,83, que estão relacionados ao lixo hospitalar coletado da rede pública da cidade. (Marcel Scinocca)