Especial Dia das Mães
Dra. Olinda é a médica mais antiga de Sorocaba
Aos quase 90 anos de idade, dona Olinda Piedade Mendes Amparo olha para trás e sabe que a família que construiu, dentro e fora de casa, é especial. Médica formada na segunda turma de Medicina da PUC, de Sorocaba, hoje ela mora sozinha e possui três cuidadoras. Mas a briga é acirrada entre os filhos para ficar com ela aos fins de semana.
“Tenho uma mordomia boa, mas no final de semana os filhos fazem o plantão entre eles. Eles brigam para ficar comigo, porque os mimo demais, faço tudo o que eles gostam. São cinco no total, o último tive com 47 anos, foi gravidez de risco, e nove netos. O mais velho tem 30 anos e o mais novo tem dez, amo demais todos eles”, conta ela.
Nascida no Mato Grosso, paulista desde os três anos e sorocabana há 70, Olinda é a médica mais antiga da cidade e fundou a Unimed por aqui, numa época em que havia poucas médicas mulheres. Foi ginecologista (mas não obstetra), tendo trabalhado muito tempo com pré-natal, portanto, com muitas mamães.
“Foi uma coisa muito boa na minha vida. Ensinei a amamentar, dei diversas palestras sobre maternidade... E eu tinha muito leite, amamentei outras crianças também. Certa vez, me lembro que uma criança chorava muito no posto de saúde e descobri que o motivo era fome. Eu não aguento ver bebê chorando, e a mãe dele tinha morrido, por isso não havia leite. Levei a criança para dentro, amamentei, ele até dormiu. As pessoas pensaram que dei remédio para ele parar de chorar, mas era alimento”.
Neste Dia das Mães, amanhã, o presente para dona Olinda será um celular, para que ela fique cada vez mais perto dos filhos e netos, os quais insiste em afirmar que são incríveis e cuidam muito bem dela. Com todos os protocolos de segurança, eles devem todos se encontrar para comemorar.
“Eu não enxergo muito bem, mas eles me prometeram que o celular é dos bons, vou poder falar com eles todos os dias. Já faço isso, mas disseram que com o celular é melhor”.
“Agora por causa desse bichinho aí (Covid-19), eles estão restringindo tudo e está certo, mas vamos nos encontrar, com distanciamento e máscara. Eles mesmos vão trazer as comidas. Uma família muito boa, muito unida, muito alegre. Tem que ter otimismo que tudo isso vai passar... É o que sempre falo: todos têm problemas, mas não se deve carregar o problema para todo lado. A plantação é livre, a colheita é obrigatória”, finaliza. (Marina Bufon)