Buscar no Cruzeiro

Buscar

Especial Dia das Mães

À luta: Mazé Lima nunca deixou o ativismo de lado

07 de Maio de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Maria José de Almeida Lima.
Maria José de Almeida Lima. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

De riso fácil e voz forte, Maria José de Almeida Lima, mais conhecida como Mazé, atendeu ao telefone e o que era para ser uma entrevista virou uma conversa. Logo de cara, uma curiosidade: 6 de maio, ontem, foi seu aniversário, mas “nem tanto”.

“Fui registrada nesse dia porque meu pai não tinha dinheiro para pagar o cartório, era comum na época. Eu nasci no dia 24 de abril e quando ele recebeu o salário no mês seguinte, me registrou. Isso é bom, porque comemoro duas vezes. Amo festa”, disse Mazé.

O aniversário foi comemorado dia 24 como será celebrado também o Dia das Mães, no domingo. Com quatro filhos e sete netos, ela receberá cada núcleo familiar em um horário diferente (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar), a fim de evitar aglomerações.

“Nós estamos nesse acordo familiar desde o ano passado. É muito bom, porque posso dar atenção particular para cada um e faço de uma maneira que todos comam de tudo. Adoro cozinhar”, explica. Mazé foi secretária da Cidadania de Sorocaba de 2005 a 2012, depois atuou como assessora da Secretaria do Trabalho e presidente do Conselho da Mulher por oito anos. Fundou o Momunes -- Movimento de Mulheres Negras de Sorocaba, uma ONG hoje muito respeitada.

“Administramos três creches, uma casa de acolhimento de crianças, com parceria da Secretaria da Justiça, e uma casa de acolhimento para mulheres. Ano passado inauguramos repúblicas para jovens que saem das casas após completarem 18 anos. Meu foco total agora é criar uma entidade para dar capacitação a esses adolescentes”.

Casada há 55 anos com Lima, artista plástico e professor da História da Arte, Mazé sempre lutou, com arte e força, contra o racismo e até levou os filhos para manifestações e greves, numa época em que ser mãe era diferente.

“Acho que consegui isso porque tenho uma parceria muito grande no meu casamento. Quando eu não estava presente, ele estava. Eu venho de uma família negra, a gente vive muito em comunidade, não se resume a mãe e pai. A gente fez da família um ideal. Lutamos juntos”.

“Hoje as avós são muito jovens, 40 e poucos anos. A dificuldade das mães é diferente do meu tempo, elas precisam de ajuda, de creches, porque elas têm que trabalhar e ainda ganham menos do que os homens, como vão colocar uma babá em casa? E, na pandemia, ou perderam emprego ou trabalharam dobrado em home office cuidando dos filhos”. (Marina Bufon)

Associação Comercial de Sorocaba - ACSO
Associação Comercial de Sorocaba (crédito: ACSO)