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Pandemia

Promotora do Gaeco, Maria Aparecida Castanho, falece por Covid-19

Maria Aparecida estava internada no Hospital Unimed em Sorocaba

05 de Maio de 2021 às 18:17
Cruzeiro do Sul [email protected]
Maria Aparecida Castanho, promotora Ministério Público - operação Casa de Papel
Maria Aparecida Castanho, promotora Ministério Público - operação Casa de Papel (Crédito: Vinicius Fonseca)

A promotora Maria Aparecida Castanho, que atuava no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) contra o crime organizado, faleceu nesta quarta-feira (5) por conta de sequelas relacionadas à Covid-19. Ela estava internada no Hospital Dr. Miguel Soeiro, da Unimed Sorocaba havia quase dois meses.

A promotora do Gaeco era bastante conhecida na cidade e região por conta de sua atuação no MPSP. Em Sorocaba, por exemplo, ela foi muito atuante em várias investigações por meio do Gaeco, e que tiveram bastante repercussão na sociedade sorocabana.

Uma das mais recentes investigações comandadas pelo Gaeco e que a promotora Maria Aparecida Castanho atuou foi a Operação Casa de Papel, que investigou contratos sob suspeita na Prefeitura de Sorocaba em 2019. A investigação ocorreu em conjunto com a Polícia Civil, MPSP e Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP).

Natural de São Caetano, a 14ª promotora de Justiça de Sorocaba ingressou na instituição por meio do 79º Concurso de Ingresso na Carreira do Ministério Público de São Paulo, tendo sido nomeada substituta da 22ª Circunscrição Judiciária (Itapetininga) em 19 de novembro de 1997.

Maria Aparecida também atuou na Promotoria de Combate a Violência Doméstica e, atualmente trabalhava na Promotoria de Combate a Improbidade Administrativa. Ela deixa esposo e três filhos.

Apás contrair o novo coronavírus, a promotora chegou a ser entubada. No meio do tratamento, contraiu uma bactéria, provocando o agravamento de seu estado de saúde.

Repercussão

O falecimento da promotora do Gaeco por conta da Covid-19 gerou mensagens de condolências de grande parte da sociedade civil, bem como as autoridades do Executivo, Legislativo, entre outros. O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) lamentou o fato. ”Infelizmente ela é mais uma vítima dessa doença terrível que tem assolado o mundo. Que Deus possa consolar o coração de toda a família e que a gente possa sempre lembrar do excelente trabalho que ela fez no Ministério Público, sempre muito atuante em nossa cidade”, afirma.

A Câmara de Sorocaba, por meio de seu atual presidente, Cláudio Sorocaba, disse que “lamenta profundamente a morte da promotora Maria Aparecida Castanho, que por tantos anos lutou por Sorocaba no Ministério Público”. “Cida Castanho era incansável na sua luta pela Justiça e fará muita falta. Sua história à frente do Gaeco nunca será esquecida pela nossa comunidade. Infelizmente, é mais uma vítima da Covid-19, que tanto tem feito sofrer o nosso povo”, disse o presidente da Câmara.

“Estou muito triste. Ela era uma irmã que não tive, uma pessoa maravilhosa, competente e empenhada e sempre vendo o bem do próximo, ajudando e auxiliando as pessoas. Vendo o bem da sociedade em primeiro lugar e sempre amparando todos. Vai fazer muita falta para todos nós. Uma pessoa maravilhosa, uma imã que perdi”, diz Wilson Negrão, responsável pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).

A morte também repercutiu na Polícia Militar. “É com profundo pesar que recebemos a mensagem do passamento da Dra. Maria Aparecida, nossa amiga e parceira. Agradecemos imensamente o tempo que tivemos a oportunidade de com ela trabalhar, pela excelente convivência ressaltando que será para sempre lembrada pelo profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência e competência. Temos a certeza de que ela já está sendo amparada e recrutada pelo Senhor para uma nova missão. Aos familiares e amigos nossos sinceros sentimentos”, escreveu o tenente Coronel PM Fernando de Agrella, comandante do Sétimo Batalhão de Polícia Militar do Interior - Sorocaba (CPI-7).

MP em luto.

Com o título “MP de luto”, O promotores Cláudio Bonadia e Helena Cecilia enviaram uma mensagem em nome do Gaeco. “O Gaeco Sorocaba pranteia a perda de sua promotora Maria Aparecida Rodrigues Mendes Castanho. Partiu para a mansão celestial nossa amada Cida, como era conhecida a promotora de justiça Secretária Executiva do Gaeco Sorocaba. Mulher inteligente, forte, batalhadora, intransigente em seus valores, na sua fé e no amor à família e amigos. Pessoa de simples trato, recebia a todos com um sorriso largo, peito aberto, jeito amigo, e era assim que cativava a todos que cruzassem seu caminho. Impossível resistir ao seu sorriso luminoso e não rir quando ela gargalhava. Seu olhar perseverante e crédulo, iluminava qualquer ambiente e sua alegria contagiava a todos”, diz o trecho inicial do material.

“Amou o Ministério Público e suas funções no Gaeco de modo ímpar. Morria de orgulho de ser “gaequeira” e “harleyra” e foi leal a essas suas paixões até o último instante. Como promotora de justiça, ousou, elevou o Ministério Público a um patamar superior, e fez valer sua atuação em cada folha de papel que leva seu nome e o da Instituição que dignificou. Além de promotora de justiça cumulou as funções de boa esposa, mãe amorosa, amiga verdadeira. Após lutar como uma verdadeira gladiadora, aguerrida, incansável, corajosa, firme e leal, o Pai a chamou para perto Dele para que ela agora descanse em seus braços e desfrute a vida eterna”, acrescenta.

Promotores de outras áreas do MP também se manifestaram. “Muito triste essa notícia. Dra. Maria Aparecida era uma grande colega e amiga. Uma guerreira, promotora altamente competente e combativa em prol dos interesses da comunidade. Uma perda irreparável para o Ministério Público e para a população de Sorocaba e região. Minhas condolências à família”, diz o promotor Jorge Alberto Marum.

O Promotor Antônio Farto Neto afirmou estar consternado ao comentar a morte da promotora, “O Ministério Público está em luto. Perdemos uma grande guerreira”. Ele lembra que a promotora sempre foi muito querida entre os colegas e temida pelos criminosos. “Ela atuou em diversos processos de grande repercussão em Sorocaba e na região”, lembra Farto. O promotor ainda destacou ter sido ela a maior responsável pela instalação do Gaema, o Grupo de Atuação Especial de Proteção ao Meio Ambiente em Sorocaba.

A promotora Cristina Palma também comentou a morte de Cida. “Ela era uma irmã para mim. Conhecia há vinte anos”, comenta. As duas trabalharam juntas na cidade de Tietê por dezesseis anos. “Viemos juntas para Sorocaba. Ela sempre me chamava de irmã de coração”, diz a promotora.

“Ela deixa um legado de importantes serviços prestados ao MPSP, notadamente em virtude de seu trabalho no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)”, diz o Ministério Público em nota de pesar. (Marcel Scinocca)