Comércio virtual
Compras on-line aumentam na pandemia; armadilhas também
Seguindo dicas importantes e um pouco de atenção, é possível prevenir-se
A chegada do novo coronavírus mudou completamente vida de todos. Com o abre e fecha dos comércios e as medidas de isolamento social, ficou um pouco difícil frequentar estabelecimentos para ir às compras. E a solução encontrada foi o comércio virtual. Isso porque o processo de compra se torna muito mais fácil e prático pela internet. De qualquer lugar, pelo computador ou pelo celular, é só escolher o produto, checar o preço e, com um clique, finalizar a compra.
Não é a toa que durante a pandemia as vendas on-line aumentaram. Só no Brasil, de acordo com a pesquisa Shopping During The Pandemic, realizada pela Ipsos, 47% da população passou a fazer mais compras virtuais do que fazia antes da pandemia. Mas com isso, aumentam também a prática de golpes, que causam prejuízos e dão muita dor de cabeça.
O comércio virtual também atraiu novos consumidores durante a pandemia. Mais de 20 milhões de brasileiros fizeram uma compra pela internet em 2020 pela primeira vez. É o que estima a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). De acordo com um levantamento da associação, realizado em parceria com a Neotrust, no ano passado foram realizadas mais de 301 milhões de compras pela internet. Esse montante impulsionou o crescimento das vendas on-line, com alta de 68% na comparação com 2019, e elevou a participação do e-commerce no faturamento total do varejo, que passou de 5% no final de 2019 para um patamar acima de 10% em alguns meses do ano passado.
Com toda essa repercussão, o setor de vendas on-line registrou um salto recorde em 2020. Porém, ao mesmo tempo em que as compras on-line são mais práticas e somam pontos positivos para a economia brasileira, elas estão sujeitas a golpes pela internet. Sites falsos, clonagem de cartões, páginas fakes em redes sociais, os crimes cibernéticos estão cada vez mais criativos. É o que destaca o delegado da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba, Rodrigo Ayres da Silva. “De fato, conseguimos constatar um aumento de golpes, estelionatos e crimes cibernéticos nos últimos meses”, afirma. Entre as abordagens mais frequentes, o delegado destaca a clonagem do WhatsApp, a utilização de motoboy para retirar cartões bancários e os boletos falsos.
Mas com dicas simples e um pouco de atenção, fica mais fácil prevenir-se e evitar esses tipos de golpes. Segundo Rodrigo, é importante reforçar a segurança dos aplicativos, utilizando sempre a verificação por duas etapas, e desconfiar a origem das mensagens recebidas, seja solicitando informações pessoais ou então empréstimo de dinheiro. “É importante evitar ao máximo passar dados pelas redes sociais”, frisa. No caso do comércio on-line, Ayres orienta realizar a compra em sites conhecidos e sempre verificar o link das lojas virtuais. “É importante ver se não existe algum erro de português ou algo que difere do site comum. E também evitar deixar cartões cadastrados em lojas virtuais”, reforça.
E quando alguém cai em algum desses golpes, o que é preciso fazer? De acordo com o delegado, a pessoa precisa reunir o máximo de informações que conseguir, como print da página das compras realizadas, guardar os comprovantes de pagamento e anotar endereços de e-mail, e registrar um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Estado de São Paulo, que pode ser feito presencialmente na delegacia ou pela internet. “Isso é de extrema importância, estamos tratando de uma organização criminosa. E, às vezes, a mesma pessoa que agiu contra você, pode agir contra uma outra pessoa”, explica ao dizer que esse processo auxilia nas investigações.
Compra segura
Para compra segura na internet, é preciso alguns cuidados. André Feitoza, tecnólogo em redes de computadores e especialista em segurança da informação, orienta que as compras sejam realizadas preferencialmente em um computador pessoal, com antivírus atualizado, utilizando um Wi-Fi seguro, que não seja público. “Assim, você evita interceptações”.
André recomenda que as compras sejam realizadas em lojas e sites confiáveis. “É importante pesquisar a reputação. Para isso, basta pesquisar na internet e ligar algumas vezes no SAC do estabelecimento, para ver se há atendimento ao consumidor”. O especialista também recomenda evitar realizar compras clicando diretamente nos links recebidos por e-mail, com promoções. “Normalmente esses links não são confiáveis. É recomendado acessar o site diretamente no navegador e realizar a compra utilizando cartão de crédito, assim fica mais fácil reaver o dinheiro caso haja algum problema. É preciso desconfiar de preços muito baixo”, completa.
Na hora de verificar se um site é confiável, André explica ser necessário observar duas coisas: se há um cadeado no navegador, que fica na barra de endereço do site que está sendo acessado e verificar se o endereço do site inicia com https. (Jéssica Nascimento)