Buscar no Cruzeiro

Buscar

Sorocaba

Estudante impedida de cursar na USP tem propostas de emprego

30 de Abril de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Elisa, de 17 anos, é adepta do homeschooling e não conseguiu diploma do ensino médio.
Elisa, de 17 anos, é adepta do homeschooling e não conseguiu diploma do ensino médio. (Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

A vida de Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, virou de cabeça para baixo depois que ela foi à imprensa falar sobre sua situação, ainda não resolvida. Até mesmo propostas de emprego a estudante sorocabana, que é adepta do homeschooling e passou na Universidade de São Paulo (USP) em engenharia civil, recebeu.

Elisa entrou na Justiça para tentar obter o diploma do ensino médio por meio do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) antes de completar os 18 anos e, assim, poder cursar o ensino superior. No entanto, a resposta não chegou a tempo.

“Achamos que, falando com a imprensa, poderia haver algum tipo de pressão, mas nada certo. Não fiz a prova (que aconteceu em 25 de abril), então entramos com um novo processo em São Paulo para que eu possa fazer a matrícula na USP sem o diploma e, depois, consegui-lo com o Encceja, que deve ser em agosto”, explicou ela.

A vaga na Universidade de São Paulo já não é mais dela, porque não houve realização de matrícula. No entanto, Elisa está confiante de que, se a liminar for aceita, haverá a determinação de que a faculdade aceite a jovem.

“Muita gente pensa que tentei burlar as regras, mas eu sabia que havia precedentes de conseguir o diploma antes de terminar o ensino médio. Quando eu saí da escola, estava frustrada com o sistema tradicional e queria causar algum impacto. Eu entrei na Justiça porque isso já tinha sido feito antes. Às vezes é preciso mostrar que algumas leis são antiquadas e precisam ser mudadas”.

Ofertas de emprego

Se ainda aguarda alguma resposta sobre sua liminar na Justiça, a sorocabana conseguiu atrair atenção de vários empresários com propostas de emprego, mesmo que ainda não oficiais.
“Alguns empresários, de dentro e fora de Sorocaba, vieram falar comigo, de diversas áreas, sobre propostas de emprego. Não tem nada oficial. Até o Thiago Nigro (criador do canal O Primo Rico) me mencionou no Twitter, mas ele é ocupadíssimo, não conversamos. Não tem nada oficial, mas eu realmente quero priorizar meus estudos”.

Além dessas propostas, Elisa também ganhou bolsas de estudos nas áreas de marketing e programação, além de ter conseguido créditos on-line para realizar duas matérias de engenharia em uma faculdade do Texas - sem o diploma do ensino médio, ela não conseguiu sair da lista de espera em universidades norte-americanas também.

“Fiquei muito surpresa com a repercussão do caso, muita gente a meu favor. Eu não tenho nenhum partido, nenhum interesse financeiro, só quero falar de educação, porque liberdade educacional deveria ser de interesse geral. Estou tomando muito cuidado para não me juntar a um lado da coisa, porque eu sinto que, em questão da educação, você não deve politizar nada”, disse.

Elisa de Oliveira Flemer agora aguarda os próximos capítulos desta novela. Caso a liminar não seja aceita novamente, ela focará suas atenções nos estudos “tradicionais”, mas também no alemão e nos cursos que ganhou, além de tentar aplicar novamente para faculdades nos Estados Unidos, um grande sonho. (Marina Bufon)