Buscar no Cruzeiro

Buscar

tráfico de mulheres

Tráfico internacional de mulheres é investigado pela Polícia Federal

Seis pessoas foram presas nesta terça-feira (27): uma em São Paulo e duas no exterior. Há pelo menos 200 vítimas

28 de Abril de 2021 às 01:58
Cruzeiro do Sul [email protected]
Delegados federais Rogério Giampaoli e João Luiz Moraes Rosa
Delegados federais Rogério Giampaoli e João Luiz Moraes Rosa (Crédito: Fábio Rogério (27/4/2021))

Um grupo investigado pela Polícia Federal de Sorocaba por tráfico internacional de mulheres e adolescentes teria feito pelo menos 200 vítimas. O anúncio foi feito pelos delegados federais João Luiz Moraes Rosa e Rogério Giampaoli, na sede da Polícia Federal em Sorocaba, durante coletiva à imprensa, nesta terça-feira (27) pela manhã.

Até o início da tarde desta terça, seis pessoas tinham sido presas, sendo uma em São Paulo, em uma residência de luxo, e duas no exterior: uma em Portugal e outra na Espanha.

Segundo o delegado da Polícia Federal de Sorocaba, João Luiz Moraes Rosa, responsável pela investigação, os policiais de Sorocaba identificaram uma rede de aliciadores de mulheres para exploração sexual no Brasil e no exterior.

A operação, chamada “Harem BR”, foi deflagrada por policiais da sede da Polícia Federal da cidade e cumpriu nove mandados de busca e apreensão e oito de prisão preventiva. Além disso, alguns investigados foram incluídos na lista vermelha de prisão da Interpol.

Conforme o delegado Moraes Rosa, o grupo criminoso usava principalmente as redes sociais para aliciar as vítimas. “Eles se apresentavam como representantes de uma marca de maquiagem e com isso tentavam ganhar a confiança das mulheres, incluindo adolescentes, com falsas promessas de ensaios fotográficos para as clientes e até ofertas de emprego. Mas, na verdade, elas eram aliciadas para o tráfico internacional e exploração sexual, sendo inclusive levadas para outros países, em alguns casos, até com documentação falsa”, afirma.

Moraes Rosa disse ainda que as investigações da chamada operação “Harem BR” começaram em 2019, em inquérito policial que tramita na Delegacia de Polícia Federal em Sorocaba.

Os nove mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Sorocaba e foram cumpridos em São Paulo (SP), Goiânia (GO), Foz do Iguaçu (PR), Venâncio Aires (RS), Lauro de Freitas (BA) e Rondonópolis (MT).

Além disso, também foram expedidos oito mandados de prisão preventiva, sendo que seis deles foram incluídos na Difusão Vermelha da Interpol após a Polícia Federal identificar a possibilidade de os suspeitos estarem fora do país, mais precisamente no Paraguai, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Austrália.

De acordo com a Polícia Federal, o grupo é investigado pelos crimes de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável; tráfico de mulheres para fins de exploração sexual; falsidade material e/ou ideológica e uso de documento falso; favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e rufianismo, que é obter lucro por meio da exploração de prostituição alheia.

O delegado da Polícia Federal de Sorocaba disse ainda que, nos próximos dias, cerca de 20 pessoas, entre elas vítimas e integrantes do grupo que já foram presos, serão ouvidas pelos policiais.

“O homem preso em São Paulo, por exemplo, é apontado como o principal alvo do esquema criminoso. Já a mulher presa em Portugal é suspeita de envolvimento com uma rede de prostituição nos Estados Unidos, e a mulher detida na Espanha atuaria como uma espécie de “despachante” do grupo, ou seja, ela era responsável por providenciar a documentação das vítimas para outros países, inclusive, documentação falsa”, diz Moraes Rosa.

Início das investigações

As investigações da operação “Harem BR” começaram a partir do desdobramento de outra investigação da Polícia Federal de Sorocaba, chamada de “Nascostos”, e que desarticulou um grupo de estelionatários, que praticava fraudes pela internet, mediante a clonagem de cartões de crédito.

Segundo a Polícia Federal de Sorocaba, durante a apuração, os policiais identificaram que algumas compras realizadas com os cartões adulterados foram de passagens aéreas para Doha, capital do Catar, que tiveram como passageiras duas garotas de programa.

As mulheres eram vítimas de exploração sexual e relataram que teriam sido agenciadas para a prática de prostituição, com cerceamento de direitos.

Com o avanço das investigações, identificou-se uma rede de agenciadores e aliciadores que atua na exploração sexual tanto em território nacional quanto no exterior.

Até o momento, a operação apurou que os países nos quais houve viagens para fins de exploração sexual são Brasil, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Catar e Austrália.

Ainda, segundo a Polícia Federal, há indícios, também, de que em algumas viagens ao Paraguai foram agenciadas garotas menores de 18 anos. (Ana Cláudia Martins)