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Sorocaba

Moagem local da LafargeHolcim está inativa há cinco anos

28 de Abril de 2021 às 00:01
Jomar Bellini [email protected]
A planta em George Oetterer foi desativada em janeiro de 2016, segundo o sindicato da categoria.
A planta em George Oetterer foi desativada em janeiro de 2016, segundo o sindicato da categoria. (Crédito: Divulgação)

Prestes a ser colocada a venda, a unidade em Sorocaba da gigante dos cimentos LafargeHolcim está desativada há cinco anos. A multinacional franco-suíça voltou a chamar atenção na cidade após anunciar a saída do Brasil na última quinta-feira (22).

A LafargeHolcim é um grupo global do setor de materiais de construção, com aproximadamente 70 mil funcionários em cerca de 70 países. No Brasil, são hoje cerca de 1,4 mil trabalhadores, com operações de cimento, concreto e agregados, além de área administrativa. O grupo é líder global, e a fusão entre a Lafarge e a Holcim ocorreu em 2014.

A venda das operações locais inclui a área em Sorocaba, que fica próximo à divisa com Iperó, na região do bairro George Oetterer. Antiga Companhia de Cimento Ipanema (Cipan), a planta foi a primeira adquirida pelos suíços da Holcim no Brasil, em 1953, trocando o nome de Ipanema para Cimento Ciminas -- uma das marcas do grupo -- a partir da década de 1980.

O setor de moagem ficou em operação no local até janeiro de 2016, quando a fábrica deixou de operar na cidade, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Sorocaba (Sindisor), que representa a categoria.

Com a desativação das atividades, 18 funcionários foram dispensados, na época. Atualmente, a empresa mantém cinco pessoas trabalhando no local, sendo apenas dois representados pelo Sindisor. Procurada, a assessoria de imprensa da LafargeHolcim afirmou que não iria comentar sobre a situação da fábrica na cidade.

“O sindicato está acompanhando a situação apenas com as notícias, pois, ao nosso ver, não traz prejuízo haja vista que está desativada. Não é uma boa notícia, pois tínhamos esperança que de uma hora para outra poderia reativar a produção em Sorocaba”, avalia o presidente do Sindisor, Vitorino Gabriel.

Apesar de a produção estar desativada há cinco anos, o cadastro da empresa ainda se encontra ativo, segundo informou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), da Prefeitura de Sorocaba.

A Sedettur disse que não foi procurada pela empresa, mas que está “à disposição” para tratar sobre o assunto. “Recebemos a notícia pela imprensa e lamentamos qualquer tipo de movimento de fechamento de empresas no País”, afirma.

Venda das operações

Segundo o jornal Estado de São Paulo, a venda das operações locais nos planos da LafargeHolcim não foi o primeiro passo da gigante global para reduzir sua exposição ao mercado brasileiro. Em 2015, o grupo franco-suíço vendeu ativos avaliados em cerca de US$ 350 milhões para o grupo irlandês CRH -- o que diminuiu consideravelmente seu porte no Brasil.

À época, o pacote de venda incluiu três fábricas de cimento (Matozinhos e Arcos Jazida, da Lafarge, e Cantagalo, da Holcim), duas estações de moagem (Arcos Cidade e Santa Luzia, da Lafarge) e uma indústria de mistura pronta de cimento (Pouso Alegre, da Holcim). Para concretizar o negócio e evitar problemas com autoridades de concorrência, as gigantes venderam mais de US$ 7 bilhões em ativos em todo o mundo, há cerca de seis anos.

No fim de 2020, a irlandesa CRH vendeu os ativos que antes pertenciam à LafargeHolcim à Companhia Nacional do Cimento (CNC), parceria entre o grupo italiano Buzzi e o brasileiro Brennand. O valor do negócio foi de US$ 218 milhões.

A saída do grupo ocorre num momento em que o mercado de construção civil vive um momento positivo no Brasil. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), a produção do material teve alta de 19% de janeiro a março de 2021, para 15,3 milhões de toneladas, na comparação com igual período do ano anterior. No pré-pandemia, a produção havia sido prejudicada por um período de fortes chuvas. Em março, a alta foi de 34,6% ante 2020, para 5,5 milhões de toneladas.