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Coronavírus

47% das mortes por Covid na rede pública foram em UPHs e UPA

23 de Abril de 2021 às 00:01
Marcel Scinocca [email protected]
Cidade tem quatro unidades de urgência e emergência para Covid.
Cidade tem quatro unidades de urgência e emergência para Covid. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (24/4/2021))

Ao menos 47% do total de mortes da rede pública de saúde de Sorocaba, em função da pandemia do novo coronavírus, ocorreu em unidades de urgência e emergência da cidade. A situação foi registrada no período mais tenso da pandemia, quando o município tinha fila de espera para a UTI Covid, que chegou a 96 pessoas. Os dados estão em um levantamento exclusivo do Cruzeiro do Sul, com informações oficiais coletadas entre os dias 1º de março e 22 de abril. O levantamento aponta ainda que ao menos 3,7% das mortes ocorreram em residências de sorocabanos.

Atualmente, Sorocaba tem quatro unidades de urgência e emergência para Covid, sendo as unidades pré-hospitalares da zona oeste, norte e leste, e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, ativada em abril. De acordo com o levantamento, que utiliza informações divulgadas diariamente pela Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES), foram 754 mortes no período, que compreende 52 dias. Dessas mortes, 508 são da rede pública de saúde da cidade. Nesse período, 241 óbitos foram em unidades de urgência e emergência. Isso equivale a 47,4% do total da rede pública.

Os dados apontam situações com índices maiores. Um exemplo foi o dia 31 de março. Nessa data, das 21 mortes notificadas, 15 foram em unidades de urgência. O índice nesse dia foi de 71%. O maior porcentual, entretanto, ocorreu em 14 de abril. Das 16 mortes, 13 foram nessas condições, ou seja, em unidades de urgência e emergência. O porcentual foi de 81%. Em outras nove datas, o índice ficou acima de 60%, sendo em 8, 11, 12, 18, 23, 25 e 26 de março, e 6 e 7 de abril.

O índice de mortes em unidades de urgência e emergência pode ser ainda maior, já que leva em consideração os óbitos de moradores de Sorocaba ocorridos em outras cidades. No período analisado, a média é de quase 14 mortes por dia. Se comparado com o total de mortes registradas, ou seja, considerando também as mortes em domicílio e na rede privada, o índice de óbitos em unidades de urgência e emergência vai a 32%.

Mortes em domicílio

O levantamento do Cruzeiro do Sul aponta também que 3,7% das mortes ocorreram em residências, ou seja, fora do sistema de saúde e, possivelmente, sem acompanhamento médico. Foram 28 mortes nesse período. O dia mais crítico foi registrado em 7 de abril, quando a cidade recebeu a notificação de 41 mortes. Quase 10% do total -- quatro -- ocorreram em domicílios.

Os dados apontam também que duas mortes foram registradas nos chamados Centro de Estabilização Covid. Os registros ocorreram em 30 de março. Por fim, as informações mostram que as mortes referente à Covid na rede particular de saúde corresponde a 29,7% do total, excluindo as mortes ocorridas em residências. Das 726 mortes, 216 ocorreram na rede privada.

O que diz a Prefeitura

Questionada se essas mortes em unidades de urgência e emergência podem ser de pacientes que aguardavam por vagas em UTI, a prefeitura respondeu que “não há mortes por falta de assistência Covid no município de Sorocaba”.

“Os pacientes que vieram a óbito pela doença em unidades de urgência e emergência estavam sendo integralmente assistidos, de acordo com suas necessidades, seja com respiradores, oxigênio, medicamentos, entre outros recursos necessários”, garante a prefeitura. “Óbito em unidade de urgência e emergência também não significa que o paciente faleceu fora de um leito, uma vez que o município conta com quatro Centros de Estabilização Covid, que possuem leitos Covid clínicos e de suporte ventilatório avançado, além da UPH Zona Leste, que possui 15 leitos de UTI Covid”, acrescenta.

Sobre as mortes em residências, a SES foi questionada se há algum levantamento sobre as circunstâncias, como, por exemplo, se os pacientes haviam sido atendidos em unidades de saúde ou nem procuraram atendimento. “A Secretaria da Saúde orienta que pessoas com sintomas gripais procurem imediatamente a unidade de saúde mais próxima para atendimento médico”, diz.

Outro questionamento foi sobre o índice de mortes na rede pública com relação à privada. No caso, para cada 10 mortes, sete são na rede pública e apenas três na rede particular. “Sobre o índice de mortes na rede pública, ele é proporcional ao público usuário e número de leitos, uma vez que o SUS atende mais pessoas e dispõe de mais leitos que a rede particular”, informa a pasta.

Por fim, a Secretaria de Saúde lembrou que a cidade possui taxa de letalidade de 2,9%, menor entre as cidades do mesmo porte. “A atual gestão ampliou os leitos Covid em mais de 140% e tem feito diversas ações de combate à Covid-19”, conclui. (Marcel Scinocca)