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Laboratórios diminuíram a fabricação por falta de insumos. Além disso, houve reajuste de preços

Está faltando medicamentos nas farmácias

A pandemia de Covid-19 tem causado a falta de medicamentos em farmácias de Sorocaba. Entre a tarde de terça-feira (13) e a amanhã de quarta-feira (14), a reportagem do Cruzeiro do Sul contatou, por telefone, dez drogarias da cidade, nas zonas norte, sul, leste, oeste e industrial. Em quatro delas, há falta de remédios

18 de Abril de 2012 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Estabelecimentos estão sem medicamentos para diabetes, problemas cardíacos, antidepressivos, entre outros.
Estabelecimentos estão sem medicamentos para diabetes, problemas cardíacos, antidepressivos, entre outros. (Crédito: Pedro Henrique Negrão / Arquivo JCS)

 

A pandemia de Covid-19 tem causado a falta de medicamentos em farmácias de Sorocaba. Entre a tarde de terça-feira (13) e a amanhã de quarta-feira (14), a reportagem do Cruzeiro do Sul contatou, por telefone, dez drogarias da cidade, nas zonas norte, sul, leste, oeste e industrial. Em quatro delas, há falta de remédios. Os estabelecimentos estão sem medicamentos para diabetes, problemas cardíacos, antidepressivos, anticoncepcionais, vitaminas e até colírio. Segundo os gerentes e proprietários das farmácias consultadas pelo jornal, a principal causa é a falta de matéria-prima para a produção dos remédios. A crise sanitária prejudicou a importação dos insumos. Sem os componentes necessários, os fabricantes não conseguem entregar os produtos.

Na Drogaria Pioli, na Vila Hortência, as prateleiras não recebem remédios há 40 dias. Os medicamentos Benicar, para o tratamento da hipertensão arterial; o contraceptivo Depo provera injetável; a pomada Proctyl, usada no tratamento de hemorroidas; e o colírio Pred fort. Conforme o proprietário da farmácia, todos eles são de grande procura e estão em falta por um problema na cadeia de produção. “Por causa da pandemia, os laboratórios estão com as atividades suspensas e não fazem as entregas para as distribuidoras. É o isso o que alegam as distribuidoras”, diz.

Na ABM Farma, no bairro Cajuru, também há carência de alguns remédios dessas classes. De acordo com o gerente, o Olmesartan e Valsartana, ambos para tratar hipertensão; as vitaminas C, D, e Zinco, dentre outros, não chegam há meses. Também está em falta outros tipos de remédios. As vitaminas estão em falta desde o início da pandemia, devido ao aumento de mais de 100% na procura. Já os demais não são encontrados desde dezembro de 2020.

Os responsáveis pelas farmácias atribuem o déficit aos impasses de produção enfrentados pelos fabricantes, em razão da carência de insumos. “A gente não consegue comprar, porque o laboratório não consegue produzir, pois não chegam os componentes para (a fabricação dos) produtos”, dizem. O novo reajuste no preços dos remédios, que varia entre 10,08%, 8,44% e 6,79%, em vigor desde 1º de abril, influencia na defasagem, mas não é fator determinante, pontua o gerente. Segundo ele, dias antes do aumentar começar a valer, as distribuidoras retêm as vendas, para repassar os produtos já com os preços atualizados. Essa estratégia ocasiona a falta. Porém, quando os novos valores começam a ser praticados, o cenário é normalizado, explica.

A defasagem eleva a demanda pelos remédios e, consequentemente, os preços sobem. A alta chega a variar entre 20% a 25%, a depender do medicamento. Além desta, o prejuízo ao tratamento de pacientes que dependem dos remédios, especialmente, aqueles de uso contínuo, é outra consequência dessa situação. Principalmente, para quem sofre com problemas de pressão arterial. As pessoas estão tendo dificuldades (para encontrar) alguns medicamentos e estão tendo que substitui-los.

Encontrar alguns medicamentos também tem sido tarefa difícil para Vicente Carlos Rinaldo Júnior, dono da Farma Nova Popular, no Jardim São Guilherme. “Está fora do normal. Está faltando muita medicação”, relata ele. Lá, quem precisar do repositor hormonal Levdoid, utilizado por pacientes com problemas na tireoide; do Dramin em gotas, contra enjoo; do anticoncepcional Allestra 20; do controlador de glicemia Xigduo XR; do antidepressivo Exodus; e do Benicar não vai encontrar. Eles estão em falta há, mais ou menos, sete meses e sequer constam nos catálogos das distribuidoras, afirma Rinaldo Júnior. Ele concorda com o gerente da ABM Farma e pontua que o reajuste contribuiu para esse cenário. Porém, os efeitos da pandemia sobre as importações de matéria-prima, sobretudo, da China e da Índia, dois dos maiores fornecedores de insumos para o Brasil, é o motivo primário. Como exemplo das consequências da crise de importação de componentes, o empresário cita a carência de 40% dos analgésicos desenvolvidos pelo laboratório farmacêutico brasileiro Aché.

Em uma das unidades da Drogaria São Paulo do Parque Campolim, a Addera vitamina D e e Thioctacid, para tratar a diabetes, estão indisponíveis há dois meses.

Diretor da Febrapar diz que faltas são pontuais

Rogério Lopes Júnior diz que farmácias se prepararam. - Divulgação / CRF-SP
Crédito: Divulgação / CRF-SP / Descrição: Rogério Lopes Júnior diz que farmácias se prepararam.

O diretor da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrapar), Rogério Lopes Júnior, afirma que há faltas de medicamentos pontuais na cidade. “São menos de dez tipos que estão tendo dificuldade maior de serem encontradas”, diz.

Lopes Júnior também aponta dificuldades na importação de componentes e na produção dos remédios como causas do cenário atual. Segundo ele, as farmacêuticas chinesas e indianas reduziram a produção. Além disso, os dois países fornecem matérias-primas para diversas outras nações. Com o fluxo menor de atividades, as empresas diminuíram os repasses para cada país. “Todos que dependem da matéria-prima vinda da China e da Índia tiveram algum entrave”, informa.

Ele aponta que o reajuste não teve responsabilidade expressiva no desabastecimento. Segundo ele, os valores sobem sempre no mês de abril. Sabendo da retenção das vendas pelas distribuidoras nesse período, as farmácias estocam, em fevereiro, quantidades suficientes para venda. Desta forma, não há falta.

Outros produtos, como o xarope expectorante Bisolvon, estão em falta no mercado justamente por serem usados no tratamento da Covid-19. De acordo com Lopes Júnior, o aumento da prescrição desse medicamento elevou, automaticamente, a procura. (Vinicius Camargo)

 

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