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Na Sexta-Feira da Paixão, fiéis se reúnem para lembrar crucificação

20 de Abril de 2019 às 07:19

A reprodução das cenas da Via-Sacra emocionou os fiéis - Foto: Emidio Marques

Mais de 500 pessoas acompanham na noite desta sexta-feira (19) a encenação do sofrimento e morte de Jesus Cristo na Catedral Metropolitana de Sorocaba. O espetáculo foi seguido pela tradicional procissão do Senhor Morto, com os fiéis que estavam na Catedral, e que percorreu as ruas São Bento, Miranda Azevedo, Penha e bulevares Barão do Rio Branco e Braguilha, até o retorno à Catedral.

Na rua São Bento, durante a passagem da procissão, o enfermeiro Wilson Giglio, de 63 anos, creditou à fé o fato de a história de Jesus atrair a atenção da humanidade há dois mil anos, ainda que todos conheçam os detalhes e como ela termina. “Toda a nossa fé, todo o ensinamento para o bem, vem da história de Jesus”, disse Giglio. “O que seria de nós se não fosse toda essa fé e todo esse ensinamento?”

Em entrevista, ao comparar a história de Jesus com a sociedade contemporânea, o arcebispo dom Julio Endi Akanime avaliou: “Há muito ódio, muita violência, muita polarização. Jesus não morreu de causas naturais, foi vítima de um processo injusto, uma trama contra ele.” Como forma de enfrentar as dificuldades nesse mundo, o arcebispo propôs o exemplo de Jesus: “Amando e fazendo o bem.”

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Procissão do Senhor Morto percorreu ruas do Centro - Foto: Emidio Marques

A encenação da Via-Sacra no interior da Catedral contou com a participação de dois atores que interpretaram Cristo, os estudantes Gabriel Mrad, de 18 anos, do curso de logística, e Davi de Campos Lima, de 17 anos, do ensino médio. Davi interpretou o Cristo desde as fases da última ceia até à prisão e julgamento, enquanto Gabriel da fase da Via-Sacra e crucificação. Gabriel falou de vários momentos de emoções: “Principalmente quando chicoteiam, a gente sente uma coisa diferente.”

O sistema de som reproduziu, no interior da Catedral, os gritos de Jesus durante a encenação das chicotadas. Os corredores lateral e central foram usados como cenários da Via-Sacra. Outros atores interpretavam os soldados romanos, Maria, a mãe de Jesus, e outros homens e mulheres que acompanharam Jesus até a crucificação, segundo os relatos bíblicos.

As chicotadas, sincronizadas com os gritos de dor, emocionaram os fiéis ao ponto de quem estava presente ter a sensação de uma tristeza coletiva. O silêncio que se impôs entre as mais de 500 pessoas presentes foi um termômetro desse clima.

Cenas emocionaram o público na Vl. Assis

As cenas do sofrimento de Jesus Cristo durante a Via-Sacra são os momentos da Paixão e Morte de Cristo que mais emocionam a dona de casa Rita de Cássia Rozendo Pereira, de 46 anos, e também o aposentado Pedro Pereira, de 67 anos. Em diferentes locais, eles estavam entre o público que acompanhou ontem o espetáculo da Via-Sacra encenado no Parque dos Espanhóis, zona leste de Sorocaba, dentro das celebrações da Sexta-Feira Santa.

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Para Pedro, o “sofrimento” é o ponto de destaque de toda a encenação. Rita sentiu o mesmo efeito: “O sofrimento que Jesus passou por nós, tudo o que ele sofreu por nós, é como se a gente estivesse testemunhando essa historia, é como se a gente estivesse presente.” Além dos adultos, muitas crianças e adolescentes, casais e famílias inteiras acompanharam a encenação.

Até o momento da prisão e julgamento, com as cenas apresentadas num palco montado no parque e reproduzidas num telão, o público foi estimado pela Guarda Civil Municipal (GCM) em 2,5 mil pessoas. Esse público cresceu a partir do momento em que começou a encenação das 12 estações da Via-Sacra pelas ruas da Vila Assis.

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O ator Márcio Fugline interpretou o Cristo. No começo da Via-Sacra, a multidão se aglomerou em torno dele para assistir às cenas em que ele recebeu a cruz e começou a ser chicoteado. No sistema de som, o locutor interpretou o símbolo do peso da cruz: “O peso de todos nós, da minha falta e da tua falta de amor pelo próximo.” O fim da Via-Sacra tinha na programação o encerramento previsto para culminar com a ressurreição, outro destaque do espetáculo.

O evento foi realizado pela Associação de Moradores da Vila Colorau, com apoio da Prefeitura, e teve direção de Alexandro Giovani. A direção artística foi de Mário Pérsico e cerca de 120 pessoas estiveram envolvidas na produção e realização da encenação.

O espetáculo existe há mais de 30 anos em Sorocaba e faz parte do calendário cultural da cidade. Em seu auge, chegou a reunir um público de 25 mil pessoas. Em 2013, ele deixou de ser exibido, retornando em 2018 e sendo assistida por mais de 4,5 mil pessoas.

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