Mulheres ganham espaço no transporte coletivo e nas oficinas
Nadége Cristine, motorista, está realizando o sonho de menina. Crédito da foto: Divulgação
As mulheres vêm ampliando a participação no mercado de trabalho, em diferentes profissões. Não há limite para a capacidade e a força de vontade. No transporte coletivo de Sorocaba, mais três passam a fazer parte do quadro de motoristas. As profissionais vão conduzir ônibus superarticulados que atenderão o corredor Ipanema, do sistema BRT Sorocaba. De acordo a empresa, a ativação do corredor está prevista para o mês de abril.
Trabalham no setor 293 mulheres, sendo 25 motoristas, conforme informou a Prefeitura ao Cruzeiro do Sul. Segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), 30 mulheres trabalham nas sete empresas operadoras que compõem o sistema intermunicipal da região de Sorocaba. Do total, quatro exercem a função de motorista.
Ainda que o número de mulheres na condução seja tímido, a concessionária BRT e o Consórcio de Sorocaba (Consor), buscam aumentar o quadro feminino e orienta que as interessadas invistam na formação profissional. “É comum candidatos que desejam atuar na área, mas quando fazemos contato, não está qualificado. Reforçamos para que as profissionais femininas se preparem. A oportunidade existe, elas só precisam estar prontas”, destaca a concessionária.
As profissionais que vão trabalhar no corredor Ipanema já atuavam no Consor. Agora, elas seguirão na mesma função no BRT. O objetivo é fortalecer as profissionais que já existem no mercado de Sorocaba e também dar oportunidade para novas motoristas, conforme informou a empresa. As profissionais contratadas passam pelo procedimento de qualificação, para o início da operação no corredor Ipanema.
Iranilda Vicente, mecânica; “Provei do que sou capaz. Sou forte!”. Crédito da foto: Divulgação
Para ser tornar uma motorista, é necessário ter habilitação na categoria E, passar por capacitação por meio do curso de Transporte Coletivo de Passageiros e ter experiência na área. Com os requisitos preenchidos, elas são direcionadas para treinamento operacional para aprenderem sobre a tecnologia do sistema, da operação e dos veículos. Por fim, seguem para a prática no trânsito e para a vivência com os passageiros.
Sonho de ser motorista
Nadége Cristine, de 40 anos, sempre admirou a profissão e diz que chegar aonde está é seu “sonho de menina”. Ela trabalha no sistema de transporte há 16 anos e, como motorista, há cinco. “Eu amo o que eu faço. É algo imensurável transportar vidas que são importantes, não só para mim, mas também para outras pessoas. Tem sempre alguém as esperando em suas casas. Sou muito realizada por ser motorista de ônibus”, diz emocionada.
Ela conta que, ainda hoje, as pessoas se surpreendem quando veem uma motorista mulher. Mesmo sendo um setor majoritariamente composto por homens, a motorista conta que o preconceito não é recorrente em seu dia a dia. “Algumas vezes, ouço, de outras mulheres, aquele tipo de comentário ‘é mulher’, ‘tinha que ser mulher’. Mas, graças a Deus, nós somos muito respeitadas.”
Bernardina Pereira (Xuxa): “gosto muito de dirigir. Amo o que faço”. Crédito da foto: Divulgação
O conselho que a profissional dá para as mulheres que querem seguir a mesma carreira, é ter fé e amor em cada detalhe do que fazem. “Primeiramente, acreditem em Deus, acima de tudo, e acreditem em si. Busquem aprimoramento e trabalhem com muita responsabilidade e amor. Eu amo ser motorista de ônibus. Então, que elas possam sentir, através de nós, esse mesmo amor e consigam realizar esse sonho”, finaliza.
Bernardina Pereira, de 55 anos, também conhecida como Xuxa é motorista há quatro anos. Ela conta que trabalhou em algumas funções dentro da empresa até se tornar manobristas e, finalmente, chegar a sua realização de ser motorista.
“No começo, eu administrava a preocupação, porque sempre estava alerta aos cuidados com o passageiro e o trânsito. Mas, com a experiência vamos acostumando e hoje tudo é tranquilo. Me sinto realizada na minha profissão. É um trabalho que eu amo fazer, porque gosto muito de dirigir” diz a motorista. Como dica para outras mulheres, Xuxa deixa um recado: “lutem e tenham fé. Um dia vocês chegam lá!”
Gilvânia Silva, eletricista: “Se tiver paciência e se esforçar, dá certo”. Crédito da foto: Divulgação
Mulheres nos bastidores
Além das motoristas, outras profissionais são responsáveis pela qualidade do transporte público da cidade. Iranilda Vicente, de 57 anos, é mecânica especializada em pneumática há 20 anos. A mecânica diz que, no começo, se deparou com os obstáculos do machismo.
“Os outros mecânicos da época eram machistas e achavam que mulher tinha que estar no fogão, em casa. Tive sorte e encontrei um colega muito parceiro, que me ensinou. Aos poucos, fui aprendendo e, com muita raça, mostrando serviço. Ganhei respeito da turma. Provei do que sou capaz. Sou forte!”, conta Iranilda.
Eletricista há dois anos, Gilvânia Silva, de 44, diz que aprende algo novo, na profissão, todos os dias. Ela encara os empecilhos do dia a dia como incentivo para melhorar. As dicas de Gilvânia para as mulheres que querem, assim como ela, seguir no setor de elétrica, são esforço e paciência. “Para as mulheres que querem trabalhar como eletricista, diria que corram atrás. No começo é difícil, mas se tiver paciência e se esforçar, dá certo.” (Wilma Antunes, programa de estágio - supervisão: Aldo Fogaça)
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