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MP questiona abandono de pás eólicas em Sorocaba

14 de Setembro de 2018 às 07:22
Marcel Scinocca [email protected]

MP questiona abandono de pás eólicas A Comissão de Meio Ambiente, da Câmara Municipal, pediu esclarecimentos sobre “cemitério de pás”. Crédito da foto: Erick Pinheiro

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) vai abrir um inquérito para investigar o abandono de pás eólicas no Distrito Industrial de Sorocaba. A informação é do promotor Jorge Alberto Marum, que atua na área do meio ambiente. A Comissão de Meio Ambiente, da Câmara de Sorocaba, também pediu esclarecimentos a vários órgãos sobre o tema. O abandono dos materiais foi tema de reportagem do Cruzeiro do Sul nesta quinta-feira (13).

MP questiona abandono de pás eólicas Jorge Marum abrirá inquérito. Foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (16/6/2016)

De acordo com Marum, o procedimento investigatório será instaurado em função do conteúdo da reportagem. Também houve reação no Legislativo Sorocabano. Na manhã de ontem, a Comissão de Meio Ambiente da Casa apresentou um requerimento. O documento foi assinado pelo vereador João Donizeti Silvestre (PSDB), presidente da comissão, e acompanhado pelos demais membros.

No requerimento, há a determinação para que seja oficiado o prefeito José Crespo (DEM), o Ministério Público, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN). Em determinado trecho do texto, o fato é tratado como tragédia ambiental.

Conforme Donizeti, a ideia é chamar universidades da região com conhecimento técnico sobre a questão. Esse assunto deve tratado hoje na Câmara. O mais rápido possível, conforme o vereador, uma visita deverá ser feita ao local.

“É uma denúncia muito séria e que envolve o manancial. É uma área que foi meio que congelada pelo Plano Diretor em função de nascentes e cursos de água. Precisamos entender se está havendo algum tipo de contaminação”, afirma.

MP questiona abandono de pás eólicas Donizeti preside comissão. Foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (26/10/2017)

O vereador também ressaltou que é preciso valorizar todas as empresas que atuam em Sorocaba e que geram arrecadação e emprego, mas que as atividades precisar passar por um acompanhamento mais rigoroso para evitar passivos ambientais.

“A Secretaria de Meio Ambiente tem que ter uma função fiscalizadora. Isso é uma obrigação, inclusive”, considera Donizeti. “Como envolve área de abastecimento da Zona Industrial, temos que tratar essa questão como muito cuidado e acompanhamento técnico”, segundo o vereador.

A vereadora Iara Bernardi (PT), integrante da Comissão de Meio Ambiente, também se posicionou sobre o depósito de pás eólicas. “É preocupante a denúncia sobre o abandono desse material, em flagrante desrespeito ao meio ambiente e às normas de segurança. Sabemos que as pás possuem fibra de vidro, resina epóxi e poliuretano, elevando a possibilidade de contaminação por partículas”, afirma.

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“Devemos levar em consideração que os locais de descarte ou abandono são pontos próximos a nascentes e córregos. A Cetesb deve dar um parecer com urgência, bem como a Sema [Secretaria do Meio Ambiente]. Os produtos estão em decomposição e podem representar riscos sérios à saúde. É inadmissível que isso ocorra sob os olhos complacentes das autoridades ambientais. Estamos exigindo informações e medidas urgentes”, acrescentou a vereadora sobre as medidas adotadas pela comissão.

Sobre o problema

A estimativa é que restaram nos terrenos quantidades que ultrapassam 1.300 toneladas. Foto: Erick Pinheiro

As pás eólicas mostradas na reportagem estão em áreas que foram usadas pela empresa Tecsis. A estimativa é que restaram nos terrenos quantidades que ultrapassam 1.300 toneladas, isso considerando que as pás possuem 13 toneladas cada uma.

Os materiais estão em pelo menos três locais e parte já se decompondo. A Tecsis afirmou que há dois tipos de processos para a retirada dos itens, um deles pode durar até um ano e meio. A empresa disse que vai retirar as pás, mas não definiu prazo. 

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