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MP obriga Prefeitura de Sorocaba a fazer concurso na saúde

02 de Dezembro de 2020 às 12:34
Jomar Bellini [email protected]

Sorocaba testará moradores por amostragem em UBSs Déficit de profissionais na saúde pública em Sorocaba chega a 391 trabalhadores, segundo MP. Crédito da foto: Vinícius Fonseca / Arquivo JCS (21/5/2020)

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) conseguiu uma liminar obrigando a Prefeitura de Sorocaba a realizar um concurso público para resolver o problema da falta de profissionais na rede pública de saúde. Na decisão do último dia 24 de novembro, a Justiça deu o prazo de 60 dias para que o Executivo abra o certame prevendo a contratação de 391 profissionais. A Prefeitura ainda não se manifestou sobre a decisão.

De acordo com a petição inicial do MP, deverão ser contratados 42 médicos ginecologistas, 22 médicos pediatras, 38 médicos clínicos gerais, 21 enfermeiros, 98 técnicos ou auxiliares de enfermagem, 25 auxiliares de administração e 145 agentes comunitários de saúde.

O número corresponde ao déficit de profissionais no quadro funcional apontado pela própria Secretária de Saúde da Prefeitura em documentos enviados para a promotoria. "Não se tratava de pedido de abertura de novos cargos, mas sim de mero preenchimento das vagas já existentes", afirma a promotora Cristina Palma no processo.

A mesma decisão obriga o município a, em 30 dias, disponibilizar todas as vagas solicitadas para exames e consultas com médico ginecologista especialista em gravidez de risco às gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) que aguardam atendimento junto ao Programa Pré-Natal de Risco.

A liminar determina também a manutenção do número adequado e suficiente de profissionais nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outros estabelecimentos de saúde do município, com o respectivo planejamento, estudo e levantamento estatístico e orçamentário.

Fila de espera na saúde

Ajuizada pela promotora Cristina Palma, a ação teve início após representação endereçada ao MP-SP apontar a deficiência na prestação do serviço de saúde às gestantes de alto risco no município de Sorocaba.

"Tal situação, indiscutivelmente, viola o direito à vida e à saúde não só das gestantes usuárias do SUS, mas também dos nascituros, deixando-os desassistidos e à mercê da própria sorte, na medida em que não lhes é fornecido o acompanhamento adequado para o seu saudável desenvolvimento", diz a promotora na petição inicial.

O documento do MP aponta que 361 gestantes aguardavam para ingressar no Programa de Pré-Natal de Risco em junho de 2019.  Já em março de 2020, a Secretaria de Saúde informou a promotoria sobre a existência de uma fila de 387 mulheres a espera de consulta no programa. Para Cristina, o fato revela "que as medidas adotadas pela

administração não foram suficientes para solucionar a desassistência nesta especialidade de saúde".

Prefeitura

A Prefeitura de Sorocaba foi procurada na manhã desta quarta-feira (2) para comentar a liminar, mas não respondeu os questionamentos do jornal Cruzeiro do Sul até a publicação desta reportagem.

Durante a sessão na Câmara de Vereadores, o prefeito eleito Rodrigo Manga (Republicanos) afirmou que ainda não teve acesso a decisão para comentar os detalhes do caso, mas que deve se reunir com a equipe jurídica para estudar o assunto. "Decisão judicial tem que se cumprir, mas primeiro vamos avaliar todo o conteúdo do processo", disse.

Investigação

Após investigação iniciada em 2019, o Ministério Público em Sorocaba já havia entrado na Justiça, em agosto deste ano, pedindo para que a Prefeitura de Sorocaba resolva a demora no atendimento odontológico — que estaria em até dois anos. Justiça determinou prazo de 60 dias para que o problema seja sanado. A promotora que assina a ação civil também é Cristina Palma. O caso foi tema de duas matérias exclusivas do jornal Cruzeiro do Sul.

Em setembro, os problemas da saúde motivaram a abertura de inquérito para apurar eventual deficiência do serviço de público prestado nas UBSs do município, com a possível negativa de atendimento na rede durante a pandemia de Covid-19. A situação, conforme citou a promotoria, estaria ocasionando o represamento de demanda, ou seja, o acúmulo de exames e consultas na rede. (Jomar Bellini)