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Morador de Sydney tranquiliza parentes de Votorantim sobre incêndios na Austrália

04 de Janeiro de 2020 às 20:12

Morador de Sydney tranquiliza parentes de Votorantim sobre incêndios na Austrália Liderson Ricardo Martins mora em Sydney há cinco anos. Crédito da foto: Cortesia

O vendedor Liderson Ricardo Martins, 35 anos, mora em Sydney há cinco anos. Segundo ele, a devastação provocada pelo fogo tem amedrontado até mesmo os australianos. “Eu nunca vi nada igual”.

Martins nasceu em Taquarituba, interior de São Paulo, e possui familiares em Votorantim. Mora no bairro Laichhardt, situado a 20 minutos do centro de Sydney, e conta que o fogo ainda não atingiu a cidade.

Apesar de o incêndio estar distante, as consequências dele são vistas e sentidas pelos moradores de Sydney. “Durante alguns dias a fumaça cobriu tudo, até a ‘Opera House’. Não conseguia nem dirigir”, conta.

O paulista trabalha como vendedor de uma loja de departamentos. De acordo com ele, um dos produtos mais vendidos atualmente são os purificadores de ar. “A procura é grande. Tem gente, de cidades afetadas pelos incêndios, que não conseguem respirar”, conta.

Neste sábado (4), Martins não trabalhou. Era dia de folga. Devido às más condições do tempo, o governo da Austrália pediu para a população evitar sair de casa. “Foi o dia mais quente, fez uns 40 graus”, diz.

Devido à fumaça provocada pelos incêndios, Martins conta que máscaras estão em falta. “A poluição está em um nível muito alto e há também falta de medicamento específico para doenças respiratórias.”

Incêndios expulsam milhares de pessoas de suas casas na Austrália O céu ficou vermelho de fumaça do incêndio no Vale Nevado, nos arredores de Cooma. Crédito da foto: Saeed Khan / AFP (4/1/2019)

Milhares de pessoas deixam casas

O céu escureceu e choveu cinzas neste sábado (4) no sudeste da Austrália. A região tem sido devorada por incêndios violentos que expulsaram dezenas de milhares de pessoas de suas casas. O fogo também ameaça cidades como Sidney com cortes de energia elétrica.

Neste sábado (4) foram registradas novas temperaturas acima de 40°C. Ventos fortes também inflamam os centenas de incêndios florestais que devoram o país há quatro meses. A maioria deles está fora de controle.

A primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, alertou que as piores hipóteses previstas para este sábado “estão sendo cumpridas”. “Esses ventos fortes e as altas temperaturas” devem continuar pela noite, afirmou o chefe dos Bombeiros do estado, Shane Fitzsimmons.

As autoridades alertaram que pode haver cortes no fornecimento de energia na maior cidade da Austrália, pois o incêndio destruiu as linhas de transmissão. Por isso, pediram aos habitantes que reduzissem o consumo energético.

No sudeste do país, a região mais populosa, foi declarado estado de emergência. Na sexta-feira (3) foi dada a ordem de evacuar mais de 100 mil pessoas de três estados.

Três mil reservistas militares

“Vimos literalmente dezenas de milhares de pessoas partirem”, contou o chefe dos bombeiros Shane Fitzsimmons. Os turistas e habitantes do sudeste do país já se foram. Há engarrafamentos nas rodovias que conectam as cidades costeiras a Sydney e outras cidades importantes.

O primeiro-ministro, Scott Morrison, convocou 3 mil reservistas militares neste sábado para uma mobilização sem precedentes. “Permite ter mais homens na terra, mais aviões no céu, mais navios no mar”, declarou Morrison, muito criticado pela maneira como está lidando com essa crise.

No entanto, o primeiro-ministro voltou a se envolver em uma polêmica depois que seu Partido Liberal divulgou um vídeo anunciando essas medidas. Várias associações acusaram o líder de usar essa tragédia para fins políticos.

Um helicóptero deixa cair água em um incêndio florestal em Batemans Bay. Crédito da foto: Peter Parks / AFP (4/1/2020)

‘Um campo de refugiados’

Em Batermans Bay, uma cidade turística normalmente cheia de atividades, os supermercados, lojas e pubs estão fechados. Uma calmaria estranha e preocupante reinou neste sábado na cidade, envolta na fumaça dos fogos ao redor.

O único sinal de vida é o abrigo para evacuados, onde centenas de moradores obrigados a deixar suas casas encontraram acolhimento em tendas e caravanas, instaladas em um terreno da cidade. Parece “um campo de refugiados”, afirmou uma moradora, que está lá com seu marido.

Ao menos 23 mortos

Desde o início da temporada de incêndios em setembro, pelo menos 23 pessoas morreram, segundo o primeiro-ministro. Outras dezenas estão desaparecidas e mais de 1.300 casas foram reduzidas a cinzas. Foi queimada uma área equivalente ao dobro da Bélgica.

Os incêndios também foram mortais para a vida selvagem e destruíram quase todo o Parque Nacional Flinders Chase, na Ilha Kangaroo, que abriga cangurus e coalas, informaram autoridades. Na pequena cidade de Mallacoota, a marinha australiana evacuou na sexta-feira mil habitantes e turistas cercados por chamas.

O primeiro dos dois navios fretados para resgatá-los chegou perto de Melbourne nesta manhã de sábado. Eloise Givney, 26, conseguiu escapar sob escolta policial depois de passar quatro dias sem eletricidade, telefone ou internet. “As chamas se aproximaram até 50 metros de nós. Tivemos que nos conduzir entre elas porque era a única saída”, contou à AFP. (Da Redação e AFP)

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