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Morador de Sorocaba morre em decorrência de febre hemorrágica

21 de Janeiro de 2020 às 08:40

Paciente teve último atendimento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Crédito da foto: Reprodução / Google Street View

O Ministério da Saúde confirmou a morte de um morador de Sorocaba em decorrência de febre hemorrágica brasileira. Esse é o primeiro caso da doença em todo o Brasil em mais de 20 anos, já que o último registro ocorreu em 1999. A informação foi divulgada na noite desta segunda-feira (20).

Segundo o boletim epidemiológico, o homem começou a apresentar os sintomas no dia 30 de dezembro e morreu no dia 11 de janeiro. Nesse período, foi atendido em ao menos três hospitais em Eldorado, Pariquera-Açu e São Paulo, sendo o último o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Não houve histórico de viagem internacional.

+ Atualização: o paciente era morador da Vila Carvalho e a SES acredita que a contaminação não ocorreu em Sorocaba

Conforme o Ministério, foram realizados exames para identificação de doenças como febre amarela, hepatites virais, leptospirose, dengue e zika, mas os resultados foram negativos.

Foram realizados exames complementares no Laboratório de Técnicas Especiais do Hospital Albert Einstein que identificou o arenavírus, causador da febre hemorrágica brasileira. Esse resultado foi confirmado pelo Laboratório de Investigação Médica do Instituto de Medicina Tropical do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Instituto Adolfo Lutz.

O Ministério da Saúde comunicou o fato à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), conforme protocolos internacionais estabelecidos.

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A doença

A febre hemorrágica brasileira é uma doença rara e de alta taxa de letalidade causada pelo arenavírus. O que se sabe é que as pessoas contraem a doença possivelmente por meio da inalação de partículas formadas a partir da urina, fezes e saliva de roedores infectados.

A transmissão dos arenavírus de pessoa a pessoa pode ocorrer quando há contato muito próximo e prolongado ou em ambientes hospitalares, quando não utilizados equipamentos de proteção, por meio de contato com sangue, urina, fezes, saliva, vômito, sêmen e outras secreções ou excreções.

O período de incubação da doença é longo (em média de 7 a 21 dias) e se inicia com febre, mal-estar, dores musculares, manchas vermelhas no corpo, dor de garganta, no estômago e atrás dos olhos, dor de cabeça, tonturas, sensibilidade à luz, constipação e sangramento de mucosas, como boca e nariz. Com a evolução da doença pode haver comprometimento neurológico (sonolência, confusão mental, alteração de comportamento e convulsão).

Último caso

O último relato de caso de febre hemorrágica brasileira foi há mais de 20 anos. Nesse período, foram quatro casos em humanos, sendo três casos adquiridos em ambiente silvestre no estado de São Paulo e um por infecção em ambiente laboratorial, no Pará.

Situação atual

De acordo com o Ministério da Saúde, a origem da contaminação do paciente ainda não foi confirmada. Os funcionários dos hospitais por onde o paciente passou estão sendo monitorados, e avaliados, assim como os familiares do caso confirmado em São Paulo.

Medidas

Nesta segunda-feira (20), o Ministério da Saúde convocou reunião com representantes de todas as partes envolvidas no caso: Secretaria de São Paulo, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Hospital Israelita Albert Einstein e os Conselhos Nacional e Estaduais de Saúde (Conass e Conasems).

O objetivo da reunião foi verificar o atual cenário e as ações de busca e monitoramento das pessoas que tiveram contato direto com o paciente.

O Ministério da Saúde informou que também ofereceu apoio a Secretaria de Saúde de São Paulo, com o envio de equipe de técnicos, para realizar a busca ativa de pessoas que tiveram contato com o paciente e para a investigação ambiental.