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Médico morto em São Paulo foi ouvido na CPI do Cies Global em Sorocaba

12 de Novembro de 2018 às 21:50

Morto em um assalto, o "Dr. Roberto", como era chamado, criou instalações móveis de atendimento gratuito à população em situação de vulnerabilidade. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (28/8/2018)

O médico Roberto Kunimassa Kikawa, de 48 anos, criador do projeto Carretas da Saúde, foi morto em um assalto na região do Ipiranga, zona sul de São Paulo, na noite deste sábado (10). Segundo investigadores, a principal suspeita é de que a vítima foi confundida com um policial pelos assaltantes. A Polícia Civil tenta identificar os autores do homicídio. Em 28 de agosto deste ano, Kikawa esteve em Sorocaba para depor na Câmara de Vereadores.

Na função de executivo do Centro de Integração de Educação e Saúde (Cies Global), ele prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no contrato entre a Prefeitura e a empresa. A CPI da Cies Global prosseguiu em setembro, na Câmara de Sorocaba, com mais três oitivas. Nelas, Kikawa não esteve presente.

O crime

Neste fim de semana, Kikawa havia saído para jantar em uma pizzaria de Moema, também na zona sul, com a secretária e a filha dela, uma jovem de 17 anos. Ao deixá-las em casa, o médico parou na frente do condomínio, que fica na rua do Manifesto, uma via arborizada e com pouca iluminação. Passavam das 23 horas.

O trio ficou conversando por cerca de 20 minutos dentro do carro: ninguém viu o momento em que dois homens armados apareceram, segundo relatou na delegacia. Tudo teria acontecido em poucos minutos. “Você é parça? Você é polícia?”, perguntou um dos criminosos. Nervoso, o outro disse na sequência: “Atira nele! Atira nele!”.

A vítima não teve tempo de desafivelar o cinto: o primeiro disparo pegou na cintura. Na fuga, os bandidos ainda puxaram o gatilho mais uma vez: a bala atravessou o para-brisa e acertou Kikawa na altura da axila. Quando o resgate chegou, o médico já estava sem vida -- a suspeita é que o tiro tenha atingido a femoral, por onde corre grande fluxo de sangue e provoca morte em menos de três minutos. Os assaltantes fugiram sem levar nada

Uma das hipóteses é de que o médico foi confundido e morto por retaliação. Há cerca de duas semanas, um investigador do Departamento de Investigações Criminais (Deic) interveio em um assalto que estava acontecendo na região e trocou tiro com dois bandidos. Um dos suspeitos foi alvejado e acabou preso. O outro morreu no local.

Na ocasião, o policial de folga estava em seu carro particular, uma SUV branca. Por sua vez, o veículo do médico era um Jeep Compassa, também de médio porte e da mesma cor -- motivo pelo qual a polícia suspeita que os casos podem estar relacionados. O inquérito da primeira ocorrência corre no próprio Deic.

A Polícia Civil, no entanto, também avalia a possibilidade de ter sido um latrocínio comum. “Nenhum hipótese está descartada”, disse o delegado Wilson Zampieri, titular do 17.º Distrito Policial (Ipiranga), responsável pela investigação do latrocínio

Investigação

Aos policiais, a secretária declarou que trabalhava para o médico há mais de 20 anos e que ele não tinha inimigos e nem havia sofrido ameaças. Ela não conseguiu descrever os assaltantes. Segundo as investigações, Kikawa tinha uma casa nos Estados Unidos, onde morava, mas passava cerca de 15 dias por mês em São Paulo por causa da mãe. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)

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