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Médico de Sorocaba fala da recuperação após contrair covid-19

15 de Abril de 2020 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]

Médico contraiu doença e se recuperou O pediatra Francisco Coutinho ficou 10 dias internado. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Um médico pediatra, de 58 anos, é um dos casos confirmados do novo coronavírus em Sorocaba que já está curado.

Francisco Coutinho de Oliveira teve alta do Hospital Unimed Dr. Miguel Soeiro no último dia 31 de março, depois de ficar 10 dias internado, em isolamento, no hospital.

Ele viajou de férias com alguns amigos para os Estados Unidos no mês passado e acredita que foi infectado pelo novo coronavírus na cidade de Nova York, onde os casos da Covid-19 já estavam aumentando. “Ou então no próprio avião, na volta, que estava lotado”, afirma.

O médico retornou ao Brasil no dia 18 de março e dois dias depois foi internado com sintomas de febre, dor de garganta e moleza no corpo. O exame de confirmação foi feito no próprio hospital e o resultado deu positivo. Além disso, uma tomografia também comprovou o comprometimento de seus pulmões e um quadro de pneumonia. “Não senti muita falta de ar, mas fiquei dois dias no oxigênio e não precisei ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, diz.

Ao saber do resultado positivo para Covid-19, Francisco afirma que ficou preocupado, temendo que seu quadro pudesse se agravar. “Mesmo eu sendo médico e tendo um certo conhecimento, quando acontece com você, dá uma certa preocupação”.

No hospital, ele ficou todo tempo de internação isolado em um quarto -- onde a única distração era olhar pelo vidro de uma janela. “Ficar sozinho por horas seguidas é difícil. Tinha receio de que meu quadro piorasse e fosse necessário eu ser entubado. Nessa hora passa um monte de coisas na sua cabeça. Se eu fosse entubado será que acordaria?”, questiona.

O pediatra acredita que sua recuperação do novo coronavírus ocorreu por conta da medicação que recebeu, inclusive a cloroquina e azitromicina. Ele afirma que pediu ao médico para ser medicado e que assinou um termo de responsabilidade. “Eu quis sim tomar a cloroquina, e acredito que isso ajudou bastante na minha rápida recuperação. Dos dias após a medicação, eu já estava melhor”, aponta.

Ele possui diabetes tipo 2 e, portanto, é considerado do grupo de risco. Por conta disso, acredita que poderia ter complicações mais sérias por conta do novo coronavírus. Assim, decidiu tomar a cloroquina.

Recuperação

Depois de cerca de 10 dias de internação, Francisco recebeu alta e foi para casa, onde permaneceu isolado por mais 14 dias, até ontem. Agora ele só pensa em retomar sua vida normalmente. “Sou médico, atendo crianças na UTI no hospital e a morte é algo que eu lido diariamente por conta da minha profissão. A gente sabe que a profissão é de risco, mas faz parte da vida -- e a vida precisa continuar”, afirma.

O médico disse ainda que quando viajou para os EUA não imaginou que pudesse contrair o novo coronavírus e caso fosse infectado pensou que seria algo mais leve. “Achei que se eu pegasse seria algo como uma gripe, mas realmente eu tive que ficar internado”, diz.

Francisco afirma ainda que no momento o isolamento é a única maneira de se evitar a contaminação pelo novo coronavírus, pois já é caso de transmissão comunitária. “A gente precisa tomar os cuidados necessários principalmente para evitar contaminar outras pessoas e principalmente aquelas que pertencem ao grupo de risco”, aponta. (Ana Cláudia Martins)