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Máscara caseira de tecido é uma proteção alternativa

03 de Abril de 2020 às 00:01

Máscara caseira de pano como proteção alternativa A cabeleireira Adriana confecciona máscaras com três camadas de tecido e forro. Crédito da foto: Divulgação

Um dos primeiros itens de proteção que entraram na lista de quem quer evitar o contágio da Covid-19, a máscara cirúrgica descartável praticamente sumiu das prateleiras de farmácias e supermercados de todo o país -- e os que ainda estão disponíveis tiveram aumento de preço significativo.

O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, traçou um cenário de extrema dificuldade para aquisição de insumos básicos de proteção contra o novo coronavírus e recomendou à população que pare de comprar máscaras descartáveis e faça a própria peça de proteção, com pano e elástico. No final de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informava que o uso de máscaras artesanais de tecido não era recomendado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), devem utilizar a máscara profissionais de saúde, cuidadores de idosos, mães em fase de amamentação e pessoas diagnosticadas com a doença. Mas, no Brasil, o avanço da epidemia já leva o governo a recomendar o uso de máscaras feitas em casa, como as de pano.

Na última quarta-feira (1º), Mandetta sugeriu que a população faça a própria máscara e pare de buscar esse tipo de produto. “Quem fez estocagem domiciliar (de máscaras)... é na unidade de saúde que tem de ter. Acho que máscaras de pano para os comunitários (população) funcionam muito bem como barreira. Não é caro de fazer, faz você mesmo e lava com água sanitária”, disse o ministro.

A médica infectologista Marina Rocha Campelo Jabur, que atende no Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), pondera que a Anvisa, enquanto autoridade sanitária, não libera o uso de máscaras caseiras para profissionais de saúde, que estão cuidando de pacientes com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, mas comenta que, conforme a fala do ministro, o equipamento pode ser “uma barreira física” que ajuda a diminuir contágio da população em geral que, em casos extremos, precisa sair de casa.

“A máscara feita de tecidos, caseira, tem trama muito aberta e o vírus passa por ali. Mas não deixa de ser uma barreira física, principalmente na questão de impedir com que leve as mãos à boca e ao nariz. É uma medida eficaz? Não se tem estudos. Mas na ausência de nenhum equipamento, o caseiro é uma opção para quem está em casa e vai sair na rua fazer algo que seja muito necessário”, afirma.

Até o momento, nem Ministério da Saúde nem a Anvisa divulgaram resoluções que orientem como devem ser feitas as máscaras artesanais, bem como quais são os materiais mais indicados. A cabeleireira e artesã Adriana Bauer aproveitou suas habilidades de patchwork e a disponibilidade de tempo devido ao baixo movimento no salão (só atende uma pessoa por vez, com horários agendados) para confeccionar máscaras de tecido laváveis.

Ela comenta que o escolheu o modelo por meio de vídeo na Internet. “As máscaras que confecciono são de tricoline, tecido de algodão. São com três camadas de tecido, sendo, ainda, uma camada de forro, para usar ainda mais uma proteção entre as camadas”, detalha.

Cada máscara, segundo ela, leva cerca de uma hora para ser confeccionada e pode ser personalizada, de acordo com o gosto do cliente, como cor e até motivos da estampa. Adriana detalha que começou a fazer as máscaras somente para proteger a própria família no início da pandemia do novo coronavírus, mas, diante da escassez do equipamento industrializados, passou a vender para outros interessados, sob encomenda. “Quando comecei a fazer as máscaras, sempre o intuito foi a verdadeira proteção, mesmo. Não o lucro, nem o número de vendas”, afirma.

Segundo Adriana, atualmente cada unidade está saindo por R$ 20. Ela conta que o preço já foi mais em conta, mas precisou ser reajustado depois que alguns materiais, especialmente o elástico, tiveram seu valor triplicado no mercado nas últimas semanas. (Felipe Shikama)