Março é mês de combate à tuberculose
Médica Rosana Castro alerta que a doença é ligada à imunidade. Crédito da foto: Fábio Rogério (11/3/2021)
Em 1982, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu o dia 24 de março como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose -- uma data para alertar sobre essa infecção altamente transmissível e que está entre as dez principais causas de morte no mundo. Em Sorocaba, a programação começa na segunda-feira (15) em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nas unidades de urgência e emergência (UPHs, PAs e UPA) e no Serviço de Atendimento Municipal Especializado (Same).
“Um paciente com tuberculose não tratada pode transmitir para 10 a 15 pessoas no ano, por isso é importante fazer campanhas sobre esse assunto nas unidades de saúde e também dentro de presídios”, explica a médica pneumologista e tisiologista Rosana Aparecida Pupo de Castro, que atua junto com a equipe do Programa Municipal de Controle da Tuberculose da Policlínica.
Causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch, a doença é um sério problema de saúde pública. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que a cada ano são notificados pelo menos 70 mil novos casos. Apenas em 2019, cerca de 4 mil brasileiros perderam a vida por conta da doença.
Em Sorocaba, 174 novos casos da doença foram registrados no ano de 2019, segundo os dados divulgados pela Secretaria de Saúde (SES). Já em 2020, a cidade registrou 160 diagnósticos positivos de tuberculose, uma redução de cerca de 8%. No Estado de São Paulo, essa queda foi de 11,3%.
Nos primeiros meses de 2021, o município registrou 23 casos da doença, número considerado baixo pela Secretaria de Saúde. “Existe uma preocupação com essa redução no Estado -- e Sorocaba não é diferente -- porque muito provavelmente isto está ligado a uma falta de diagnósticos e não a uma diminuição no número de casos”, avalia Rosana ao reforçar a necessidade de se procurar atendimento médico.
A tuberculose pulmonar é a mais comum em todo o mundo, representando cerca de 90% dos casos. Destes, 60% são bacilíferos, principal fonte de disseminação da doença.
Entre os sintomas, o principal é a tosse persistente, com ou sem catarro. Mas, é preciso reparar no emagrecimento sem causa aparente, na febre baixa no final do dia e no suor excessivo durante a noite. Também pode haver cansaço intenso e a falta de vontade para atividades cotidianas.
No Brasil, tanto o diagnóstico quanto o tratamento da tuberculose estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Além do paciente, a equipe da Policlínica em Sorocaba também faz uma busca ativa entre os familiares e pessoas que possuem um contato mais próximo com o paciente com o objetivo de detectar novos casos.
“Após os primeiros dias de tratamento, a pessoa começa a se sentir bem. De cada 10 pacientes, um acaba deixando de fazer o uso dos medicamentos, mesmo sem estar curado. Isso é um risco e uma preocupação para os médicos porque a pessoa pode continuar transmitindo o vírus e ainda corre o risco de desenvolver a resistência ao medicamento, prejudicando o tratamento”, explica a pneumologista.
Para evitar a doença, a especialista orienta que as pessoas devem ter uma vida ativa, com prática regular de exercícios e alimentação balanceada, pois a tuberculose a é intimamente ligada à imunidade.
Rosana reforça ainda a importância das políticas públicas com foco também na busca ativa de pessoas sintomáticas em populações que vivem dentro de presídios ou em situação de rua. “É uma doença que afeta todas as classes sociais, situações econômicas e idades. Mas pesquisas apontam que as pessoas em situação de rua possuem 56 vezes mais chances de contraírem a tuberculose”, ressalta. (Jomar Bellini)